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22/12/2005
-
09h18
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Um deles faz saquê, outro é o mofo que induz crises de asma. E agora se descobriu que eles também fazem sexo. Três deles, três fungos, tiveram seu material genético decifrado. E apesar de serem parecidos entre si, os cientistas descobriram que geneticamente até um homem e um peixe têm mais em comum.
"Foi um achado inesperado. Os três têm apenas 68% de similaridade em proteínas", diz um dos pesquisadores envolvidos, o brasileiro Gustavo Goldman, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto.
Peixes e seres humanos se separaram evolutivamente cerca de 450 milhões de anos atrás. O grau de "parentesco" biológico entre os três fungos é ainda menor.
Foram três genomas seqüenciados de uma vez, publicados na edição de hoje da revista britânica "Nature". "É um trabalho coletivo. Não é trivial seqüenciar um genoma, é preciso uma análise aprofundada", diz Goldman.
Os três fungos pertencem ao mesmo gênero biológico, de nome científico Aspergillus.
A espécie Aspergillus oryzae é popular no Japão, usada na fermentação de comida e bebida, como o saquê e o shoyu. O A. fumigatus é ligado a uma doença, a asma. E o A. nidulans é mais popular entre os biólogos, muito usado em laboratório, uma espécie de camundongo dos fungos.
Deu trabalho estudar esses seres. Há três artigos na "Nature" assinados por respectivamente 98, 64 e 50 autores. O único brasileiro é Goldman; os outros são de instituições do Japão, EUA e países europeus.
"Aprendeu-se muita coisa agora. Os três fungos têm uma versatilidade metabólica muito grande", diz o pesquisador da USP. Apesar de seu material genético ser menor que o de um ser humano, as três espécies juntas apresentam cerca de 35 mil genes ligados à produção de proteínas, contra cerca de 30 mil no homem.
Como os cientistas descobriram os genes ligados a uma forma de sexo --de troca de material genético-- entre os fungos Aspergillus oryzae e Aspergillus fumigatus, isso abre a possibilidade de novos experimentos, capazes de obter novos dados sobre eles.
Os três genomas agora revelados simultaneamente estavam sendo decifrados por projetos distintos, mas o pesquisador David Denning, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, entrou em contato com os grupos e coordenou o trabalho conjunto agora publicado.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre fungos
Pesquisadores decifram o DNA do mofo
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da Folha de S.Paulo
Um deles faz saquê, outro é o mofo que induz crises de asma. E agora se descobriu que eles também fazem sexo. Três deles, três fungos, tiveram seu material genético decifrado. E apesar de serem parecidos entre si, os cientistas descobriram que geneticamente até um homem e um peixe têm mais em comum.
"Foi um achado inesperado. Os três têm apenas 68% de similaridade em proteínas", diz um dos pesquisadores envolvidos, o brasileiro Gustavo Goldman, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto.
Peixes e seres humanos se separaram evolutivamente cerca de 450 milhões de anos atrás. O grau de "parentesco" biológico entre os três fungos é ainda menor.
Foram três genomas seqüenciados de uma vez, publicados na edição de hoje da revista britânica "Nature". "É um trabalho coletivo. Não é trivial seqüenciar um genoma, é preciso uma análise aprofundada", diz Goldman.
Os três fungos pertencem ao mesmo gênero biológico, de nome científico Aspergillus.
A espécie Aspergillus oryzae é popular no Japão, usada na fermentação de comida e bebida, como o saquê e o shoyu. O A. fumigatus é ligado a uma doença, a asma. E o A. nidulans é mais popular entre os biólogos, muito usado em laboratório, uma espécie de camundongo dos fungos.
Deu trabalho estudar esses seres. Há três artigos na "Nature" assinados por respectivamente 98, 64 e 50 autores. O único brasileiro é Goldman; os outros são de instituições do Japão, EUA e países europeus.
"Aprendeu-se muita coisa agora. Os três fungos têm uma versatilidade metabólica muito grande", diz o pesquisador da USP. Apesar de seu material genético ser menor que o de um ser humano, as três espécies juntas apresentam cerca de 35 mil genes ligados à produção de proteínas, contra cerca de 30 mil no homem.
Como os cientistas descobriram os genes ligados a uma forma de sexo --de troca de material genético-- entre os fungos Aspergillus oryzae e Aspergillus fumigatus, isso abre a possibilidade de novos experimentos, capazes de obter novos dados sobre eles.
Os três genomas agora revelados simultaneamente estavam sendo decifrados por projetos distintos, mas o pesquisador David Denning, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, entrou em contato com os grupos e coordenou o trabalho conjunto agora publicado.
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