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04/03/2007 - 10h27

Desnutrição e alcoolismo assolam aldeias em MS

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Dourados

Donos de menos de 40 mil hectares de terra, cerca de 30 mil índios guaranis e caiuás de Mato Grosso do Sul estão confinados. Falta terra em um ambiente de miséria.

Há casos de desnutrição infantil, alcoolismo, prostituição, filhas grávidas do pai, violência (ao menos 60 índios são presidiários), suicídios (11 enforcamentos em 2006) e conflito pela posse da terra (uma índia de 70 anos foi morta a tiros em janeiro dentro de uma fazenda).

Com esse quadro, as famílias dependem de cestas de alimentos dos governos estadual e federal. Apesar disso, algumas famílias trocam cestas por bebida alcoólica, segundo lideranças.

Nas duas etnias, a desnutrição causou a morte de 47 crianças indígenas menores de quatro anos de 2005 a fevereiro deste ano, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

Em janeiro e fevereiro deste ano foram seis mortes relacionadas à desnutrição.

'As cestas ajudam muito. O reflexo vem rápido: cortou a cesta, no outro mês começa a complicar. Em janeiro, o número de crianças que perderam peso aumentou muito', afirma Hélder Lúcio Ganacin, médico da Funasa.

Ao tomar posse neste ano, o governador André Puccinelli (PMDB) suspendeu a distribuição de 11 mil cestas de alimentos a indígenas. A Funasa seguiu distribuindo 5.500. O governo federal ainda prepara uma intervenção maior, enquanto a Funai (Fundação Nacional do Índio) está ausente (leia texto nesta página).

O alcoolismo atinge parte das famílias. Não há estatísticas, mas em Dourados (MS) a Funasa tem uma lista de 60 famílias em que os pais bebem e as crianças são desnutridas.

Na reserva de 3.475 hectares vivem cerca de 11 mil índios, incluindo terenas. Entre 2.338 crianças, 8,2% estão desnutridas. Há 20 em estado grave. Três crianças morreram neste ano de causa relacionada à desnutrição nessa área indígena, situada a 5 km da cidade.

Conforme a Funasa, a densidade demográfica na aldeia chega a 331 habitantes por quilômetro quadrado; em Dourados, é de 40,2. Motos, bicicletas e carros ainda dividem espaço com as carroças dos índios.

A situação é semelhante nos 2.430 hectares da reserva de Amambaí, onde vivem 7.000 índios. Dentro das aldeias, a Funasa mantém uma rede de postos de saúde e atendimento nas casas, mas passou também a ser fundamental na distribuição de cestas de alimentos.

O chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul, Wanderley Guenka, montou a estratégia para o mês de março: atenderá 8.239 famílias com crianças menores de seis anos com 44 kg de alimentos cada um. Outras 3.000, sem crianças pequenas, receberão uma cesta de 22 kg.

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