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Comentários de Claudio Mariano
Em 09/11/2009 16h32
Talvez fosse mesmo de se esperar que um dia acontecesse esse circo na Uniban, ou mesmo em qualquer outra instituição de ensino entregue às necessidades do mercado. Talvez esse circo seja comum no Ensino Fundamental e Médio, onde é fácil botar a culpa da selvageria dos alunos no fato deles ainda não terem maturidade. Mas considerando que chegar à universidade tem representado cada vez mais a possibilidade de simplesmente ter um salário melhor, não dá pra se esperar que as pessoas passem a controlar seu lado selvagem e nem que amadureçam ou adquiram intelectualidade. Falar em intelectualidade torna-se então algo elitista, porque democrático é que cada vez mais pessoas tenham o direito de planejar a viagem pra conhecer o exterior; pagar uma prestação em 48x de um carro maior, mais bonito e de melhor acabamento; pagar um plano de saúde com menos restrições; financiar em infinitas e suaves prestações um imóvel num bairro melhor, que na maioria dos casos é um apartamento recém-construído ou um terreno num condomínio onde só dá pra se chegar de carro; ir ao shopping e gastar sem culpa o tanto que for necessário pra ficar na moda, não apenas com roupas, mas cada vez mais com cirurgias e tratamentos estéticos; pagar pra sermos servidos num restaurante mais caro e onde sejamos vistos, porque trabalhamos duro e honestamente pra chegar onde chegamos. Existem muitíssimas alunas que vão à faculdade com roupas que chamam a atenção, como se elas estivessem num barzinho ou numa pista de dança: usam vestidos curtos e de cores chocantes; clareiam os pêlos das pernas, que são tão grossas que chegam a ser desproporcionais em relação ao tamanho mínimo dos vestidos e das saias, que daí dão a impressão de serem ainda mais curtos; tingem e alisam o cabelo; usam doses exageradas de perfumes, que sendo caros ou baratos, acabam se misturando aos cheiros de tantos outros cremes pro cabelo e pro corpo. Se vestem assim porque depois da aula vão pra "balada", ou porque já internalizaram a idéia de que a faculdade ou o ônibus não são muito diferentes desses ambientes: afinal, é preciso estar bonita, mesmo sem ter consciência de que com isso pode-se despertar a inveja e a indignação das outras meninas menos corajosas ou de gosto supostamente mais refinado e menos duvidoso, além da hipocrisia dos machos que adorariam aproveitar-se delas, mas que se acham no direito de condená-las e de se portar como se estivessem numa torcida organizada. Nisso, a matéria na lousa vira mesmo uma preocupação secundária. Pouco importa se os universitários tem ou não capacidade pra criticar, discernir ou coordenar ideias, porque o mercado de trabalho não está mesmo interessado nisso, e a UniBan e o MEC bem o sabem. E no final, ninguém sabe por que a passagem de avião baixa de preço, enquanto a de ônibus sobe; por que o pedágio sobe e porque reluta-se tanto em investir em trens e metrô, mesmo com o custo maior de implementação; por que derruba-se tanta árvore pra desperdiçar papel, construir mais casas ou aumentar a produção de carne bovina. Por que paga-se tão caro pra ficar cada vez mais dependente de um telefone celular. São pessoas que não saibam responder a essas perguntas que o MEC quer ver formadas.

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