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14/01/2005
-
23h39
SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu inquérito para apurar se houve ou não racismo na abordagem feita por policiais militares a dois jovens negros que corriam por uma rua de Porto Alegre. Os dois iam em direção a uma escola onde fariam vestibular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Com a abordagem, eles chegaram atrasados e não puderam fazer a prova.
O estudante Cristian Silveira, 24, contou que ele e o irmão de 17 anos, que também faria a prova, estavam a dez metros do portão da escola quando foram fechados por um carro da Brigada Militar. Segundo o jovem, os dois foram alvo de preconceito.
"Só nos pararam [a ele e ao irmão] porque somos negros." O comandante da Brigada Militar na região central de Porto Alegre, tenente-coronel Jones Barreto dos Santos, disse que o procedimento dos policiais foi correto, pois os estudantes estavam em atitude suspeita.
De acordo com Santos, os irmãos haviam descido em disparada de uma lotação que estava com o pisca alerta ligado, código usado entre a polícia e os motoristas para indicar situação de risco.
"A abordagem foi tecnicamente correta para verificar uma atitude suspeita", disse Santos. Ele nega que tenha havido racismo e que outra pessoa naquela circunstância também teria sido abordada. A Brigada Militar abriu um procedimento interno para apurar se houve ou não racismo.
Para o pai dos estudantes, o engenheiro Norberto Silveira, houve preconceito racial. "Tenho convicção [de que houve preconceito]. Próximo a locais de concurso é comum pessoas correndo. Por que abordaram só os meus filhos?"
Silveira fez uma denúncia no Ministério Público Estadual contra a Brigada Militar por crime de racismo e entregou um dossiê do caso ao ministro da Educação, Tarso Genro. Ele disse que irá questionar também a UFRGS.
Para Silveira, o porteiro da escola teria visto a abordagem e poderia ter acionado o coordenador do vestibular para que fosse permitido o acesso dos irmãos à prova.
O reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennenann, afirmou que lamenta o fato de os dois jovens terem perdido o vestibular na circunstância relatada, mas que, depois de fechados os portões, não há como permitir a entrada.
"Por justiça aos demais candidatos que chegaram no horário, é difícil para a universidade abrir exceções. Com o portão já fechado, está fora da competência do fiscal julgar o caso e permitir a entrada."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre casos de racismo
Inquérito apura suposto racismo contra estudantes no RS
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da Agência Folha
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu inquérito para apurar se houve ou não racismo na abordagem feita por policiais militares a dois jovens negros que corriam por uma rua de Porto Alegre. Os dois iam em direção a uma escola onde fariam vestibular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Com a abordagem, eles chegaram atrasados e não puderam fazer a prova.
O estudante Cristian Silveira, 24, contou que ele e o irmão de 17 anos, que também faria a prova, estavam a dez metros do portão da escola quando foram fechados por um carro da Brigada Militar. Segundo o jovem, os dois foram alvo de preconceito.
"Só nos pararam [a ele e ao irmão] porque somos negros." O comandante da Brigada Militar na região central de Porto Alegre, tenente-coronel Jones Barreto dos Santos, disse que o procedimento dos policiais foi correto, pois os estudantes estavam em atitude suspeita.
De acordo com Santos, os irmãos haviam descido em disparada de uma lotação que estava com o pisca alerta ligado, código usado entre a polícia e os motoristas para indicar situação de risco.
"A abordagem foi tecnicamente correta para verificar uma atitude suspeita", disse Santos. Ele nega que tenha havido racismo e que outra pessoa naquela circunstância também teria sido abordada. A Brigada Militar abriu um procedimento interno para apurar se houve ou não racismo.
Para o pai dos estudantes, o engenheiro Norberto Silveira, houve preconceito racial. "Tenho convicção [de que houve preconceito]. Próximo a locais de concurso é comum pessoas correndo. Por que abordaram só os meus filhos?"
Silveira fez uma denúncia no Ministério Público Estadual contra a Brigada Militar por crime de racismo e entregou um dossiê do caso ao ministro da Educação, Tarso Genro. Ele disse que irá questionar também a UFRGS.
Para Silveira, o porteiro da escola teria visto a abordagem e poderia ter acionado o coordenador do vestibular para que fosse permitido o acesso dos irmãos à prova.
O reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennenann, afirmou que lamenta o fato de os dois jovens terem perdido o vestibular na circunstância relatada, mas que, depois de fechados os portões, não há como permitir a entrada.
"Por justiça aos demais candidatos que chegaram no horário, é difícil para a universidade abrir exceções. Com o portão já fechado, está fora da competência do fiscal julgar o caso e permitir a entrada."
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