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22/02/2006
-
11h42
da Folha de S.Paulo
O controverso reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers, anunciou ontem que renunciará ao cargo no fim do ano letivo norte-americano (julho). A renúncia marca o fim de um mandato turbulento, que incluiu brigas com professores importantes e um comentário infeliz sobre mulheres na ciência.
O período de cinco anos de Summers foi o mais breve de um reitor da universidade mais importante dos EUA --e mais rica do planeta-- desde 1862, quando Cornelius Felton morreu após dois anos de mandato.
O anúncio vem uma semana antes de um voto de desconfiança do corpo docente da universidade, que tem criticado o estilo de liderança de Summers e seus comentários sobre raça e gênero. No ano passado, os professores já haviam dado um voto semelhante.
O novo voto foi motivado pela saída de William Kirby, o deão (pró-reitor) da Faculdade de Artes e Ciências, a principal de Harvard. Muitos dos professores da faculdade acusaram Summers de ter forçado a demissão de Kirby.
Embora votos de desconfiança sejam apenas simbólicos --só os sete membros do conselho de administração de Harvard podem demitir um reitor--, o próprio Summers passou a ver sua situação como insustentável. "Eu concluí, com relutância, que o cisma entre mim e setores do corpo docente de Artes e Ciências tornaram impossível para mim prosseguir com a agenda de renovação que eu vejo como crucial para o futuro de Harvard", escreveu o reitor numa carta publicada na página da universidade na internet. "Acredito, no entanto, que seja melhor para a universidade ter uma nova liderança."
Larry Summers, um economista formado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), foi economista-chefe do Banco Mundial e secretário do Tesouro do governo Bill Clinton. Sua gestão à frente de Harvard foi polêmica desde o início, em 2001.
Uma de suas primeiras medidas como reitor foi limitar a quantidade de notas máximas que os alunos recebiam. Depois, comprou briga com alguns feudos de Harvard, o que levou à demissão de Cornelius West, professor de estudos afro-americanos. Em seguida, fez comentários minimizando a responsabilidade dos colonizadores brancos no genocídio dos índios americanos.
West, que acabou trocando Harvard por Princeton, disse que Summers tinha a mesma delicadeza "de um touro numa loja de porcelanas". Outros professores definem Summers como um "trator", dono de um estilo brusco e politicamente incorreto.
"Diferenças inatas"
No ano passado, Summers voltou à carga. Numa conferência acadêmica, sugeriu que "diferenças inatas" poderiam explicar por que há menos mulheres do que homens nas posições mais altas da carreira científica.
O resultado foram protestos em massa por parte da comunidade científica feminina, uma série de pedidos de desculpas por parte de Summers e a criação de uma força-tarefa para buscar formas de reduzir a desigualdade de gênero na academia.
Mesmo assim, uma pesquisa feita entre os estudantes mostrou que 57% deles apoiavam o reitor demissionário. O ex-reitor Derek Bok assume interinamente.
Com agências internacionais e "The Independent"
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Lawrence Summers
Nova polêmica derruba reitor de Harvard
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O controverso reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers, anunciou ontem que renunciará ao cargo no fim do ano letivo norte-americano (julho). A renúncia marca o fim de um mandato turbulento, que incluiu brigas com professores importantes e um comentário infeliz sobre mulheres na ciência.
O período de cinco anos de Summers foi o mais breve de um reitor da universidade mais importante dos EUA --e mais rica do planeta-- desde 1862, quando Cornelius Felton morreu após dois anos de mandato.
O anúncio vem uma semana antes de um voto de desconfiança do corpo docente da universidade, que tem criticado o estilo de liderança de Summers e seus comentários sobre raça e gênero. No ano passado, os professores já haviam dado um voto semelhante.
O novo voto foi motivado pela saída de William Kirby, o deão (pró-reitor) da Faculdade de Artes e Ciências, a principal de Harvard. Muitos dos professores da faculdade acusaram Summers de ter forçado a demissão de Kirby.
Embora votos de desconfiança sejam apenas simbólicos --só os sete membros do conselho de administração de Harvard podem demitir um reitor--, o próprio Summers passou a ver sua situação como insustentável. "Eu concluí, com relutância, que o cisma entre mim e setores do corpo docente de Artes e Ciências tornaram impossível para mim prosseguir com a agenda de renovação que eu vejo como crucial para o futuro de Harvard", escreveu o reitor numa carta publicada na página da universidade na internet. "Acredito, no entanto, que seja melhor para a universidade ter uma nova liderança."
Larry Summers, um economista formado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), foi economista-chefe do Banco Mundial e secretário do Tesouro do governo Bill Clinton. Sua gestão à frente de Harvard foi polêmica desde o início, em 2001.
Uma de suas primeiras medidas como reitor foi limitar a quantidade de notas máximas que os alunos recebiam. Depois, comprou briga com alguns feudos de Harvard, o que levou à demissão de Cornelius West, professor de estudos afro-americanos. Em seguida, fez comentários minimizando a responsabilidade dos colonizadores brancos no genocídio dos índios americanos.
West, que acabou trocando Harvard por Princeton, disse que Summers tinha a mesma delicadeza "de um touro numa loja de porcelanas". Outros professores definem Summers como um "trator", dono de um estilo brusco e politicamente incorreto.
"Diferenças inatas"
No ano passado, Summers voltou à carga. Numa conferência acadêmica, sugeriu que "diferenças inatas" poderiam explicar por que há menos mulheres do que homens nas posições mais altas da carreira científica.
O resultado foram protestos em massa por parte da comunidade científica feminina, uma série de pedidos de desculpas por parte de Summers e a criação de uma força-tarefa para buscar formas de reduzir a desigualdade de gênero na academia.
Mesmo assim, uma pesquisa feita entre os estudantes mostrou que 57% deles apoiavam o reitor demissionário. O ex-reitor Derek Bok assume interinamente.
Com agências internacionais e "The Independent"
Especial
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