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27/02/2007
-
09h50
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha
O bebê indígena caiuá Cleison Benites Lopes, de dez meses, morreu anteontem na aldeia Bororó, em Dourados (MS). No atestado de óbito consta como causa da morte "desnutrição severa (caquexia)", segundo informou o médico da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) Zelick Trajber.
Com esse caso, já são duas mortes de crianças indígenas relacionadas à desnutrição ocorridas neste ano.
O médico disse acreditar que uma doença --como pneumonia ou diarréia-- possa ter levado Cleison à desnutrição, e não a falta de comida na aldeia. A Funasa diz que entregou uma cesta de alimentos no último dia 9 aos pais do menino.
"O médico anotou o que ele viu. Agora precisamos ver com a família o que aconteceu. A criança foi atendida no posto de saúde da aldeia no dia 14 e estava com desnutrição moderada e infecção respiratória", afirmou Trajber. "A classificação era de desnutrição moderada. A criança não ia morrer de repente, a não ser que a deixaram sem comer durante dez dias."
Segundo Trajber, os pais de Cleison, Salete e Brasil Benites, dizem que procuraram novamente o posto de saúde na sexta, mas não foram atendidos. A Funasa diz não ser verdade.
As duas mortes neste ano ocorreram após o governo do Estado suspender a entrega de 11 mil cestas de alimentos aos índios e de a Funasa atrasar por 20 dias, em janeiro, a distribuição de outras 5.500.
Além de Cleison, Nandinho Fernandes, de dois anos, morreu no último dia 10, após ser internado com desnutrição.
As mortes não têm relação com o atraso no entrega de alimentos, segundo a Funasa. O governo estadual assinou acordo com a Funasa para voltar a distribuir 11 mil cestas.
"A cesta básica é distribuída para o pessoal, mas a criança não é alimentada. O pai começa a vender as cestas em troca de cachaça. As crianças passam fome. A mãe e o pai dessa criança que morreu [Cleison] eram alcoólatras", disse o líder da aldeia Bororó, Luciano Arévolo.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando Silva Souza, disse que existe troca de cestas de alimentos por bebidas alcoólicas, mas não soube se isso ocorreu com os pais de Cleison. A Folha não conseguiu falar com eles.
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Com esse caso, já são duas mortes de crianças indígenas relacionadas à desnutrição ocorridas neste ano.
O médico disse acreditar que uma doença --como pneumonia ou diarréia-- possa ter levado Cleison à desnutrição, e não a falta de comida na aldeia. A Funasa diz que entregou uma cesta de alimentos no último dia 9 aos pais do menino.
"O médico anotou o que ele viu. Agora precisamos ver com a família o que aconteceu. A criança foi atendida no posto de saúde da aldeia no dia 14 e estava com desnutrição moderada e infecção respiratória", afirmou Trajber. "A classificação era de desnutrição moderada. A criança não ia morrer de repente, a não ser que a deixaram sem comer durante dez dias."
Segundo Trajber, os pais de Cleison, Salete e Brasil Benites, dizem que procuraram novamente o posto de saúde na sexta, mas não foram atendidos. A Funasa diz não ser verdade.
As duas mortes neste ano ocorreram após o governo do Estado suspender a entrega de 11 mil cestas de alimentos aos índios e de a Funasa atrasar por 20 dias, em janeiro, a distribuição de outras 5.500.
Além de Cleison, Nandinho Fernandes, de dois anos, morreu no último dia 10, após ser internado com desnutrição.
As mortes não têm relação com o atraso no entrega de alimentos, segundo a Funasa. O governo estadual assinou acordo com a Funasa para voltar a distribuir 11 mil cestas.
"A cesta básica é distribuída para o pessoal, mas a criança não é alimentada. O pai começa a vender as cestas em troca de cachaça. As crianças passam fome. A mãe e o pai dessa criança que morreu [Cleison] eram alcoólatras", disse o líder da aldeia Bororó, Luciano Arévolo.
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