Colunas

Regra 10

28/04/2006

O ABC do futebol

EDUARDO VIEIRA DA COSTA
Editor de Esporte da Folha Online

Do ABC Paulista, apenas o B não tem expressão nacional no futebol. Mas o cenário caminha para mudanças. Em breve, o estádio 1º de Maio, a popular Vila Euclides, berço do movimento sindical no Brasil, pode voltar a encher --e não é para ver Lula liderando greve.

Ainda é cedo para falar em primeira divisão, mas o São Bernardo Futebol Clube Ltda já traça caminho semelhante ao do São Caetano, da cidade vizinha, e protagoniza uma ascensão meteórica.

Fundado em dezembro de 2004, o Tigre disputou a Segundona do Campeonato Paulista em 2005 e, com um terceiro lugar, conquistou acesso para a Série A-3 neste ano.

No domingo passado, o novo clube são-bernardense terminou a primeira fase da A-3 com a melhor campanha entre os 20 times, ao bater o Santacruzense por 3 a 0, e chegou para a segunda fase como um dos favoritos para subir para a A-2.

Agora, a equipe precisa ficar em primeiro ou segundo lugar em um grupo de quatro (os outros são Botafogo, Osvaldo Cruz e ECO-Osasco) para garantir o acesso.

Se mantiver o ritmo, o São Bernardo pode figurar na A-1, primeira divisão do Paulista, já em 2008, após pouco mais de três anos de fundação.

O desempenho do novo clube serve para redimir a cidade dos vexames do antigo Esporte Clube São Bernardo, que abandonou o futebol há cerca de quatro anos, depois de nada menos que oito rebaixamentos seguidos --desempenho que rendeu comparações ao pernambucano Íbis, internacionalmente conhecido como o pior time do mundo, e até com o Tabajara FC, do humorístico Casseta & Planeta.

As campanhas vergonhosas do antigo São Bernardo, aliadas ao sucesso de São Caetano --finalista da Copa João Havelange e do Brasileiro e campeão paulista de 2004-- e Santo André --campeão da Copa do Brasil de 2004--, motivaram a criação da nova agremiação.

A exemplo do São Caetano, o São Bernardo Futebol Clube Ltda tem um bom empurrão da prefeitura.

O deputado federal Edinho Montemor (PSB) e o deputado estadual Orlando Morando (PL) estão entre seus fundadores --Montemor é o presidente do clube.

O vice-prefeito da cidade, José Roberto de Melo (PSDB), faz parte da diretoria, assim como o presidente da Câmara dos vereadores, Laurentino Hilário (PSDB), e o vereador Sérgio Demarchi (PSB), 2º Secretário da Câmara.

O prefeito William Dib (PSB) também dá seu apoio e chegou cogitar a concessão de uma subvenção no valor de R$ 400 mil ao clube, mas os vereadores acabaram reprovando o projeto.

Mesmo assim, o time tem o apoio do município para ser divulgado --conta com os serviços do departamento de comunicação da prefeitura, benefício do qual o PSB (antigo Palestra), também de São Bernardo, não desfruta.

Assim como o São Caetano, apadrinhado pelo ex-prefeito Luiz Olinto Tortorello, morto em 2004, o novo São Bernardo pode chegar longe apoiado na máquina pública.

Não à toa, Montemor, que também é ex-secretário de esportes do município, prometeu que o time estaria na primeira divisão em quatro anos. Pelo jeito, pode chegar antes.

O São Bernardo protagonizou uma cena hilária neste ano. Jogando em casa, o time ia tomar a virada do Flamengo, pela 13ª rodada da primeira fase. O atacante Tom driblou o goleiro Huanderson e ficou com o gol livre. Mas aí apareceu um gandula para tirar a bola em cima da linha do gol. Só que o gandula incrivelmente não conseguiu tirar a bola, e o atacante fez mesmo o gol. No final, o São Bernardo ainda conseguiu vencer por 3 a 2.

Dentre os brasileiros da Libertadores, ninguém conseguiu melhor resultado que o Internacional na rodada de ida das oitavas-de-final da Libertadores --venceu o Nacional em Montevidéu por 2 a 1. Menos pelo resultado desta partida e mais pelo que vem mostrando há mais de um ano, o time gaúcho é um dos maiores favoritos ao título.

Um estudo realizado pelo banco suíço UBS prevê que Brasil e Itália farão a final da Copa do Mundo-2006. E quem leva a melhor é a Itália. A metodologia utilizada é mesma que se usa para fazer previsões econômicas, mas são levados em conta fatores como quantidade de participações em Copas, classificações para semifinais, presença de craques nas equipes, jogar em casa, um ranking e o modelo de probabilidades Probit. Um estudo na mesma linha realizado pelo ABN-Amro colocou o Brasil também na final, mas contra França. E, para eles, quem leva é o Brasil. Ou seja, pode dar qualquer coisa, como todos sabemos.

Eduardo Vieira da Costa foi repórter do diário "Lance" e da Folha Online, onde atualmente é editor de Esporte. Escreve a coluna Regra 10, semanalmente, às sextas-feiras, além de comentar futebol em podcast neste mesmo dia.

FolhaShop

Digite produto
ou marca