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O impasse no acordo

da Reuters

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou o acordo sobre o clima de Kyoto morto no início do ano. Apesar disso, 180 países se reunem em Bonn nesta semana para tentar salvar o plano. Saiba quais as posições de cada um deles e o que esperam obter.

Reuters
Balão sobrevoa geleira na Patagônia com inscrição de protesto: "Bush & Companhia = desastre climático"


Por que Bush optou por sair do acordo?

O presidente disse que o protocolo de Kyoto prejudicaria a economia dos EUA e seria injusto por não fixar metas de emissão de gases causadores do efeito-estufa para países como China e Índia. O documento foi assinado pelo governo Clinton, quando os EUA se comprometeram a diminuir suas emissões em 7% até 2012, em relação aos níveis de 1990.

A mudança na política dos EUA é realmente importante?

Sim. Os EUA são os maiores emissores de gases-estufa. Produzem cerca de um quarto do total mundial. Veja a lista de poluidores

Então o protocolo de Kyoto está morto sem os EUA?

Não necessariamente. Sem o maior poluente do mundo, a capacidade de o tratado levar à redução das emissões fica enfraquecida. Há também o risco de o acordo não se tornar um documento com força legal, já que precisa ser ratificado por pelo menos 55 países.

Pode haver apoio ao plano sem a presença dos EUA?

A União Européia espera que sim. O bloco de 15 países diz que levará Kyoto adiante com ou sem os norte-americanos. Mas suas emissões correspondem apenas a 24,2% do total dos países desenvolvidos e eles precisam lutar para incluir países suficientes para manter a meta de redução de 55 por cento.

Além dos EUA e da União Européia, quem mais está na disputa?

A posição dos países que se aliaram aos EUA na negociações de Kyoto - Canadá, Austrália e Japão - é fundamental. A Austrália afirma que não seguirá as regras do protocolo sem os EUA. O Canadá ainda declara apoio a Kyoto, mas pede pelo retorno dos EUA. O Japão faz esforços diplomáticos para convencer Washington a retomar o acordo antes do encontro de Bonn e tenta manter vivo o pacto que leva o nome de sua antiga capital.

Qual a posição do Leste Europeu?

A Rússia, que emitiu 17,4 por cento dos níveis de CO2 dos países desenvolvidos em 1990, está dentro do programado para atingir a sua meta e teria benefícios econômicos se pudesse vender suas taxas de emissão economizadas. Os países da região que buscam entrar para União Européia não devem tentar fazer nada que prejudique Kyoto.

Como ficam os países em desenvolvimento?

Como eles não têm metas estabelecidas, a ratificação do acordo por eles é menos essencial para tornar as normas do protocolo obrigatórias legalmente. A maioria dos países em desenvolvimento vai apoiar o tratado se ele incluir verbas para ajudá-los a lidar com os problemas trazidos com as mudanças climáticas.

O que será decidido em Bonn, então?

A União Européia espera que detalhes sobre Kyoto possam ser definidos e que um número suficiente de países se comprometam a ratificá-lo até 2002.

E se não houver acordo?

Alguns dizem que isso seria o fim de Kyoto, embora a UE diga que novas negociações são possíveis depois de Bonn.

Mas e se o protocolo de Kyoto for abandonado?

Caso isso ocorra, a questão das mudanças climáticas causadas pelo efeito-estufa não vai desaparecer. Os governos podem tentar negociar um pacto diferente. Até mesmo Bush admitiu a existência dos riscos de aquecimento global e disse estar preparado a fazer algo sobre isso - mas não dentro dos parâmetros de Kyoto.
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Folha Imagem
Ambientalista com máscara de Bush protesta contra recusa dos EUA em ratificar acordo do clima

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