Prêmio
Folha Categoria Reportagem 1996
Bombardeio
foi um erro, afirma Israel
20/04/96
Editoria: MUNDO
Autor:
IGOR GIELOW
Israel
pediu desculpas à força de paz da ONU no sul do Líbano
e qualificou o ataque de anteontem, que deixou 101 refugiados libaneses
mortos, como um ''erro humano''.
O comandante da zona militar do norte de Israel, o general Amiram
Levine, pediu desculpas ontem ao comandante da Força Interina
da ONU no Líbano, general Stanislav Bosniak, pelos quatro
soldados feridos no ataque.
O general Levine disse que os comandos israelenses e os soldados
que dispararam não sabiam da presença de cerca de
500 refugiados na base militar das Nações Unidas em
Qana.
Mas as autoridades da força da ONU afirmam que já
haviam avisado os militares israelenses da presença dos refugiados
no local, uma semana antes do ataque.
A força da ONU também afirma que Israel continuou
seu bombardeio mesmo depois de saber que civis estavam morrendo.
Os soldados dizem ter avisado o comando israelense durante o bombardeio.
Condolências
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Israel, Amnon
Shahak, telefonou a Bosniak para expressar as condolências
e assegurar que a artilharia atacou depois que o Hizbollah disparou
mísseis contra o norte de Israel.
Segundo a ONU, a guerrilha atirou dois mísseis e oito bombas
de morteiro de uma posição a cerca de 300 m da base.
O Hizbollah nega ter feito o ataque.
Shahak disse que os soldados atuaram conforme as ordens do Exército
israelense: responder aos ataques da guerrilha libanesa.
O líder da missão das Nações Unidos
no Líbano, Manfred Eisele, disse que os militares israelenses
provavelmente atacaram os guerrilheiros do Hizbollah sem checar
os mapas da ONU.
''Milicianos aparentemente atiraram mísseis em Israel usando
a proteção da vizinhança imediata com o nosso
posto'', disse Eisele à rede alemã N-TV.
''Os israelenses devem ter simplesmente conduzido o reconhecimento
de alvo, sem checar os resultados com mapas mostrando onde estão
localizadas as posições das Nações Unidas.''
Eisele afirmou que a ONU ainda estava investigando o caso.
Imparcialidade
Segundo o líder da força da ONU, a imparcialidade
de seus soldados era a principal fonte de proteção
contra os ataques. Ele afirma que, mesmo assim, as tropas precisam
constantemente de apoio militar, como tanques.
''Mas tais medidas de proteção ajudam somente em parte
contra uma tentativa de ferir pessoas. No final, depende da vontade
de todas as partes em conflito o compromisso de esforços
conjuntos para criar uma solução pacífica.''
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