Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/02/2006 - 09h20

Periferia vibra com despejo de brigões VIPs

Publicidade

LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo

Às 4h de ontem, começou a operação bota-fora no camarote do Bar Brahma, localizado em um setor do sambódromo de São Paulo. O primeiro expulso foi um armário loiro, "personal trainer", segundo a namorada dele, jogado para a rua por oito seguranças porque começou a chutar outro fortão no meio do salão em que se divertiam 2.800 foliões.

A galera que não podia entrar no camarote, e que se acotovelava na porta porque estava sem ingresso, a-do-rou ver a defenestração do "playboy". "Escadinha Vida Lôka", 15, e seus amigos gritaram em coro para ele: "Otário, otário, otário". Para quê.

O fortão começou a chutar o que via pela frente, seguranças incluídos. A confusão só cessou quando o encrenqueiro foi despachado em um ônibus. Por pouco tempo. Logo, os seguranças jogaram mais um briguento na rua. De novo, o coro: "Otário, otário." Agora, o jovem sacou um maço de notas de dólar do bolso da calça justa, avançou contra os meninos e meninas na porta, e gritou: "Isso é dólar, seus m..., quando vocês tiverem uma nota dessas, aí vocês falam comigo". Mais confusão. Outros dois fortões seriam despejados da festa do camarote até o final da noite. Sempre as namoradas chorando.

Tudo o que quiser

Os 37 amigos de "Escadinha Vida Lôka" marcaram encontro na porta do camarote do Bar Brahma. Muitos saíram de bairros da periferia de São Paulo, como Itaquera, Capão Redondo e Vila Nova Cachoeirinha, com o plano de flagrar alguma celebridade dentro do espaço ilustre.

O objetivo máximo, entretanto, era arrumar uma camiseta do Bar Brahma, que funcionava como ingresso para o espaço.

Para os garotos, a camiseta custava inatingíveis R$ 750. Foi isso o que os 2.800 foliões do primeiro dia do camarote do bar pagaram para ter direito a consumir tudo o que quiseram em chope, vodca, uísque, carne, frutas e frios. A liberalidade deu origem a números vistosos. No fim da festa, foram ingeridos 5.800 litros de chope (mais de dois litros per capita), 600 garrafas de vodca, um número não contabilizado de uísque, três toneladas de frutas e 300 quilos de carne, servida na forma de churrasquinho (todo mundo saía do camarote com cheiro de maminha defumada), além de 1.500 quilos de frios.

Os meninos do lado de fora até tentaram se divertir caçando celebridades. Anderson Clemente de Bezerra, 14, que veio da favela do Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, fotografava com seu celular todo mundo que passava na frente dele. "Esse é famoso, não é?", perguntava ele aos repórteres no local (170 credenciados pelos organizadores do camarote). Não era.

Soneca no canteiro

Anderson só teve sucesso no reconhecimento de uma celebridade: Márcia Imperator, ex-garota do "Teste de Fidelidade", do programa ""Eu Vi Na TV", da RedeTV! e atriz do vídeo erótico "Fidelidade à Prova". Vários outros contemplados com convites vip pelos dirigentes do Bar Brahma conheceram a fama antes de o jovem se entender por gente. O cantor Moacir Franco, por exemplo, foi sucesso nos anos 60. Estava lá com a mulher. Outros: a atriz Nicole Puzzi, o ex-jogador de futebol Muller, a cantora Fafá de Belém, a personal trainer (assim ela se define), modelo e atriz Solange Frazão, o jogador de vôlei Pampa (candidato derrotado a vereador).

Como as brigas na porta do camarote atraíram a Polícia Militar, que de lá não saiu mais, os meninos entenderam que o jogo deles deveria mudar: no fim da noite, "Vida Lôka" e seus amigos só pediam os copos cheios de cerveja, ou outros alcoóis que os convidados do camarote lhes davam quando iam embora. Às 7h, a turma da periferia estava tombada em um canteiro na rua do sambódromo, que ninguém é de ferro.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Carnaval
  • Leia a cobertura completa sobre o Carnaval 2006
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página