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Compromisso Presidente da cúpula de Bonn, Jan Pronk, aplaude negociação


Encontro em Marrakech tenta novo acordo sobre clima
(29/10/2001)

da Folha de S.Paulo

Sob medidas intensas de segurança, que incluíram a verificação de toda a correspondência em busca de esporos de antraz, representantes de 180 países iniciaram hoje em Marrakech, Marrocos, a sétima conferência das Nações Unidas sobre mudança climática.

O encontro, chamado oficialmente de COP-7 (ou Sétima Conferência das Partes), é a maior reunião internacional desde os atentados do dia 11 de setembro e a primeira do gênero a ser realizada num país árabe.

Seu objetivo é finalizar uma série de acordos adotados em julho na Alemanha para impulsionar a ratificação do Protocolo de Kyoto, acordo internacional de combate aos gases que provocam o aquecimento global.

O protocolo, adotado em 1997, prevê a redução até 2012 das emissões desses gases (especialmente o dióxido de carbono, ou CO2) pelos países ricos em 5,2%, em relação aos níveis de 1990.

Para que ele entre em vigor no ano que vem, deverá ser ratificado, ou seja, transformado em lei, por pelo menos 55 países, que somem 55% das emissões de gases causadores do efeito estufa do mundo industrializado.

O acordo esteve ameaçado de virar fumaça a partir de março, quando os Estados Unidos, país responsável por quase 25% das descargas globais de CO2, anunciaram sua retirada das negociações. Segundo o presidente George W. Bush, o texto do protocolo tinha "falhas estruturais".

Impulsionados pela União Européia, os países signatários do protocolo resolveram levar a proposta de ratificação adiante, mesmo sem os EUA, com apoio do Japão, um dos principais aliados americanos na questão climática _e um dos principais emissores de CO2 do planeta.

O acordo político, costurado em julho em Bonn, ex-capital alemã, permitiu a entrada de outros aliados dos EUA, como Canadá, Austrália e Nova Zelândia _o chamado "grupo guarda-chuva". Mas, ao admitir que esses países usassem suas próprias florestas como "sumidouros" para o carbono lançado no ar pela queima de combustíveis fósseis, acabou enfraquecendo o protocolo.

Nas duas semanas de negociação que se seguem em Marrakech, cerca de 4.000 delegados deverão fechar um pacote de regras esboçadas em Bonn.

Entre as questões principais que ainda precisam ser resolvidas estão a porcentagem de inclusão dos "sumidouros" de carbono para ajudar os países a cumprirem suas metas de emissão, os mecanismos de redução de emissões e as penalidades para o não-cumprimento das metas de corte.

A abertura da conferência foi marcada pelo temor de que Japão, Canadá, Austrália e Rússia queiram renegociar pontos já definidos em Bonn e, com apoio tácito dos EUA (que participam da COP-7 na condição de observadores), afundar a reunião.

"Vocês podem pôr a cereja no bolo de Bonn", disse o ministro do Ambiente da Holanda, Jan Pronk, que presidiu a última conferência. "Não renegociem um acordo político já alcançado, finalizem-no, apenas."

Dirigindo-se a esses quatro países, o presidente da Convenção do Clima, Michael Zammit Cutajar, afirmou que, com a retirada dos EUA do protocolo, cabe ao restante do mundo a responsabilidade de garantir reduções reais de emissões de gases-estufa. "Espero que as delegações implicadas nos tranquilizem", disse.

Com agências internacionais

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Ambientalista com máscara de Bush protesta contra recusa dos EUA em ratificar acordo do clima

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