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23/03/2006 - 22h15

Presos mortos asfixiados na cadeia de Jundiaí estavam em "seguro"

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da Folha Online

Os sete presos mortos asfixiados na madrugada desta quinta-feira na cadeia pública de Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo), durante uma rebelião, estavam em uma cela destinada exclusivamente a ameaçados de morte, segundo a PM (Polícia Militar). Dois presos e uma refém ficaram feridos.

Os detentos morreram asfixiados com a fumaça de colchões queimados, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública.

A polícia trabalha com duas hipóteses para o incêndio: ou os presos que estavam na cela segura --cerca de 30-- atearam fogo em colchões para que os demais não entrassem e os agredissem; ou os presos atearam fogo no colchões para matar os que estavam na cela.

No total, cinco pessoas foram mantidas reféns pelos rebelados. Uma delas foi liberada pouco depois do início do motim e levada a um hospital --estava emocionalmente abalada, de acordo com a Polícia Civil de Jundiaí. Na madrugada desta quinta, outro refém foi libertado.

Porém, uma investigadora e dois carcereiros permaneceram em poder dos rebelados até o final das negociações, nesta manhã. Eles passam bem. O motim havia começado por volta das 14h30 de quarta-feira (22), após uma tentativa de fuga. Parte da unidade foi destruída.

A cadeia tem capacidade para 120 pessoas, mas abrigava 484, sendo cerca de 20 adolescentes em uma cela separada.

Adolescentes

O juiz da Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí, Jefferson Torelli, e a Promotoria começaram nesta quinta a procurar um lugar para onde transferir os adolescentes. Segundo o juiz, os adolescentes ficam em uma cela na cadeia porque não há unidades da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) em Jundiaí ou naquela região.

"Normal não é [adolescentes em uma cadeia]. O ideal seria que tivéssemos uma unidade da Febem em Jundiaí ou região. Eles ficam provisoriamente em uma cela especial na cadeia até que surjam vagas em unidades da Febem em Campinas ou São Paulo", disse o juiz.

Revolta

A doméstica Maria Antonia de Oliveira, 52, mãe de Roberto de Oliveira Leonel, 22, que morreu durante a rebelião na Cadeia de Jundiaí, disse ontem que pretende cobrar responsabilidade do Estado na Justiça pela morte do filho. Até as 18h30, apenas cinco dos sete presos haviam sido identificados. A causa morte deles, segundo o IML, foi asfixia.

A mãe de Leonel disse que o filho aguardava julgamento há um ano e dois meses e era acusado de homicídio. "Não sei o que aconteceu com ele, mas vou procurar meus direitos e cobrar o Estado pela morte dele", disse Oliveira, minutos após ter reconhecido o filho no IML do Cemitério Monte Negro, em Jundiaí.

Ela disse que o filho tinha sido transferido para a Cadeia de Jundiaí havia cerca de três meses e que antes estava detido na Cadeia de Itatiba (84 km a norte de São Paulo). "Estive com ele pela última vez na quinta-feira da semana passada durante a visita, e ele pareceu tranqüilo. Não percebi nenhuma movimentação diferente na cadeia."

Oliveira disse que o filho estava na cela segura porque havia brigado com outros presos e estava jurado de morte. "Não sei até hoje por que ele foi transferido de Itatiba para Jundiaí sem justificativa. Ele podia ter ficado lá."

Do lado de fora da cadeia, diversos parentes conversavam com presos por meio de telefones celulares. "Eles [os presos] estão sendo muito maltratados lá dentro. Eles levam uma vida de cão porque está superlotado. Com o calor, as coisas ficam ainda piores", disse a mulher de um dos presos, que preferiu se identificar apenas como L.R.S., 35.

Com Agência Folha, em Campinas

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