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17/04/2004 - 07h07

Doutor de 19 anos ainda precisa concluir seu curso de graduação

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ALESSANDRO GRECO
da Folha de S.Paulo

O sergipano Carlos Matheus Silva Santos,19, foi encontrar o seu herói na virada do século 19 para o 20: o matemático francês Henri Poincaré (1854-1912), que criou uma nova área na disciplina, a teoria matemática dos sistemas dinâmicos.

Um dos aspectos da teoria foi popularizado na década de 1980 com a imagem da borboleta que bate asas num local ermo da China e pode desencadear um ciclone do outro lado do mundo --em Santa Catarina, por exemplo. Outros detalhes da mesma teoria do seu herói, conhecida no meio acadêmico como teoria ergódica, deram ao rapaz, há 9 dias, o título de mais jovem doutor na história do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio.

O menino, como é carinhosamente chamado por seu orientador de doutorado, Marcelo Viana, ainda não terminou a graduação. Mas impressiona pela "profundidade e amplitude de conhecimento em campos diferentes da matemática e por não ter medo de fracassar, enfrentando problemas difíceis".

Longe da imagem popular do cientista incapaz de se interessar pela vida mundana, Carlos Matheus --como é conhecido no Impa-- diz que costuma levar uma vida normal: ouve forró, joga futebol e adora um churrasco com os amigos.

Sempre foi o mais novo da turma. "Fiz a primeira e a segunda séries do ensino fundamental em um ano só e depois fiz o mesmo com a terceira e a quarta séries."

Somente entre o quinto e o oitavo anos Carlos seguiu o fluxo normal de um estudante --ou quase: "No início do ano, minha mãe comprava os livros, e eu ia lendo e fazendo os exercícios de matemática sozinho. Quando chegava o meio do ano, já sabia tudo", conta.

Sua habilidade excepcional para matemática quase terminou por fazê-lo desistir da área. "No final da oitava série, estava desestimulado. O estilo tradicional de ensino não me permitia avançar." Carlos foi salvo pelo então chefe de Departamento de Matemática Universidade Federal de Sergipe (UFS), Valdenberg Araújo da Silva. Ele conheceu Carlos Matheus e o reconduziu à matemática, e o iniciou nos meandros de Poincaré.

O recorde de mais novo doutor do Impa tem muito a ver com os pais de Carlos Matheus, professores do ensino fundamental na rede pública em Aracaju. Desde o início do mestrado do filho, aos 14 anos, vivem na ponte Aracaju-Rio de Janeiro. "Eles se revezam até hoje nas vindas ao Rio, tirando licenças remuneradas e também não-remuneradas."

A próxima ponte a ser lançada será um pouco mais longa e deve ligar o Rio a Paris, onde Carlos pleiteia uma bolsa de pós-doutorado na Universidade de Paris. Até sair o resultado, ele continuará a bater bola com os colegas do Impa nas tardes de sexta-feira. Posição? Beque.
 

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