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12/05/2002 - 09h48

Arqueólogos encontram ossos humanos em Ubatuba (SP)

ANDRÉIA BARROS
free-lance para a Folha de S.Paulo, no Vale

Uma equipe de arqueólogos do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (Universidade de São Paulo) descobriu 87 fragmentos de ossos humanos que datam de 2000 a.C, na ilha do Mar Virado, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo.

Além disso, foram descobertos carvão, sementes de vegetais e outras peças identificadas como adornos e utensílios domésticos.

Com a descoberta, o projeto "Sítio Arqueológico do Mar Virado", que é desenvolvido por meio de um convênio entre a USP e a Prefeitura de Ubatuba, atinge sua décima etapa de pesquisa científica sistemática.

"No local, há sinais da presença do homem em tudo, desde o seu nascimento até seu sepultamento", disse a arqueóloga Dorath Pinto Uchôa, coordenadora da pesquisa.

A pesquisadora também já desenvolveu estudos semelhantes em outros bairros da cidade, como Tenório e Itaguá.

Segundo Dorath, as evidências deixadas pelo homem estão registradas nos elementos utilizados em rituais e principalmente na alimentação à base de peixes, moluscos e ervas.

Existem similaridades, de acordo com a coordenadora, entre os sítios arqueológicos do Mar Virado e de Itaguá, denominados por ela como "conchíferos", já que ambos apresentam registros de grupos pré-históricos que se alimentavam de moluscos.

Segundo ela, os moluscos eram utilizados ainda para a fabricação de instrumentos de trabalho e adornos.

"Eles utilizavam toda a matéria-prima que encontravam no local", explicou.

A pedra, por exemplo, era transformada em uma ferramenta semelhante ao machado, e os dentes do peixe cação se transformavam em enfeites.

Dorath disse ainda que os antigos habitantes da ilha desconheciam qualquer forma de escrita, porém, sabiam utilizar bem todo o ambiente.

Maquetes, peças, fotos e detalhes da pesquisa do projeto "Sítio Arqueológico do Mar Virado", estarão expostos a partir do dia 19 de julho, no Sobradão do Porto, no centro da cidade.

De acordo com Dorath, a mostra faz parte do convênio entre a prefeitura e o museu, que prevê, além dos trabalhos de pesquisa de campo, exposições temporárias da documentação e do material coletado.

Também estão previstas no convênio palestras sobre os patrimônios arqueológico e ambiental do município.

"É um projeto multidisciplinar que abrange educação, turismo, antropologia cultural e arqueologia", disse.

O trabalho de pesquisa vem sendo desenvolvido por um grupo de 11 pessoas, entre alunos de doutorado e pós-graduação orientados por professores da USP.


O último sítio arqueológico descoberto na região do Vale do Paraíba e do litoral norte foi na cidade de Canas, em dezembro do ano passado.

O sítio, datado do período pré-colonial, foi encontrado durante escavações que estavam sendo feitas para a implantação das redes de água e esgoto em um conjunto habitacional da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).

Foram encontrados fragmentos de cerâmica tupi-guarani de formato geométrico, com decoração feita em baixo relevo feitas provavelmente a unha.
 

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