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07/03/2006 - 10h33

Especialistas divergem sobre eficácia da ação do Exército no Rio

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, no Rio
da Agência Folha, em Porto Alegre

O Exército iniciou no último fim de semana uma operação em favelas do Rio para tentar recuperar dez fuzis FAL e uma pistola roubados na madrugada de sexta-feira (3). A ação dos militares divide especialistas consultados pela Folha. A principal preocupação não é com a legalidade da intervenção, mas com o resultado da operação.

Para o presidente da OAB, seção Rio, Octávio Gomes, do ponto de vista legal, não há nenhuma irregularidade na ação do Exército, já que ela está sendo feita em parceria com o Estado.

"Achei positiva a resposta do Exército porque ele se sentiu afrontado. É uma humilhação você entrar num quartel, roubar um fuzil e sair pela porta da frente."

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia do Rio, deputado Geraldo Moreira (PMDB), discorda. "Achei precipitadíssimo. O Exército não tem formação apropriada para esse tipo de incursão. Ele tem um setor de inteligência fortíssimo. Deveria usar primeiro para impedir que o roubo ocorresse e, depois, para achar as armas."

Segundo o sociólogo e professor da Uerj Ignácio Cano, a atuação do Exército não é ilegal, mas pode ter um resultado indesejado. "Eles estão atuando em um número grande de favelas, o que mostra que a inteligência ainda não tem dados precisa de onde os fuzis estão."

O presidente interino da República e ministro da Defesa, José Alencar, disse ontem, em Porto Alegre, considerar um direito do Exército a invasão feita no Rio. "O Exército está com autorização judicial buscando o que lhe é de direito."

Operação

Na madrugada da última sexta, sete homens vestindo roupas camufladas e toucas ninja invadiram o ECT (Estabelecimento Central de Transportes) do Exército, no bairro de São Cristóvão, e roubaram o armamento de soldados responsáveis pela guarda.

Um inquérito policial militar foi instaurado depois do roubo. Após as primeiras investigações, o Exército obteve mandados de busca junto à Justiça Militar e iniciou as buscas.

No total, segundo o Comando Militar do Leste, mais de 1.200 homens das Forças Armadas e da Polícia Militar estão envolvidos na operação, que só deverá terminar quando as armas forem encontradas.

Na noite de domingo (5), uma bomba de fabricação caseira foi jogada contra os soldados que ocupam o morro da Providência. Na segunda-feira, um garoto de 16 anos morreu após ser atingido por um tiro no morro do Pinto. Minutos antes, os militares trocaram tiros com traficantes do vizinho morro da Providência, ocupado pelo Exército.

O rapaz observava, de um mirante, a ação da PM e do Exército. Ele segurava um guarda-chuva fechado enquanto acompanhava à distância a operação. Para os amigos, o objeto foi confundido com um fuzil pelos militares, que atiraram. O Exército nega ter envolvimento na morte.

A Secretaria de Segurança abriu inquérito para apurar quem atirou no rapaz. Para a secretaria, ele pode ter sido vítima de uma bala perdida durante o tiroteio.

De acordo com o Comando Militar do Leste, nove favelas da região metropolitana do Estado foram cercadas: o morro da Providência (centro), Nova Brasília (no complexo do Alemão); Vila dos Pinheiros (complexo da Maré), além do morros do Dendê e da Mangueira e das favelas do Jacarezinho, Manguinhos, Jardim América e Parque Alegria.

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