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18/01/2007 - 09h57

Inclusão da Bolívia opõe Brasil e Argentina

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ELIANE CANTANHÊDE
CLÁUDIA DIANNI
enviadas da Folha de S.Paulo ao Rio de Janeiro
RAFAEL GOMIDE
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro

Com a Venezuela ameaçando nacionalizar empresas, a Bolívia enfrentando crises internas e o Equador às vésperas de uma Constituinte para desautorizar o Congresso eleito, começa agitado hoje no Rio o encontro de Cúpula do Mercosul, com um acréscimo: divergências entre os dois sócios estratégicos, Brasil e Argentina, sobre como incluir a Bolívia no bloco e agradar aos dois sócios menores, Uruguai e Paraguai.

Ontem, o chanceler Celso Amorim fez um apelo para que os sócios não sejam mesquinhos. "Acho que temos que ter espírito de generosidade no Mercosul. Se todo mundo ficar olhando só mesquinhamente, se cada interessezinho tiver de ser cumprido...", disse o ministro, que não completou a frase. Em seguida, emendou que não se referia à Argentina, mas falava "de modo geral".

Amorim disse que as conversas sobre a entrada do Equador no bloco ainda são informais, mas voltou a defender a inclusão da Bolívia e disse que é preciso aceitar o pedido do país andino e depois criar um grupo de trabalho para discutir os detalhes. A Argentina defende o contrário: primeiro, o grupo de trabalho; depois, a resposta.

Os negociadores tentam acomodar as exigências da Bolívia, que só entra para o Mercosul se houver solução para o fato de ter tarifas de comércio mais baixas do que o Mercosul. O país não quer adotar a TEC (Tarifa Externa Comum), pois isso levaria a aumento de custos.

País andino a não assinar acordo de comércio com os Estados Unidos, convém à Bolívia estar no bloco --que combina com a ambição brasileira de integrar todo o continente.

O problema é que o governo Lula chegou ao final do primeiro mandato prometendo justamente benefícios especiais para o Uruguai e o Paraguai, fundadores do Mercosul como Brasil e Argentina e que há tempos pedem tratamento especial com relação a TEC e liberdade para fazer acordos comerciais com outros países.

O Brasil oferece reduzir o conteúdo nacional dos produtos dos dois países e antecipar o fim da dupla cobrança da TEC, previsto para ambos em 2009.

CNI e Fiesp

Até ontem, a Argentina apresentava resistências às tentativas de Brasília de esticar o curto cobertor do bloco para agradar a todos. E até mesmo o setor industrial no Brasil está descontente com as intenções da diplomacia brasileira.

Em nota divulgada ontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reclama que o setor industrial não foi consultado para avaliar os impactos dos benefícios que o Brasil ofereceu pode causar ao comércio no bloco e acusa a medida de causar retrocesso no processo de união aduaneira.

E, enquanto a cúpula do Mercosul se reúne no Rio, tendo o venezuelano Hugo Chávez sob holofotes, a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), reúne-se hoje em São Paulo com o novo embaixador do Brasil em Washington, Antônio Patriota. Para a entidade, o mais importante é a relação com os EUA --principal parceiro comercial brasileiro.

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costuma chegar depois e voltar antes nesse tipo de reunião, desta vez fez o oposto: antecipou a chegada, desembarcando ontem mesmo no Rio. Era esperado somente hoje, quando chega Chávez.

Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Silas Rondeau (Minas e Energia) também integram a comitiva brasileira, inclusive para discutir um aspecto fundamental da integração dos países: a infra-estrutura, que engloba energia, estradas, saneamento e linhas aéreas.

A questão boliviana é apenas uma das divergências que vão permear as discussões no Rio hoje e amanhã, pois há conflitos que foram parar em tribunais internacionais.

Exemplos: a denúncia da Argentina contra o Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) por causa dos preços da resina para garrafas PET (de refrigerantes e cervejas, por exemplo) e a denúncia do Uruguai contra a Argentina, no Tribunal de Haia, por conta de obstruções de estradas em protesto pela construção de fábricas de papel na fronteira.

Além disso, Uruguai e Paraguai lutarão na reunião para derrotar a idéia de Brasil e Argentina de eliminar o dólar como moeda das negociações comerciais do bloco, da qual ambos países discordam.

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