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18/02/2007 - 09h57

Ocorrência de crime "comum" aumenta 12% na Câmara

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ADRIANO CEOLIN
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Mais conhecida pelos escândalos de corrupção e manobras políticas, a Câmara dos Deputados também é usada como local para a prática de uma série de golpes e crimes comuns como furtos, roubos e até a corrupção de menores.

Os casos são registrados e investigados pelo Depol (Departamento de Polícia Legislativa), formado por um efetivo de 256 agentes. Sua principal arma é um circuito interno de TV com 293 câmeras posicionadas em pontos diversos da Casa.

A Folha obteve acesso a trechos de um relatório de atividades do Depol que deverá ser entregue à direção da Câmara após o Carnaval. O documento mostra que, em 2006, foram registradas 603 ocorrências, 63 a mais que em 2005 (aumento de 12%). O relatório classifica 23 tipos de infrações --as mais comuns são extravios e estelionatos.

Entre os estelionatários, há diversos golpistas. Em fevereiro passado, por exemplo, Rômulo Magno Rodrigues foi detido pelo Depol por "vender vagas de trabalho" na Câmara.

O rapaz foi surpreendido no estacionamento da Casa "vendendo vagas para a função de brigadista". Segundo relatório específico do caso, Rodrigues cobrava entre R$ 300 e R$ 1.000 das vítimas. Ele teria dito a agentes do Depol "que não tem idéia de quanto já recebeu" e que "através de sua lábia as pessoas acreditavam". Até deputados acabam sendo vítimas.

Em outubro de 2005, Josevan Martins da Silva, 33, apresentou-se ao então deputado Marcos de Jesus (PFL-PE) como vereador pernambucano. Dizendo-se correligionário dele no Estado, Josevan convenceu Marcos a lhe dar quantias entre "R$ 150 e R$ 220". Descobriu-se depois que Josevan mora em Samambaia (DF).

Telefonemas

Outros casos aplicados contra deputados são ameaças por telefone. Em 2006, o Depol recebeu várias ocorrências sobre uma pessoa que se identifica como "Dr. Maurício" antes de pedir dinheiro.

Com o auxílio da Polícia Federal e da Polícia Civil, descobriu-se que as ligações de "Dr. Maurício" foram feitas dentro de um presídio localizado no Rio de Janeiro. Há registros também de seqüestro virtual e sorteios falsos de automóveis.

Outra trapaça comum é chamada "golpe do defunto". Uma pessoa liga para o gabinete do deputado e diz que precisa de dinheiro para pagar o enterro de uma pessoa conhecida dele.

O Depol não foi criado para investigar deputados, mas uma denúncia enviada ao órgão resultou num processo no Supremo Tribunal Federal contra o ex-deputado Lino Rossi (PP-MT). Antes, foi aberto um inquérito na Procuradoria Geral da República, ao qual a Folha teve acesso. Licenciado da Câmara em 2005, Rossi usou indevidamente passagens aéreas do gabinete de sua suplente, Thaís Barbosa (PMDB-MT).

Segundo o relatório, Rossi também se apropriou de 8.500 selos do gabinete de Thaís. Rossi responsabiliza os assessores pelos desvios.

Corrupção de menores

Em 2006, as câmeras do circuito interno de TV ajudaram a desvendar um caso de tentativa de corrupção de menores para fins libidinosos. Como o caso está sob segredo de Justiça, a Folha cita o acusado apenas por suas iniciais. Dois adolescentes que trabalham como aprendizes na Casa acusaram V.F.P, 26, de assédio sexual.

Segundo os menores, V.F.P. ofereceu até R$ 1.000 para manter relações sexuais com eles. Em depoimento, V.F.P. confirmou ter abordado as vítimas com oferta de dinheiro, mas não com propostas para manter relações sexuais.

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