Conexão Manágua
Dossiê lista 65 "sequestráveis" brasileiros


24/06/1993
Editoria:São Paulo
Página: 3-6

Estudo de sequestradores inclui detalhes dos empresários e melhores rotas para entrar no Brasil por terra


Fernando Rodrigues
Enviado especial a Manágua

São 65 os empresários listados entre pessoas sequestráveis pela rede internacional que teve um depósito de armas descoberto em Manágua no mês passado. A Folha teve acesso ontem ao processo completo na 5ª Vara de Justiça do Crime em Manágua.
O processo nº 83/93 tem cerca de 6.000 páginas com os documentos encontrados. Tudo está encadernado em 45 volumes. Os dados sobre o Brasil aparecem na maioria, mas estão concentrados nos volumes 12, 23 e 24.O processo nº 83/93 tem cerca de 6.000 páginas com os documentos encontrados. Tudo está encadernado em 45 volumes. Os dados sobre o Brasil aparecem na maioria, mas estão concentrados nos volumes 12, 23 e 24.
A lista de brasileiros está próxima da lista mexicana, no volume 12. Os nomes estão listados em papel branco, com colunas desenhadas a lápis. Os sequestradores dividem o documento em "nombres", "grupo/associaciones (rama)" e "empresas". Tudo está em espanhol, a não ser os recortes de revistas e jornais -inclusive da Folha. Embora a numeração da lista vá até 64, são 65 os sequestráveis: dois deles estão citados no mesmo item.
Apesar de o dossiê de Manágua também conter informações buscadas na mídia, não se trata de um serviço tosco, feito por amadores. Os sequestradores listam pessoas quase desconhecidas do grande público.
Os documentos foram encontrados no dia 23 de maio passado em um depósito clandestino de armas controlado pelas Forças Populares de Libertação, de El Salvador. O depósito fica no subsolo de uma oficina no bairro Santa Rosa, em Manágua. A casa era alugada por um integrante da organização separatista basca ETA. Houve uma explosão acidental e por isso a polícia foi ao local.
A lista com os brasileiros está nas páginas 2.090 a 2.096. Junto, estão duas páginas com informações detalhadas sobre como entrar por terra no Brasil. Em seus relatórios, os sequestradores aconselham a utilizar dois países: Colômbia e Peru. Se estiver na Colômbia, diz o documento, a melhor forma é entrar pelo caminho que liga Letícia a Tabatinga. A partir do Peru, a melhor forma é ir de barco "de Iquitos a Ramón Castilla ou Islandia; até Benjamin Constant e depois de Benjamin Constant até Manaus de barco".
O grupo mantinha também uma coleção de documentos falsos. A documentação mais farta é sobre os dois canadenses que participaram do sequestro de Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, em 89.


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