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Comentários de Pedro Duarte Freires
Em 06/09/2008 18h09
A questão do cigarro traz algumas confusões bizarras. A proibição de fumar não é uma proibição à presença do fumante. A proibição se aplica a áreas comuns e fechadas, lugares em que a fumaça dificilmente se dissipa e se baseia no fato de que essa fumaça não-dissipada é mais prejudicial à saúde do que o próprio hábito de fumar.
Pede-se, simplesmente, que o fumante apague seu cigarro nesses locais. Talvez o peso da lei não seja a forma mais apropriada pra se pedir isso, mas não é de todo absurdo o pedido.
Em rodas de amigos que não fumam, fumantes polidos costumam sacar o maço acompanhado da pergunta "Se importam?". Não é difícil perceber que não há exposição à fumaça sem consentimento.
Ora, esse consentimento não é possível num lugar público. Pede-se não fumar, pede-se procurar um lugar devidamente arejado. Ou talvez exista um inestimável prazer em fumar em botecos apertados ao qual os não-fumantes são insensíveis? Duvido muito.
Todo esse alvoroço é ainda mais incompreensível se pensarmos no enorme número de fumantes que gostariam de se livrar de seu vício, mas não conseguem. É raro um fumante que, em alguma medida, não se arrependa de ter começado a fumar.
Alçar a luta pela liberdade de fumar ao status de revolução, enfim, parece-me exagero. Porque, na verdade, ela não foi eliminada, foi restringida. Subtraia do mundo todos ambientes fechados e comuns e ainda sobrará muito espaço onde fumar.
Há outras liberdades que carecem de mais atenção e que estão bem mais ameaçadas.

Em Fumo
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Em 01/09/2008 11h50
A comparação do tabagismo com a obesidade é descabida. Em geral, a obesidade não é voluntária. E por mais que um gordo atrapalhe com seu corpo o trânsito em lugares fechados, ele não exala fumaça tóxica e volúvel, que é respirada sem filtro, pelo seus poros.
Fumar em lugares fechados, em meio a pessoas desconhecidas, é antes de tudo desrespeitoso. Escutar música em alto volume, no meio de pessoas desconhecidas, é igualmente desrespeitoso --e é proibido nos ônibus, por exemplo.
Muito se fala da liberdade do fumante e pouco se fala do efeito espantalho do cigarro sobre os não-fumantes. Para muitas pessoas que não fumam, é realmente insuportável entrar num lugar em que reina a fumaça. E às vezes elas precisam --ou simplesmente querem-- entrar.
Fumar é, na melhor das hipóteses, intrusivo (porque a fumaça é incontrolável e imprevisível) e anti-higiênico (porque gera fumaça). Não vejo motivos para não querer que um ambiente fechado esteja limpo e preserve o mínimo de privacidade das pessoas.
Por fim, impedir um fumante de fumar em ambientes fechados é completamente diferente de impedir um obeso de entrar em algum lugar. O obeso não tem como deixar sua gordura na porta antes de entrar; já ao fumante, basta que ele apague o cigarro no cinzeiro.

Em Fumo
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Em 24/08/2008 12h24
Não entendo como se conclui que a Petrobrás não honrará seu compromissos com os acionistas minoritários, os que investiram o FGTS.
Além disso, não sei por que esperam tanto que a camada pré-sal seja explorada pela iniciativa privada. Eu lamentaria se isso acontecesse. A camads.a pré-sal trará um retorno financeiro muito grande que deve ser usado para minar as absurdas diferenças do Brasil, e não para engordar as contas bancárias do empresariado. E a única instiuição capaz de fazer isso ainda é o Estado. O que cabe à "inciativa privada" é zelar por um estado que cumpra seu papel, vigiando o caminho que esse dinheiro vai fazer. Não é a iniciativa privada que distribui renda, não é ele que oferece educação pública, não é ela que oferece saúde pública.
Deve haver a discussão do que se fazer com o petróleo achado, mas sem sandices liberalista --o Estado tem um papel, e deve cumpri-lo.

Em Petróleo
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Em 18/10/2007 14h54
Proponho que o artigo do Luciano Huck seja entendido por outro viés. É claro que todos têm direito a se indignar e a se mostrarem indignados, e existem vários meios pra se fazer isso. Um deles, por exemplo, é dar queixa do roubo --coisa que ele não fez. Outro meio, também igualmente legítimo, é organizar uma passeata ou simplesmente levantar um cartaz. A Folha de São Paulo, no entanto, é uma empresa privada. Todos podem escrever para a Folha de São Paulo, mas nem todos os artigos vão ser publicados (até os comentários são moderados). Um jornal pode parecer um espaço público, mas por trás dele há sempre um editor que é pago para fazer seu serviço.
A pergunta não é se o Luciano pode ou não reclamar. É por que interessa à Folha de São Paulo que seu artigo seja publicado? Emergiram novamente todas as questões que o "Cansei" levantava (nessa mesma Folha), todas com a mesma polêmica. Com a mesma "neutralidade" dúbia ao fazerem um contraponto do Luciano com o Ferréz. Por que, só agora, interessa tanto a essa parcela rica do Brasil sentir-se representante do país todo? Já que, historicamente, nunca fizeram questão --sempre tiveram o país na mão. Como eu acho que continuam tendo o país na mão (a polícia até achou o "culpado"), será que alguma coisa os jornais não querem informar?

Em Assalto - Luciano Huck
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Em 14/10/2007 15h25
Não sei como os artigos do Ferréz e do Luciano Huck prentendem "estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais" ao refletir os clichês do "pensamento contemporâneo".
Tanto o Ferréz quando o Luciano Huck estão em polós opostos do mesmo clichê, de um mesmo romantismo: o de que os indíviduos não são responsáveis pelos males da cidade, mas sim o Estado. Como se o Estado, invisível, não fosse também composto por outros indivíduos. Ambos reivindicam uma cidadania perdida, um ao dizer que o assaltante, "apesar de morar perto do lixo [...], não era lixo"; o outro ao mostrar como, apesar de abastadamente rico, é um ser humano como qualquer outro.
Penso, no entanto, que tal cidadania nunca existiu. Seja porque a democracia ainda não chegou na favela ou porque a riqueza de uns parece colocá-los acima dela. E tão acima dela que permite à mesma pessoa que diz sentir "pena" do assaltante, vestir no pulso um caríssimo Rolex ao perambular pelos igualmente caríssimos Jardins.
Ora, porque um Rolex não é um relógio qualquer. E não é qualquer pobre com infância dura e pouca educação (e olha que são muitos) que vai sair assaltando Rolex de apresentadores de TV nos Jardins.
Não sei no quê justificar o assaltante ou a indignação do assaltado, enfim, pode ajudar no "debate dos problemas brasileiros". Talvez esperemos para um debate, primeiro, mais informações sobre o problema. E, depois, diferentes respostas para a pergunta crucial ao assunto: por que nossa democracia não funciona?

Em Assalto - Luciano Huck
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