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21/09/2005 - 00h37

Fumaça ocasionada por queimadas prejudica moradores do Acre

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SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha

Todos os municípios do Acre estão cobertos por uma densa fumaça proveniente de queimadas na região. Ontem, havia cerca de 500 focos de calor no Estado de acordo com dados coletados por satélites.

Os hospitais e postos de saúde de Rio Branco estão lotados com pessoas com problemas respiratórios. O aeroporto da capital ficou fechado por mais de 24 horas. Só ontem à tarde ele voltou a operar.

Segundo o secretário do Meio Ambiente do Estado, Carlos Edegard de Deus, a situação está mais grave, pois o vento está levando para o Acre a fumaça de queimadas que ocorrem em Estados vizinhos como Rondônia e Mato Grosso, onde foram registrados 8.000 focos de calor, e na Bolívia.

"Em 34 anos de medição, nunca tivemos uma situação climática tão crítica em relação à seca como a atual", disse o secretário.

Há mais de três meses não chove forte no Estado, e a umidade relativa do ar chegou a 25%, o mais baixo percentual registrado no Acre desde o início das medições. Não há previsão de chuva para os próximos cinco dias.

A floresta amazônica, que em situações normais, ajuda a barrar os incêndios já que é muito úmida, atualmente, com a seca, também está queimando. Há dois dias, 30 bombeiros tentam controlar um incêndio na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri.

O diretor-geral do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, Marco Aurélio Nunes Pereira, disse que o atendimento a pacientes com problemas respiratórios aumentou em 10% desde o sábado, quando a situação se agravou.

Normalmente 30% das cerca de 800 pessoas que procuram diariamente o hospital têm problemas respiratórios. Agora, esse percentual passou para 40%. "A tendência é que esse percentual aumente mais se as condições do ar continuarem assim", disse.

Segundo o diretor, a fumaça irrita o sistema respiratório, o que torna o organismo mais vulnerável às infecções. As pessoas com histórico de alergias respiratórias, como asmas e rinites, são as que mais sofrem com a fumaça.

"A situação é gravíssima. Estamos com os olhos ardendo e há muita fumaça até dentro de casa", disse a pneumologista Célia Rocha, assessora especial da Secretaria da Saúde do Estado.

Segundo ela, a secretaria está alertando a população para adoção de medidas que minimizam o efeito da seca através de inserções no rádio e de visitas a escolas e associações.

A recomendação é beber líquidos, colocar bacias com água dentro de casa e comer comidas leves.

Fora de controle

Apesar de o governo do Estado e do Ibama terem editado uma portaria conjunta proibindo as queimadas no Acre, para a promotora Patrícia Rego, da promotoria de Meio Ambiente, são elas as responsáveis pela situação. Segundo Rego, 99% dos incêndios são causados pelos agricultores que, por causa da seca, não conseguem controlar o fogo.

"Muitas vezes, o agricultor quer queimar apenas um hectare, mas, como as árvores estão desidratadas, o vento alastra o fogo e acaba queimando 50 hectares", disse Rego.

Segundo o secretário do Meio Ambiente, os pequenos agricultores continuam praticando queimadas mesmo com a proibição, mas há ocorrência também de incêndios acidentais.

Ontem a promotora esteve reunida com o governador Jorge Viana (PT) e com órgãos ambientais e de segurança do Estado para traçar um plano de repressão e controle das queimadas.

Segundo o secretário do Meio Ambiente, a partir de ontem à tarde seria montada uma operação de mobilização utilizando servidores do Estado, auxiliados pelo Exército, para alertar os agricultores contra as queimadas e pedir para que avisem as autoridades quando for localizado um foco de incêndio.

"Ainda não é possível prever os prejuízos, mas sabemos que há muito pasto, muita plantação e até criação sendo queimada. É uma situação de emergencial, calamitosa até", disse o secretário.

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