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14/04/2006 - 20h42

Chuvas atingem 116 mil no Pará e já começa a faltar alimento

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THIAGO REIS
RENATA BAPTISTA
da Agência Folha

As chuvas que já atingiram 116 mil pessoas no Pará e causaram oito mortes estão deixando parte da população sem alimentos. O último relatório da Defesa Civil aponta que as 19 cidades atingidas (16 em situação de emergência) necessitam, com urgência, de 8.032 cestas básicas.

O Corpo de Bombeiros diz que a situação está sob controle. "Nós já começamos a entregar para as pessoas que estão em abrigos as primeiras cestas básicas", afirmou o capitão Marcos Victor Norat. Ontem, foram distribuídas 10 mil, concedidas pelo governo federal, disse ele.

A situação é bastante crítica em Almeirim, que precisa de 1.775 cestas básicas. Há, na cidade, ao menos 10 mil pessoas afetadas por enchentes.

A cidade já registrou três mortes nos últimos dias. Foram duas crianças, uma de três anos e outra de dez meses, e um homem de 74 anos.

Em todo o Estado, o número de desabrigados sobe a cada dia. Já são 5.000. Há ainda outros 14 mil desalojados.

Há dois municípios que somam quase metade dos atingidos pelas chuvas: Óbidos (com 22.135) e Eldorado do Carajás (com 23.500 pessoas afetadas). Em Marabá, 2.220 moradores já ficaram desabrigados e tiveram de sair de suas casas.

Em Eldorado do Carajás, pelo menos 600 km de estradas estão em condição precária de tráfego. Algumas pontes foram destruídas pela força das chuvas.

Cerca de 30 pessoas perderam o emprego em razão da paralisação de uma fábrica de cerâmica. Há prejuízo para os produtores de leite. As perdas chegam a 35%, o que corresponde a 120 mil litros por dia --que não conseguem ser escoados.

Há 150 técnicos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil na operação. Um efetivo do Exército também está presente nas cidades em que há prejuízos.

De acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), nas regiões central, norte e oeste do Pará já choveu entre 100 mm e 200 mm a mais do que era previsto para todo o mês de abril (em torno de 300 mm).

As inundações são provocadas pelo transbordamento dos rios Tapajós (oeste), Xingu (centro), Araguaia e Tocantins (sul), que está acima do nível máximo.

Hoje pela manhã, órgãos de hidrologia registraram 12,3 m --índice que consideram crítico.

Os seguintes municípios estão sob o decreto de emergência: Anapu, Tucumã, Rondon do Pará, Porto de Moz, Almeirim, Parauapebas, Água Azul do Norte, Eldorado do Carajás, Óbidos, Marabá, Novo Progresso, Itaituba, Altamira, Prainha, Tucuruí e Monte Alegre.

Portel, Itupiranga e São João do Araguaia continuam em estado de alerta.

Vítima da enchente

A técnica de enfermagem Clorisvaldina Alves de Sousa, 47, é uma vítima das enchentes no bairro de Santa Rosa, em Marabá.

Desde 1970, quando chegou de Tocantinópolis (então no Estado de Goiás, hoje em Tocantins) para se casar, ela precisa deixar sua casa pelo menos uma vez por ano, na época de chuva. Ela se muda para a cada da irmã, em Novo Repartimento.

A enfermeira disse que ainda não foi à casa da irmã nesse ano, pois "a água só invadiu a cozinha até agora".

"Há dois anos cheguei a ficar três meses fora de casa, pois a água não descia", afirmou.

Sem trabalhar há quase um ano, Sousa, que mora com um filho desempregado de 21 anos, disse que não tem condições de se mudar definitivamente do local. Ela conta com a ajuda de uma filha e de amigos.

"Quando perdi uma geladeira na enchente, os amigos se juntaram e compraram uma nova para mim."

Além do inconveniente de ter de se mudar sempre, Sousa também reclama das condições do local. Diz que sempre encontra cobras, ratos e baratas e que as pessoas de seu bairro vivem doentes. No ano retrasado, ela teve dengue.

"É difícil até mesmo achar trabalho, pois aqui pegamos muitas viroses", afirmou.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre os prejuízos causados pela chuva


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