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08/08/2005
-
09h28
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, identificaram uma célula que deve se tornar o principal objeto de ódio de qualquer pessoa que sofra crises de asma. Ela é a precursora das células que coordenam todos os processos alérgicos no organismo, da falta de ar que atormenta os asmáticos aos problemas enfrentados por quem tem alergia a camarão.
A bióloga Maria Célia Jamur, que coordenou o estudo, faz questão de deixar claro que a descoberta é só o primeiro passo: afinal, as tais células só foram achadas, por enquanto, em camundongos, e ainda precisam ter suas características investigadas a fundo. Mas entender melhor sua atuação pode ajudar, no futuro, a controlar alergias de todo tipo e também doenças mais sérias que envolvem um componente alérgico, tal como a esclerose múltipla ou talvez o mal de Alzheimer e as moléstias cardíacas.
As células que Jamur e seus colegas descobriram são as precursoras dos mastócitos, que dão a partida nas reações alérgicas e inflamatórias. "Os mastócitos estão cheios de compartimentos com grânulos", conta ela. Na superfície dessas células estão moléculas conhecidas como IgEs. Quando substâncias estranhas ao organismo entram em contato com essas moléculas, os mastócitos são ativados. "Eles passam a liberar mediadores químicos, alguns dos quais já estavam nos grânulos. Outros passam a ser fabricados nesse momento", explica a bióloga. É assim que a alergia surge.
Isca e anzol
Até aí, sem problemas --os mastócitos são velhos conhecidos dos cientistas, mesmo porque sua forma é inconfundível. Mas nunca ninguém havia identificado as células que dão origem a eles. Por isso, Jamur e seus colegas foram em busca de tais precursoras usando uma espécie de isca microscópica: anticorpos capazes de se ligar a moléculas presentes nas células-mães dos mastócitos.
Os pesquisadores acoplaram esses anticorpos a microesferas magnéticas e puseram-se a procurar as precursoras na medula óssea dos roedores, onde provavelmente estariam presentes. Com um ímã de alta potência, foi possível "arrastar" as candidatas a células-mães, separando-as das outras. Ao cultivá-las em laboratório, os cientistas viram que elas realmente viravam mastócitos.
"Agora, entre outras coisas, temos de descobrir quanto tempo essas células ficam na medula dos animais e quanto tempo levam para se transformar em mastócitos", diz Jamur. A esperança é aprender a controlar esse processo, de forma que as precursoras não consigam desencadear a alergia. Seria uma tática mais refinada do que a dos antialérgicos de hoje, que agem depois que os mastócitos já entraram em ação.
O estudo que descreve as células foi publicado em junho deste ano na versão on-line da revista científica norte-americana "Blood" (www.bloodjournal.org).
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Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, identificaram uma célula que deve se tornar o principal objeto de ódio de qualquer pessoa que sofra crises de asma. Ela é a precursora das células que coordenam todos os processos alérgicos no organismo, da falta de ar que atormenta os asmáticos aos problemas enfrentados por quem tem alergia a camarão.
A bióloga Maria Célia Jamur, que coordenou o estudo, faz questão de deixar claro que a descoberta é só o primeiro passo: afinal, as tais células só foram achadas, por enquanto, em camundongos, e ainda precisam ter suas características investigadas a fundo. Mas entender melhor sua atuação pode ajudar, no futuro, a controlar alergias de todo tipo e também doenças mais sérias que envolvem um componente alérgico, tal como a esclerose múltipla ou talvez o mal de Alzheimer e as moléstias cardíacas.
As células que Jamur e seus colegas descobriram são as precursoras dos mastócitos, que dão a partida nas reações alérgicas e inflamatórias. "Os mastócitos estão cheios de compartimentos com grânulos", conta ela. Na superfície dessas células estão moléculas conhecidas como IgEs. Quando substâncias estranhas ao organismo entram em contato com essas moléculas, os mastócitos são ativados. "Eles passam a liberar mediadores químicos, alguns dos quais já estavam nos grânulos. Outros passam a ser fabricados nesse momento", explica a bióloga. É assim que a alergia surge.
Isca e anzol
Até aí, sem problemas --os mastócitos são velhos conhecidos dos cientistas, mesmo porque sua forma é inconfundível. Mas nunca ninguém havia identificado as células que dão origem a eles. Por isso, Jamur e seus colegas foram em busca de tais precursoras usando uma espécie de isca microscópica: anticorpos capazes de se ligar a moléculas presentes nas células-mães dos mastócitos.
Os pesquisadores acoplaram esses anticorpos a microesferas magnéticas e puseram-se a procurar as precursoras na medula óssea dos roedores, onde provavelmente estariam presentes. Com um ímã de alta potência, foi possível "arrastar" as candidatas a células-mães, separando-as das outras. Ao cultivá-las em laboratório, os cientistas viram que elas realmente viravam mastócitos.
"Agora, entre outras coisas, temos de descobrir quanto tempo essas células ficam na medula dos animais e quanto tempo levam para se transformar em mastócitos", diz Jamur. A esperança é aprender a controlar esse processo, de forma que as precursoras não consigam desencadear a alergia. Seria uma tática mais refinada do que a dos antialérgicos de hoje, que agem depois que os mastócitos já entraram em ação.
O estudo que descreve as células foi publicado em junho deste ano na versão on-line da revista científica norte-americana "Blood" (www.bloodjournal.org).
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