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Brasília Online

07/03/2010

Para FHC, Serra e Aécio cometem erros graves

KENNEDY ALENCAR
Colunista da Folha Online

Ao longo das últimas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso expôs a tucanos e democratas o que definiu como erros eleitorais estratégicos de José Serra e Aécio Neves --respectivamente, governadores de São Paulo e Minas Gerais pelo PSDB.

FHC acredita que a chapa Serra-Aécio já deveria estar na praça faz tempo. Em encontro com senadores tucanos, o ex-presidente disse que Serra e Aécio erraram muito no último ano, deixando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer campanha sozinho pela pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Contra prognóstico do ex-presidente, os governadores não acreditaram que Lula fosse atuar com tanto empenho a favor de Dilma. Sonharam, disse FHC, com uma neutralidade de Lula, avaliando que Dilma não seria competitiva e que o presidente teria interesse em ficar bem na foto com um sucessor da oposição.

Resultado, na opinião do ex-presidente: Dilma cresceu nas pesquisas, assustou o PSDB e encurralou Serra e Aécio. Ele acha que equívocos dos dois principais dirigentes tucanos levaram o PSDB a viver uma clima de derrota antecipada.

Para FHC, entrar na campanha com esse ânimo resultará numa derrota humilhante. Melhor eventual derrota mostrando de forma agressiva que o PSDB é também responsável por políticas públicas hoje identificadas apenas com Lula do que realizar uma campanha acuada.

O ex-presidente tem dito o seguinte. Serra deve ser candidato com Aécio de vice. Só assim para ter chance de vencer Dilma. Os tucanos ouviram de marqueteiros que Serra perdeu o favoritismo. Apesar de ainda liderar as pesquisas, a aliança do PT com o PMDB, a forte popularidade de Lula e o bom clima econômico tornaram Dilma a favorita.

FHC disse que Serra errou ao fugir do choque contra Lula e esperar para debater apenas com Dilma. Segundo o ex-presidente, Lula não vai descer do palanque. Portanto, Serra terá de enfrentá-lo.

Sobre Aécio, disse que a expressão "pós-Lula", cunhada pelo mineiro, é vazia. Só faria sentido se o atual governo estivesse fraco e não tivesse candidatura competitiva. Com Lula popular, o apelo de continuidade é forte. Nesse contexto, indagou FHC à cúpula tucana, por que o eleitor votaria num nome da oposição e não na candidata do presidente?

FHC considera que Aécio erra se acha que o PSDB não debitará eventual derrota também em sua conta, caso ele não se empenhe pela vitória de Serra. Para o ex-presidente, os dois governadores correm o risco de ver o PSDB desidratar por anos a fio se não estiverem unidos para enfrentar Lula e o PT.

Na visão do ex-presidente, se os dois já tivessem assumido a chapa pura do PSDB, teriam feito campanha num período em que ainda havia uma crise econômica acuando o governo. Deixaram Lula e Dilma livres na pista. E estão sendo ultrapassados.

Kennedy Alencar, 42, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

E-mail: kennedy.alencar@grupofolha.com.br

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