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11/11/2005
-
09h29
CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo
A coleção arqueológica do banqueiro falido Edemar Cid Ferreira já tem novo dono: um juiz federal de São Paulo determinou que a guarda definitiva das peças fosse dada ao MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP, onde o acervo já está sendo catalogado.
A decisão, ratificada no último dia 4 pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, desagradou o Museu Paraense Emílio Goeldi, que desde 2004 solicita a guarda das relíquias --quase todas retiradas ilegalmente da Amazônia, em especial da ilha de Marajó, no Pará. O Goeldi já solicitou ao Ministério Público Federal o repatriamento das peças.
"Lamento profundamente essa decisão. Vamos ver se conseguimos revertê-la", disse à Folha a diretora do Goeldi, Ima Vieira.
De quebra, o encerramento do caso deve causar mais um embaraço ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) diante de ambos os museus. O instituto é acusado de negligência pelo magistrado ao ter permitido que o Instituto Cultural Banco Santos legalizasse a Cid Collection, em 2002 --o patrimônio arqueológico, por lei, só pode pertencer à União.
De Sanctis também justifica sua decisão de dar as peças ao MAE pela "atuação tardia e tumultuária" do Iphan sobre o acolhimento e o cadastro das peças, com as quais só passou a se preocupar após o seqüestro pela Justiça.
O Museu Goeldi tem se prontificado a abocanhar a coleção arqueológica de Edemar Cid Ferreira desde dezembro de 2004, quando foi decretada a intervenção no Banco Santos. "Mandamos um ofício ao secretário-executivo do Ministério da Cultura, João Luís Ferreira, mas não obtivemos resposta", diz Vieira. Em junho, o Goeldi escreveu ao presidente do Iphan, Antônio Augusto Arantes, mais uma vez pedindo a guarda da coleção, justificando que a maior parte do material havia saído do Pará. Sem resposta.
Segundo a decisão do juiz, o Iphan havia se manifestado no sentido de transferir parte da coleção para o Goeldi, solicitação que foi negada por De Sanctis.
No começo de 2005, o órgão já havia consultado o MAE sobre a possibilidade de o museu paulista acolher o acervo. "A partir da solicitação do Iphan, o MAE se dispôs a acolher as peças", afirmou a vice-diretora do museu, Cristina Bruno. Ela acrescenta: "Não pretendemos que o material fique aqui eternamente". Apesar da ressalva, a decisão da Justiça dá a guarda permanente da Cid Collection à USP, que planeja colocar os artefatos em exibição e produzir um catálogo da coleção em duas versões: on-line e impressa.
Foi o MAE que custeou o transporte das peças do depósito na zona Oeste de São Paulo onde elas estavam guardadas após o seqüestro judicial. No trabalho de catalogação, Bruno diz ter descoberto que a coleção do Banco Santos é bem maior que as 765 peças legalizadas pelo Iphan.
O Iphan afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o MAE seria o melhor local para a guarda provisória das peças porque o Museu Goeldi não teria condições de abrigar uma coleção tão grande. Vieira discorda: "Nossa reserva técnica [local onde fica armazenado o material que não está em exposição] é uma das melhores do país. Ganhou inclusive um prêmio do Iphan em 1998".
Além disso, o museu de Belém recebeu R$ 1,3 milhão da Petrobras para ampliar a reserva técnica, de modo a poder receber a coleção de Edemar.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Edemar Cid Ferreira
Museus disputam coleção de Edemar
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da Folha de S.Paulo
A coleção arqueológica do banqueiro falido Edemar Cid Ferreira já tem novo dono: um juiz federal de São Paulo determinou que a guarda definitiva das peças fosse dada ao MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP, onde o acervo já está sendo catalogado.
A decisão, ratificada no último dia 4 pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, desagradou o Museu Paraense Emílio Goeldi, que desde 2004 solicita a guarda das relíquias --quase todas retiradas ilegalmente da Amazônia, em especial da ilha de Marajó, no Pará. O Goeldi já solicitou ao Ministério Público Federal o repatriamento das peças.
"Lamento profundamente essa decisão. Vamos ver se conseguimos revertê-la", disse à Folha a diretora do Goeldi, Ima Vieira.
De quebra, o encerramento do caso deve causar mais um embaraço ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) diante de ambos os museus. O instituto é acusado de negligência pelo magistrado ao ter permitido que o Instituto Cultural Banco Santos legalizasse a Cid Collection, em 2002 --o patrimônio arqueológico, por lei, só pode pertencer à União.
De Sanctis também justifica sua decisão de dar as peças ao MAE pela "atuação tardia e tumultuária" do Iphan sobre o acolhimento e o cadastro das peças, com as quais só passou a se preocupar após o seqüestro pela Justiça.
O Museu Goeldi tem se prontificado a abocanhar a coleção arqueológica de Edemar Cid Ferreira desde dezembro de 2004, quando foi decretada a intervenção no Banco Santos. "Mandamos um ofício ao secretário-executivo do Ministério da Cultura, João Luís Ferreira, mas não obtivemos resposta", diz Vieira. Em junho, o Goeldi escreveu ao presidente do Iphan, Antônio Augusto Arantes, mais uma vez pedindo a guarda da coleção, justificando que a maior parte do material havia saído do Pará. Sem resposta.
Segundo a decisão do juiz, o Iphan havia se manifestado no sentido de transferir parte da coleção para o Goeldi, solicitação que foi negada por De Sanctis.
No começo de 2005, o órgão já havia consultado o MAE sobre a possibilidade de o museu paulista acolher o acervo. "A partir da solicitação do Iphan, o MAE se dispôs a acolher as peças", afirmou a vice-diretora do museu, Cristina Bruno. Ela acrescenta: "Não pretendemos que o material fique aqui eternamente". Apesar da ressalva, a decisão da Justiça dá a guarda permanente da Cid Collection à USP, que planeja colocar os artefatos em exibição e produzir um catálogo da coleção em duas versões: on-line e impressa.
Foi o MAE que custeou o transporte das peças do depósito na zona Oeste de São Paulo onde elas estavam guardadas após o seqüestro judicial. No trabalho de catalogação, Bruno diz ter descoberto que a coleção do Banco Santos é bem maior que as 765 peças legalizadas pelo Iphan.
O Iphan afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o MAE seria o melhor local para a guarda provisória das peças porque o Museu Goeldi não teria condições de abrigar uma coleção tão grande. Vieira discorda: "Nossa reserva técnica [local onde fica armazenado o material que não está em exposição] é uma das melhores do país. Ganhou inclusive um prêmio do Iphan em 1998".
Além disso, o museu de Belém recebeu R$ 1,3 milhão da Petrobras para ampliar a reserva técnica, de modo a poder receber a coleção de Edemar.
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