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26/11/2001
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08h36
Por trás do feito científico anunciado ontem pela Advanced Cell Technology esconde-se a briga pelo controle de um mercado potencialmente bilionário -o clonagem terapêutica.
Na visão de alguns cientistas, o fato de a ATC ter se adiantado em anunciar a obtenção de um embrião humano clonado indica a corrida pela obtenção de uma patente do procedimento. Qualquer pessoa que fosse usar a transferência nuclear -a técnica usada para clonar Dolly- para produzir células-tronco humanas sem risco de rejeição teria de pagar royalties à empresa.
"É muito significativo que eles tenham ido tão longe sem nenhuma regulação", disse à Folha o bioeticista Glenn McGee, da Universidade da Pensilvânia, EUA. "Muito provavelmente eles querem tentar obter uma patente para o processo."
McGee disse que o feito anunciado ontem foi um "press release", não uma novidade científica. "Primeiro, eles não podem verificar se obtiveram realmente um embrião", afirmou. "Um blastocisto [estágio de desenvolvimento necessário para a extração das células-tronco" tem pelo menos cem células. Isso que eles fizeram tem somente seis."
Depois, o feito foi anunciado simultaneamente em duas publicações leigas ("Scientific American" e "U.S. News & World Report") e uma numa obscura revista científica eletrônica (o "Journal of Regenerative Medicine").
Mas os críticos acham que a ATC tem mais cartas na manga. Na última sexta, por exemplo Robert Lanza e José Cibelli anunciaram na "Science" que as vacas clonadas pela empresa tinham um desenvolvimento normal -contradizendo estudo anterior do Massachusetts Institute of Technology que apontava defeitos em camundongos clonados.
Alguns especialistas crêem que o anúncio de ontem seja só uma forma de garantir publicamente a primazia da ATC. Um artigo posterior, detalhando uma experiência mais bem-sucedida, estaria em preparação, para ser submetido ao crivo da "Science" ou de outro título de prestígio. (CA)
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Publicação esconde corrida pela patente da clonagem terapêutica
da Folha de S.PauloPor trás do feito científico anunciado ontem pela Advanced Cell Technology esconde-se a briga pelo controle de um mercado potencialmente bilionário -o clonagem terapêutica.
Na visão de alguns cientistas, o fato de a ATC ter se adiantado em anunciar a obtenção de um embrião humano clonado indica a corrida pela obtenção de uma patente do procedimento. Qualquer pessoa que fosse usar a transferência nuclear -a técnica usada para clonar Dolly- para produzir células-tronco humanas sem risco de rejeição teria de pagar royalties à empresa.
"É muito significativo que eles tenham ido tão longe sem nenhuma regulação", disse à Folha o bioeticista Glenn McGee, da Universidade da Pensilvânia, EUA. "Muito provavelmente eles querem tentar obter uma patente para o processo."
McGee disse que o feito anunciado ontem foi um "press release", não uma novidade científica. "Primeiro, eles não podem verificar se obtiveram realmente um embrião", afirmou. "Um blastocisto [estágio de desenvolvimento necessário para a extração das células-tronco" tem pelo menos cem células. Isso que eles fizeram tem somente seis."
Depois, o feito foi anunciado simultaneamente em duas publicações leigas ("Scientific American" e "U.S. News & World Report") e uma numa obscura revista científica eletrônica (o "Journal of Regenerative Medicine").
Mas os críticos acham que a ATC tem mais cartas na manga. Na última sexta, por exemplo Robert Lanza e José Cibelli anunciaram na "Science" que as vacas clonadas pela empresa tinham um desenvolvimento normal -contradizendo estudo anterior do Massachusetts Institute of Technology que apontava defeitos em camundongos clonados.
Alguns especialistas crêem que o anúncio de ontem seja só uma forma de garantir publicamente a primazia da ATC. Um artigo posterior, detalhando uma experiência mais bem-sucedida, estaria em preparação, para ser submetido ao crivo da "Science" ou de outro título de prestígio. (CA)
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