Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/05/2010 - 11h54

Chef sai do interior do Pernambuco para cozinha estrelada na Espanha

Publicidade

LUIZA FECAROTTA
da Reportagem Local

Raline Aragão, 26, nasceu no interior do Pernambuco, numa cidade chamada Palmares, separada por 120 km de Recife. Foi ali que cresceu ao lado da família, que se reunia na casa da avó aos domingos, em torno da mesa. Filha de pai comerciante e mãe cabeleireira, Raline hoje está na Espanha, estagiando ao lado do chef Paco Roncero, no La Terraza del Casino, em Madri, que carrega uma estrela no prestigiado guia "Michelin".

Ela assustou o pai quando se mudou para Recife onde foi fazer o primeiro curso de gastronomia da cidade. Mais tarde, repetiu o susto. Foi convidada para ir para São Paulo trabalhar no Hilton, depois de ganhar um prêmio na Fispal, num concurso de novos talentos, gerido por Laurent Suaudeau. "Meu pai dizia que não queria que eu fizesse gastronomia porque ia me formar e cozinhar para as minhas tias", conta Raline à Folha, por telefone, de sua casa em Madri, no intervalo de um turno para outro.

Divulgação
A chef brasileira Raline Aragão, no evento Madrid Fusión, na Espanha
A chef brasileira Raline Aragão, no evento Madrid Fusión, na Espanha

No Hilton, começou como ajudante de cozinha, atuou na ala da confeitaria e, quando o estágio acabou, foi convidada para ficar por ali, empregada. "Fui contratada e fiquei responsável pelas sobremesas do Canvas, de alta gastronomia. Terminei fixa e fui promovida para segunda cozinheira, depois para primeira."

Pouco depois, Raline foi indicada para participar do concurso para bolsa do Instituto Espanhol de Comércio Exterior, que recebe jovens cozinheiros de outros países para estagiar com chefs estrelados espanhóis.

Espanha

Raline nem arranhava no espanhol. Quando foi selecionada, fez curso intensivo de dois meses e, em seguida, pegou um avião para a Espanha --era a primeira vez que saía do Brasil. "Me deu medo mas é um sonho de qualquer estudante aprender técnicas e conhecer novos ingredientes."

E é no país da vanguarda gastronômica onde vai passar um ano, período em que vai dividir seu tempo em três restaurantes, com moradia, passagem e ajuda de custo bancados pelo governo. Começou a missão em Málaga, ao lado do premiado chef Dani García.

"Cozinhar é uma luta, não é fácil, mas tenho essa paixão." A jovem chef conta como é o trabalho na cozinha do Casino, descreve o silêncio em que os cozinheiros se colocam quando o trabalho começa. "Tem de ter muita atenção." Ficou encantada com a perfeição do trabalho de Paco Roncero: "Temos de cortar legumes com régua, pegamos flores com pinça, usamos nitrogênio. É muita coisa nova, tudo cheio de detalhes".

No começo, confessa que foi difícil, mas hoje tem amigos no prédio onde mora, com mais jovens estudantes estrangeiros, cada um com uma suíte privada. "Meu espanhol evoluiu bastante. Cozinha é comunicação e no início eu não sabia o nome dos ingredientes. Mas como eu passava 12 horas na cozinha, tinha de me comunicar."

Em setembro, volta para casa. Planos? "Quero passar uns dias com a minha família e voltar para São Paulo." Ainda não tem nada certo para a volta, mas sabe o que quer fazer. Sua grande paixão é a cozinha contemporânea, "não tem muita limitação".  

Enquanto isso, mãos a obra. Ela tem, inclusive, uma missão extra para o almoço do próximo sábado. "Paco me pediu para fazer uma feijoada para 80 pessoas. No sábado a gente costuma cozinhar coisas diferentes, quando o restaurante está fechado, no almoço. Outro dia fiz um peixe com molho de coco e coentro, e pirão."

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página