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24/04/2005 - 09h22

Escolas barram lancheira "trash" no recreio

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FÁBIO TAKAHASHI
MAYRA STACHUK
da Folha de S. Paulo

Balas, pirulitos, salgadinhos industrializados e refrigerante. O cardápio "trash" tradicional da hora do recreio foi abolido em muitas escolas de São Paulo.

Preocupados com a obesidade infantil, colégios de classe média/ alta estão oferecendo alimento saudável para seus alunos, principalmente os que têm até dez anos. Alguns, mais rígidos, passaram até a controlar as lancheiras.

O Stance Dual é uma das escolas que adotaram tal medida. "Mandamos de volta bala, pirulito, salgadinho industrializado e refrigerante que as crianças trazem", conta Cristina Marcondes, orientadora educacional do colégio.

A pedagoga Lisa Minkovicius, 39, que tem dois filhos na escola, aprova a rigidez. O mais novo entrou na escola com dois anos. Aos seis, Lisa notou que as preferências do garoto mudaram. Agora, aos nove, quando é indagado sobre qual comida gosta, Dani responde: "Salada com alface".

Outra escola que devolve as "tranqueiras" levadas pelos alunos é a Carlitos, em Higienópolis (centro). Também são proibidos doces (como balas e chicletes) e salgadinhos industrializados. O controle nas lancheiras é feito até a 4ª série do ensino fundamental. A diretora Manuela de Castro Anabuki conta que os pais ficam mais apreensivos que os filhos. "Eles dizem "será que meu filho vai comer frutas? Ele não come em casa". Mas criança, ao ver o amigo comendo, come também."

O lanche recomendado pelas escolas tem como base frutas, sucos e lanches naturais, principalmente os com pão integral, por ser rico em fibras. Frituras e refrigerantes estão vetados onde há projetos de educação alimentar.

A preocupação com o que é ingerido pelas crianças ocorre devido aos atuais altos índices de obesidade infantil. Pesquisa feita pela LatinPanel (empresa dos grupos Ibope, TNS e NPD) apontou que 35% dos jovens entre 7 e 12 anos estão acima do peso no Brasil. Foram entrevistadas 25 mil pessoas, representando 82% da população brasileira e 86% do potencial de consumo do país. O estudo foi divulgado no ano passado.

Em vez de controlarem o que as crianças levam, algumas escolas preferem oferecer elas mesmas o lanche. É o caso da Escola Viva, na Vila Olímpia (zona oeste). Por dia é oferecido um suco e uma fruta, para que as crianças consumam o que elas ainda não conhecem.
Neste ano, o Dante Alighieri (zona oeste) começou um projeto-piloto no maternal. Todas as crianças passaram por um exame físico. As que apresentaram alterações como obesidade serão acompanhadas individualmente.

Na I.L. Peretz (Vila Mariana, zona sul) são feitos encontros para explicar o que é a alimentação saudável. "As crianças já mostram muita preocupação. Perguntam se estão no peso", diz a nutricionista Adriana Riga. "Mas não adianta, elas pedem muito batata frita e nuggets", conta.
As ações de controle da alimentação na Escola da Vila começaram neste ano. Para a coordenadora pedagógica da escola, Ângela De Crescenzo, para se ter sucesso em projetos como esse, é necessário muito diálogo e conscientização dos alunos. "Senão, vira só uma festa."

Já na escola Quintal, (Morumbi, zona oeste), há ainda a preocupação de oferecer alimentos que estimulem a mastigação das crianças. "A idade entre zero e seis anos é muito importante para formação da fala. A mastigação é usada para fortalecer os músculos [da boca]", diz a coordenadora Fernanda Maria Nedopetalsky.

No Santo Américo, no Morumbi, mudou-se a forma de apresentação da salada, que é servida agora em louças coloridas. "Com isso, aumentamos em 66% esse consumo", conta a nutricionista Sonia Lauterjung.
Os colégios Pentágono estão implementando programas de educação alimentar. Antes das restrições começarem na escola, a reportagem presenciou uma criança de oito anos comendo hambúrguer às 10h.

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