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20/11/2006
-
09h04
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Afiados, precisos, letais. Os sabres feitos em Damasco durante a Idade Média eram as armas brancas mais invejadas do mundo. Elas eram muito temidas pelos cruzados cristãos em luta com os muçulmanos no Oriente Médio.
O segredo de sua fabricação se perdeu depois e até hoje permanece cercado de mistério. Mas agora, uma equipe de pesquisadores descobriu o que pode estar por trás das suas características lendárias: nanotubos de carbono, uma novidade tecnológica ainda pouco usada mesmo agora, em pleno curso do século 21.
Nanotubos de carbono são estruturas microscópicas desse elemento químico com formato cilíndrico --são literalmente tubos longos e finos, com espessura milhares de vezes menor que a de um simples fio de cabelo.
Apresentam grande resistência física, além de propriedades elétricas e de transmissão de calor que podem servir tanto à eletrônica como à ótica ou ainda à ciência dos materiais.
Uma equipe de seis pesquisadores da Universidade Técnica de Dresden, Alemanha, liderada por Paul Paufler, estudou amostras de um sabre de Damasco, feito no século 17. O detalhado exame da peça foi feito por meio de técnicas de microscopia eletrônica. Como resultado, eles descobriram a existência dos nanotubos de carbono na arma branca. Essas estruturas teriam sido feitas pelos armeiros muçulmanos de forma não intencional, segundo indica os resultados da pesquisa feita pela equipe alemã.
Trata-se de um sabre de excelente qualidade, atribuído a um armeiro famoso, Assad Ullah. A peça de guerra, hoje, está depositada na coleção de um museu histórico na cidade de Berna, na Suíça.
O aço é uma liga metálica feita principalmente de ferro, mas contendo proporções variáveis de carbono, que serve para enrijecer o material.
O problema é que o excesso de carbono pode tornar o aço bastante quebradiço. Outros elementos, como manganês, cobalto, vanádio, por exemplo, podem fazer parte das ligas de aço também. Cada um afetará de forma diferente as características químicas dessas várias ligações. O segredo para ter uma arma eficiente é a combinação de tudo isso.
O aço dos sabres de Damasco derivaria sua qualidade tanto da matéria-prima, que teria os elementos químicos ideais, como também do processo de fabricação. A matéria-prima viria da Índia, na forma de "bolos" de aço conhecidos como "wootz".
Esses minérios indianos, ao se tornarem mais escassos depois, fizeram com que a fabricação dos sabres damascenos ficassem mais difíceis.
Ferreiros europeus contemporâneos não conseguiam produzir lâminas semelhantes, mesmo tentando imitar os processos de forja e têmpera desenvolvidos durante a Idade Média. A arte de fabricação dos sabres acabou por desaparecer por completo em Damasco durante o século 18. Ainda é um mistério como os ferreiros medievais conseguiam superar os problemas de excesso de carbono na liga.
"Ao otimizarem empiricamente seus procedimentos de tratamento da lâmina, os artesãos terminaram criando nanotubos mais de 400 anos atrás", dizem os autores do estudo, divulgado em comunicação à revista científica britânica "Nature" desta semana.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre fibra de carbono
Estudo revela segredo de arma medieval
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da Folha de S.Paulo
Afiados, precisos, letais. Os sabres feitos em Damasco durante a Idade Média eram as armas brancas mais invejadas do mundo. Elas eram muito temidas pelos cruzados cristãos em luta com os muçulmanos no Oriente Médio.
O segredo de sua fabricação se perdeu depois e até hoje permanece cercado de mistério. Mas agora, uma equipe de pesquisadores descobriu o que pode estar por trás das suas características lendárias: nanotubos de carbono, uma novidade tecnológica ainda pouco usada mesmo agora, em pleno curso do século 21.
Alexander Dietsch |
Sabre de Damasco era uma das armas brancas mais temidas e invejadas durante a Idade Média |
Apresentam grande resistência física, além de propriedades elétricas e de transmissão de calor que podem servir tanto à eletrônica como à ótica ou ainda à ciência dos materiais.
Uma equipe de seis pesquisadores da Universidade Técnica de Dresden, Alemanha, liderada por Paul Paufler, estudou amostras de um sabre de Damasco, feito no século 17. O detalhado exame da peça foi feito por meio de técnicas de microscopia eletrônica. Como resultado, eles descobriram a existência dos nanotubos de carbono na arma branca. Essas estruturas teriam sido feitas pelos armeiros muçulmanos de forma não intencional, segundo indica os resultados da pesquisa feita pela equipe alemã.
Trata-se de um sabre de excelente qualidade, atribuído a um armeiro famoso, Assad Ullah. A peça de guerra, hoje, está depositada na coleção de um museu histórico na cidade de Berna, na Suíça.
O aço é uma liga metálica feita principalmente de ferro, mas contendo proporções variáveis de carbono, que serve para enrijecer o material.
O problema é que o excesso de carbono pode tornar o aço bastante quebradiço. Outros elementos, como manganês, cobalto, vanádio, por exemplo, podem fazer parte das ligas de aço também. Cada um afetará de forma diferente as características químicas dessas várias ligações. O segredo para ter uma arma eficiente é a combinação de tudo isso.
O aço dos sabres de Damasco derivaria sua qualidade tanto da matéria-prima, que teria os elementos químicos ideais, como também do processo de fabricação. A matéria-prima viria da Índia, na forma de "bolos" de aço conhecidos como "wootz".
Esses minérios indianos, ao se tornarem mais escassos depois, fizeram com que a fabricação dos sabres damascenos ficassem mais difíceis.
Ferreiros europeus contemporâneos não conseguiam produzir lâminas semelhantes, mesmo tentando imitar os processos de forja e têmpera desenvolvidos durante a Idade Média. A arte de fabricação dos sabres acabou por desaparecer por completo em Damasco durante o século 18. Ainda é um mistério como os ferreiros medievais conseguiam superar os problemas de excesso de carbono na liga.
"Ao otimizarem empiricamente seus procedimentos de tratamento da lâmina, os artesãos terminaram criando nanotubos mais de 400 anos atrás", dizem os autores do estudo, divulgado em comunicação à revista científica britânica "Nature" desta semana.
Especial
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