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23/09/2005 - 09h40

"Hobbit" tinha doença genética e era humano moderno, diz cientista

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REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

Pelo jeito, os paleoantropólogos não querem mesmo deixar que o cadáver do Homo floresiensis, ou "hobbit", para os íntimos, descanse em paz. Mais um cientista acaba de atacar a descoberta desse estranho humano primitivo de um 1 m de altura, com o argumento de que ele não passava de um humano moderno, um mero Homo sapiens com uma doença genética que fez seu corpo e cérebro encolherem radicalmente.

"O tamanho do cérebro é simplesmente pequeno demais", disse à Folha o antropólogo britânico Robert Martin, do Museu Field, em Chicago (Estados Unidos). "A equipe que o descobriu argumenta que ele é um descendente encolhido do Homo erectus, que tinha uns 60 kg. Bem, se foi isso mesmo o que aconteceu, ele teria de ter encolhido até pesar uns 2 kg para ficar com o cérebro daquele tamanho", compara Martin. O estudo do antropólogo, que deverá ser submetido à publicação na revista "Science", foi divulgado nesta quinta-feira pela rede BBC.

Desde que foi apresentado ao mundo, o Homo floresiensis (que ganhou o nome da ilha indonésia de Flores e o apelido de hobbit de seu tamanho parecido com o dos seres da saga "O Senhor dos Anéis") tem gerado furor. Para começar, ele parece ter sido a espécie de hominídeo que mais tempo sobreviveu ao lado do homem moderno --teria se extinguido há apenas 18 mil anos. Apesar do tamanho, ele parece ter conseguido abater paleoelefantes (também anões) do gênero Stegodon e fabricar ferramentas de pedra estranhamente sofisticadas.

Esse, para Martin, é um dos problemas da interpretação do achado. "Só humanos modernos produzem ferramentas tão boas", diz ele. A principal crítica, porém, é que em todos os mamíferos, por mais que o tamanho do corpo diminua (ele cita as raças de cachorro), o cérebro não acompanha na mesma proporção.

"Achamos que se trata de um humano moderno com microcefalia, doença de origem genética", diz Martin. A crítica não é nova, mas o britânico diz ter associado o "hobbit" a um tipo específico de microcefalia, que causa retardo mental menos severo e permite que o indivíduo se torne adulto.

Mike Morwood e Bert Roberts, australianos que descobriram o hobbit, contestam Martin. Em entrevista à BBC, eles disseram que o isolamento da espécie durante dezenas de milhares de anos em Flores poderia ser responsável pelo encolhimento do corpo e do cérebro.

É um fenômeno que, segundo eles, aconteceu com outros animais. "Além do mais, temos a mandíbula de outro indivíduo com as mesmas proporções. É como se houvesse uma colônia de doentes em Flores há 18 mil anos. E as chances de isso acontecer são absurdamente pequenas", declarou Roberts.

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