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27/08/2004
-
04h49
LAURA NELSON
free-lance para a Folha de S.Paulo
A maioria de nós não consegue deixar de esboçar um sorriso ao infligir uma punição merecida a alguém --e agora os cientistas sabem por quê. Uma equipe suíça descobriu quais regiões ligadas ao prazer em nossos cérebros são ativadas durante a vingança e que continuamos a punir apesar do custo embutido.
"Este é um dos primeiros estudos a analisar o castigo com mapeamento cerebral, e ele mostra que existe um auxílio emocional proeminente para garantir a satisfação", explica o psicólogo Brian Knutson, na Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA).
Os cientistas costumam assumir a vingança como um ato irracional, que não oferece benefícios a quem pune. Mas agora eles consideram que há um equilíbrio entre custos e vantagens potenciais, sendo que o ganho é a agradável sensação de satisfação.
"Os experimentos apóiam nossa hipótese de que as pessoas obtêm satisfação da punição e são recompensadas por suas ações", disse a neurocientista Dominique de Quervain, da Universidade de Zurique e autora do estudo publicado na revista "Science" (www.sciencemag.org).
A equipe montou uma tarefa que envolvia punição por desonestidade, enquanto gravava a atividade cerebral medida pela quantidade de oxigênio radioativo usado. Durante a experiência, 15 homens participaram de jogos com dinheiro real. Se alguém era desonesto com o dinheiro, os demais escolheriam como puni-lo.
Os cientistas analisaram então qual área cerebral seria ativada enquanto os participantes escolhiam como punir seus colegas. A equipe descobriu que uma parte conhecida como estriato --que se acredita ser importante para sensações como satisfação e excitação-- se torna ativa.
Em seguida, os pesquisadores analisaram se os voluntários infligiriam punições mesmo se lhes custassem algo. A maioria escolheu impor o castigo até quando lhes custava parte do dinheiro. No caso, o estriato foi ativado, assim como uma área chamada córtex pré-frontal medial (CPFM).
Os cientistas acreditam que o CPFM possui um papel no balanceamento de custos e benefícios, assim os voluntários poderiam decidir se seguiam adiante com a vingança. "Se o castigo custa algo, então há um tipo de processamento no córtex pré-frontal medial que decide se a ação vale a pena", disse Knutson.
A atividade de processamento cerebral variou entre os participantes do experimento. "Os resultados refletem a experiência cotidiana, algo que algumas pessoas aplicam muito mais atenção do que outras quando punem", afirma De Quervain.
Até hoje, o comportamento não foi observado em animais, apenas em humanos. E quanto a mulheres? "Essa é uma questão interessante", diz Knutson. "Algumas pessoas dizem que os homens seriam mais agressivos ao infligir um castigo, mas outros acreditam que não há nada como o desprezo das mulheres."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o cérebro
Leia o que já foi publicado sobre o castigo
Castigar ativa a região cerebral do prazer
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free-lance para a Folha de S.Paulo
A maioria de nós não consegue deixar de esboçar um sorriso ao infligir uma punição merecida a alguém --e agora os cientistas sabem por quê. Uma equipe suíça descobriu quais regiões ligadas ao prazer em nossos cérebros são ativadas durante a vingança e que continuamos a punir apesar do custo embutido.
"Este é um dos primeiros estudos a analisar o castigo com mapeamento cerebral, e ele mostra que existe um auxílio emocional proeminente para garantir a satisfação", explica o psicólogo Brian Knutson, na Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA).
Os cientistas costumam assumir a vingança como um ato irracional, que não oferece benefícios a quem pune. Mas agora eles consideram que há um equilíbrio entre custos e vantagens potenciais, sendo que o ganho é a agradável sensação de satisfação.
"Os experimentos apóiam nossa hipótese de que as pessoas obtêm satisfação da punição e são recompensadas por suas ações", disse a neurocientista Dominique de Quervain, da Universidade de Zurique e autora do estudo publicado na revista "Science" (www.sciencemag.org).
A equipe montou uma tarefa que envolvia punição por desonestidade, enquanto gravava a atividade cerebral medida pela quantidade de oxigênio radioativo usado. Durante a experiência, 15 homens participaram de jogos com dinheiro real. Se alguém era desonesto com o dinheiro, os demais escolheriam como puni-lo.
Os cientistas analisaram então qual área cerebral seria ativada enquanto os participantes escolhiam como punir seus colegas. A equipe descobriu que uma parte conhecida como estriato --que se acredita ser importante para sensações como satisfação e excitação-- se torna ativa.
Em seguida, os pesquisadores analisaram se os voluntários infligiriam punições mesmo se lhes custassem algo. A maioria escolheu impor o castigo até quando lhes custava parte do dinheiro. No caso, o estriato foi ativado, assim como uma área chamada córtex pré-frontal medial (CPFM).
Os cientistas acreditam que o CPFM possui um papel no balanceamento de custos e benefícios, assim os voluntários poderiam decidir se seguiam adiante com a vingança. "Se o castigo custa algo, então há um tipo de processamento no córtex pré-frontal medial que decide se a ação vale a pena", disse Knutson.
A atividade de processamento cerebral variou entre os participantes do experimento. "Os resultados refletem a experiência cotidiana, algo que algumas pessoas aplicam muito mais atenção do que outras quando punem", afirma De Quervain.
Até hoje, o comportamento não foi observado em animais, apenas em humanos. E quanto a mulheres? "Essa é uma questão interessante", diz Knutson. "Algumas pessoas dizem que os homens seriam mais agressivos ao infligir um castigo, mas outros acreditam que não há nada como o desprezo das mulheres."
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