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18/01/2007 - 15h43

Lula aproveita encontro do Mercosul para alfinetar Argentina

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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
da Folha de S.Paulo, no Rio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou indiretamente a Argentina nesta quinta-feira durante discurso de abertura de um dos eventos da Cúpula do Mercosul, que começou hoje no Rio. Para Lula, Brasil e Argentina precisam de despojar de seus interesses pessoais em prol do Mercosul.

"Mas os dois maiores [países do Mercosul, Brasil e Argentina] é que têm mais responsabilidade. Nós é que temos que ser mais generosos, nós é que temos que ter maiores compreensões, mas muitas vezes, também, não podemos ser vítimas de que a desgraça daqueles países dependa dos nossos países", disse ele num recado ao presidente da Argentina, Néstor Kirchner.

Entre as divergências do Brasil e da Argentina estão a introdução de medidas que facilitariam as exportações de sócios menores do Mercosul, como Paraguai e Uruguai. O Brasil é a favor de uma maior rapidez em propostas que beneficiem esses dois países para tentar reduzir as assimetrias dentro do bloco. A Argentina, embora não seja contrária, se diz preocupada com a rapidez da implementação de medidas desse tipo. Entre as medidas estaria a eliminação de impostos de exportação cobrados de produtos estrangeiros que entrassem no Mercosul por esses países.

Segundo Lula, a verdadeira integração entre os países do Mercosul passa pelo "despojamento" dos países membros, principalmente dos maiores. "Integração significa, sobretudo, compreensão da diversidade; integração significa, sobretudo, despojamento, ou seja, eu não quero tudo para mim, eu quero para mim apenas aquilo que eu preciso. Uma outra parte daquilo que eu quero tem que ir para outro. E essa compreensão só vem da maturidade, do crescimento da maturidade humana, só vem da evolução da classe política do nosso continente."

Lula também defendeu um maior entendimento entre os países do Mercosul e a aceitação mútua das diferenças de cada um. "A nossa integração só se dará se tiver a nossa disposição política de compreender que somos diferentes, que vivemos em estados e países diferentes, que temos realidades diferentes e que precisamos aceitar o parceiro como ele é, e não tentar fazer o parceiro ser como a gente é, porque aí não dá certo. Eu digo sempre que o importante do casamento é que a gente casa com um diferente. É por isso que ele é maravilhoso."

Bolívia

Além da questão das exportações, Brasil e Argentina têm divergências sobre como incluir a Bolívia no bloco e agradar aos dois sócios menores, Uruguai e Paraguai.

Os negociadores tentam acomodar as exigências da Bolívia, que só entra para o Mercosul se houver solução para o fato de ter tarifas de comércio mais baixas do que o Mercosul. O país não quer adotar a TEC (Tarifa Externa Comum), pois isso levaria a aumento de custos.

Único país andino a não assinar acordo de comércio com os Estados Unidos, convém à Bolívia estar no bloco --que combina com a ambição brasileira de integrar todo o continente.

O problema é que o governo Lula chegou ao final do primeiro mandato prometendo justamente benefícios especiais para o Uruguai e o Paraguai, fundadores do Mercosul como Brasil e Argentina e que há tempos pedem tratamento especial com relação a TEC e liberdade para fazer acordos comerciais com outros países.

O Brasil oferece reduzir o conteúdo nacional dos produtos dos dois países e antecipar o fim da dupla cobrança da TEC, previsto para ambos em 2009.

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