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04/01/2007 - 09h15

Sonda vê lagos de metano líquido em lua de Saturno

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RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

Uma das luas de Saturno, Titã, tem lagos e também tem chuva, dizem cientistas que estudaram imagens de radar da sonda espacial Cassini. Isso torna Titã ainda mais parecido com a Terra do que se imaginava. O satélite natural tem também uma atmosfera densa e vulcões, e pesquisadores acreditam que ele lembre a Terra primitiva --de bilhões de anos atrás, antes de a vida surgir.

A grande diferença é que a chuva que ajuda a preencher os lagos de Titã é composta de metano, molécula com um átomo de carbono e quatro de hidrogênio (fórmula química CH4). E os vulcões lançam lava gelada na superfície do satélite.

Nasa
Sonda vê lagos de metano líquido em lua de Saturno
Sonda vê lagos de metano líquido em lua de Saturno
"Nós vemos lagos que têm canais levando a eles, sugerindo que eles se enchem pelo menos parcialmente por uma combinação de infiltração e chuva", disse à Folha a principal autora do estudo, Ellen Stofan, do instituto Proxemy Research, da Virgínia (EUA).

Outra possível fonte do líquido nos lagos estaria debaixo da superfície, como aqüíferos --ou "metaníferos", como a eles se referem os pesquisadores.

Stofan e 37 colegas assinam um artigo descrevendo a descoberta na edição de hoje da revista "Nature", cuja capa é uma imagem de radar mostrando os lagos. Todo esse pessoal pertence à equipe da sonda Cassini. "Às vezes recebo de dez a 20 e-mails por hora da equipe enquanto discutimos as interpretações do que vimos nos dados de radar", diz Stofan.

Vulcanismo

"Esses lagos estão em depressões que podem ser crateras vulcânicas", afirma a pesquisadora brasileira Rosaly Lopes, que trabalha com o radar da Cassini no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (agência espacial americana), em Pasadena, na Califórnia.

"As crateras causadas por impactos são bem diferentes: em geral são bem redondas, simétricas", diz a pesquisadora, brasileira radicada nos EUA.

Lopes é tanto astrônoma quanto especialista em vulcões, o que contribui para torná-la uma das principais especialistas na vulcanologia de outros planetas e seus satélites.

A descoberta dos lagos, que aparecem como manchas escuras e lisas nas imagens de radar, foi feita em uma passagem da Cassini por Titã em julho de 2006.

Como a lua tem uma atmosfera densa, o radar é a melhor maneira de mapeá-la, pois pode fazer imagens do que está debaixo das nuvens.
"Mas como a sonda precisa passar muito perto, só dá para ver de 1% a 2% da superfície", diz Lopes. "Faixinha por faixinha, vamos vendo cada vez um pouco mais da superfície", afirma a pesquisadora.

O radar da Cassini já fez cerca de 20 passagens por Titã registrando essas faixas, em torno de metade do previsto pela missão dessa sonda, desenvolvida em conjunto pela Nasa e pela ESA, a agência espacial européia.

A próxima vai ser na semana que vem, no dia 13. "Vai ser muito interessante para mim", declara Lopes, pois a sonda deverá completar a imagem de um monte com forma circular que pode ser um vulcão.

A passagem que revelou os lagos detectou 75 manchas escuras de vários tamanhos, de 3 km a 70 km de comprimento.

O radar da Cassini auxiliado por outros instrumentos --como um espectrômetro que produz imagens de luz visível e infravermelha-- descobriu crateras, montanhas, vulcões, dunas e leitos de rios debaixo do véu da atmosfera.

Mesmo assim, apenas 15% da superfície será mapeada. Saber mais sobre a lua --e confirmar sua "chuva de metano"-- "é um tópico importante para a extensão da missão a partir de julho de 2008', disse à Folha o pesquisador Christophe Sotin, da Universidade de Nantes, França, autor de um comentário sobre a descoberta dos lagos na mesma edição da "Nature".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Cassini

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