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03/09/2006 - 12h07

Lei de Cotas facilita a inclusão de anões no mercado de trabalho

da Folha de S.Paulo

A placa na vitrine estampava em letras garrafais: "Precisa-se de vendedora". Mas, quando Marta Adriana Poci Cabral, 40, ofereceu seu currículo, a gerente não hesitou em dizer que a vaga já havia sido preenchida.

Não fosse seu 1,30 m de estatura, diz, teria sido contratada. "Sou boa profissional e tenho experiência no ramo. Foi puro preconceito", lembra a artista plástica, que hoje mantém com a irmã, Mila Poci Cabral, 37, também anã, a loja Casinha Pequenina. "Todo mundo diz que a loja, de miniaturas, é a nossa cara", comenta Mila, que é atriz e trabalha com eventos.

Para a carreira, o mundo artístico é o mais procurado pelos anões. "Por conta da estatura, o anão sempre foi ridicularizado. Era o bobo da corte, o palhaço do circo. Fazer o quê? Nós temos de sobreviver de alguma maneira", explica o publicitário Hélio Pottes, presidente da Associação Gente Pequena.

Cristiane Limeira Lorenço, 30, que tem 1,30 m, ingressou nesse mercado justamente por falta de opção. "Trabalhei com eventos durante 13 anos. Só consegui uma colocação formal depois que a lei estabeleceu a contratação de deficientes. Não acreditavam na minha capacidade", conta.

Atualmente, ela é auxiliar de escritório, mas ainda participa de eventos.
Seu marido, o advogado Leonardo Fernandes da Cruz, 30, também tem nos eventos uma segunda ocupação. "Meu 1,40 m permite que me disfarce de gnomo. É uma maneira de eu tirar dos ombros o peso do mundo jurídico", reflete.

Legislação

A primeira lei de inclusão do deficiente, a Lei de Cotas, surgiu em 1991 e não incluía o nanismo como necessidade especial. Para o IBGE, a anomalia tampouco é considerada.

"Até hoje não se sabe o número exato de anões que vivem no Brasil. Estima-se que seja 1 para cada 10 mil habitantes", afirma Pottes. No entanto, com o decreto-lei nº 3.298/99, o nanismo passou a figurar entre as deficiências e representou um grande avanço na inserção do anão no mercado de trabalho.

A advogada Tatiana Muniz, 1,26 m, é exemplo disso. Contratada por um banco, deixou o escritório particular em que trabalhava havia três anos. Ela cuida da seção de determinações judiciais e afirma que seu trabalho é muito respeitado pelos colegas. "Sempre tive de lutar muito por causa de minhas limitações. Foi difícil, mas eu consegui", comemora.

Essa determinação não nasce sozinha. Segundo Pottes, o apoio da família é fundamental. "Temos de preparar os filhos para o mundo, dar as sementes necessárias para que colham a vida com coragem", ensina.

Formada em enfermagem pela PUC-SP, Kênia Hubert, 51, também encontrava dificuldades para obter um emprego. "Perguntavam-me como eu atenderia uma parada cardíaca. Não acreditavam na possibilidade de eu ser formada", diz. O único hospital que lhe deu uma chance foi o Beneficência Portuguesa, em 1981, quando a Lei de Cotas ainda não existia.

A enfermeira enfrentou não apenas o preconceito dos colegas que criticavam a sua contratação mas também a desconfiança dos pacientes. No entanto, conseguiu virar o jogo.

"A relação de confiança surge ao demonstrar conhecimento. Quando se transmite o que se sabe, a barreira de preconceito é quebrada", declara Kênia, que atualmente é chefe da seção de curativos do hospital.


     

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