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13/05/2006 - 09h02

Onda de ataques do PCC mata ao menos 14 em São Paulo

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da Folha Online

Ao menos 14 pessoas --entre eles policiais militares, civis, guardas civis-- foram assassinadas em São Paulo entre a noite de sexta-feira (12) e a madrugada deste sábado. A série de ataques seria uma resposta do PCC (Primeiro Comando da Capital) à decisão do governo do Estado de isolar líderes da facção criminosa.

Nilton Fukuda/Folha Imagem
Ataques a policiais começaram após transferência de presos
Ataques a policiais começaram após transferência de presos
Levantamento preliminar aponta que as vítimas são seis policiais civis, quatro policiais militares, dois guardas municipais, um agente penitenciário e a namorada de um policial. Ao menos outras 15 pessoas ficaram feridas. Alguns suspeitos foram mortos em confrontos e outros acabaram detidos.

As ações ocorreram em diversas regiões da cidade e em alguns municípios do litoral e interior do Estado. Os ataques começaram horas após a transferência de líderes do PCC para uma unidade em Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo) e para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), da Polícia Civil, em Santana (zona norte de São Paulo). Os policiais estariam investigando o planejamento de uma onda de crimes e rebeliões.

Entre os presos levados para o Deic estava Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, líder da facção. Os oito integrantes do PCC que estavam na unidade foram transferidos por volta das 8h30 deste sábado.

No início da madrugada, toda a cúpula da polícia se reuniu no quartel da Polícia Militar, na região da Luz, para avaliar a onda de ataques. Participaram da reunião o Secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, o comandante do Policiamento Metropolitano, Eliésio Rodrigues, e comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges.

No início dos ataques, Marcola foi levado à sala do diretor do Deic, mas o teor da conversa não foi divulgado. Por meio de sua assessoria de imprensa, Bittencourt admitiu que Marcola conversou informalmente com policiais do Deic, mas negou que ele tenha prestado depoimentos formais.

Penitenciárias

Presos de duas penitenciárias localizadas no interior de Estado mantêm reféns desde a tarde de sexta. Não há informações sobre feridos ou reivindicações. As rebeliões ocorrem na penitenciária 1 de Avaré (262 km a oeste de São Paulo) e na penitenciária de Iaras (282 km a noroeste de São Paulo), unidades que abrigam integrantes do PCC.

Durante toda a quinta-feira (11), a SAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) promoveu uma megaoperação que transferiu mais de 600 detentos para a recém-reformada P-2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo) e realizou revistas em todas as unidades de regime fechado do Estado. A secretaria definiu a operação de reocupação da prisão de Presidente Venceslau como "administrativa" e atribuiu a uma casualidade o fato da reforma ter terminado dias atrás.

Com a transferência em massa, porém, o governo teria como objetivo desarticular a atuação de facções criminosas no sistema penitenciário --inclusive na promoção de rebeliões simultâneas.

Vítimas

Saiba onde foram mortas algumas das vítimas, durante a onda de ataques ocorrida entre a noite de sexta e a madrugada deste sábado em São Paulo:

- no Itaim (zona sul de São Paulo), um policial civil foi morto em um bar na rua Clodomiro Amazonas. De acordo com a polícia, um homem não-identificado entrou no local vestindo uma touca ninja e atirou no policial.

- na região do do 85º DP (Jardim Mirna), também na zona sul, um carcereiro foi morto a tiros quando saía da casa da namorada. Na Capela do Socorro, um escrivão e um agente policial morreram em duas ações diferentes.

- em Guaianazes (zona leste), outro policial civil foi assassinado.

- em Jandira, na Grande São Paulo, dois guardas foram mortos após serem atacados quando trafegavam em um carro da corporação por volta das 22h30 de ontem. Também foram registrados ataques a carros da Guarda Municipaç em várias cidades vizinhas como Barueri, Cotia e Itapevi.

- em Osasco (Grande São Paulo), um PM foi morto enquanto realizava uma patrulha.

Bases

Somente na zona leste de São Paulo, ataques a três trailers da PM (Polícia Militar) que servem de bases comunitárias móveis deixaram ao menos quatro policiais e uma mulher feridos.

No bairro do Sapopemba, o ataque a um trailer estacionado na esquina da rua Luiz Pimentel com a rua Milton da Cruz deixou um PM ferido nas pernas e uma mulher que passava pelo local ferida na mão. Em outro ataque, na avenida Sapopemba, um PM foi baleado no ombro. Na praça Miguel Ramos de Moura, outro ataque deixou dois PMs feridos.

No final da noite de ontem, uma bomba caseira foi jogada contra outra base da Guarda Municipal do Guarujá (Baixada Santista). Havia apenas um guarda civil no momento do atentado, e ele não foi atingido.

Prisões

Um grupo de homens invadiu e disparou tiros na delegacia-sede de Cubatão por volta das 20h30. Um investigador foi atingido por sete tiros e uma carcereira, por dois. Eles haviam sido submetidos a cirurgias e seguiam internados em estado grave até a 0h30 deste sábado.

Logo após o ataque, dois suspeitos --que estavam em uma moto-- foram perseguidos e presos no viaduto 31 de Março. Com eles foram apreendidas uma metralhadora de fabricação israelense, duas pistolas .380 e um carregador .40.

Outro ataque, em Itapevi (Grande São Paulo), quase culminou em prisões de suspeitos. Guardas civis chegaram a trocar tiros com criminosos escondidos em um matagal, no bairro Santa Rita. Ninguém ficou ferido. Porém, como o local é de difícil acesso, os guardas não conseguiram prender nenhum suspeito, apesar de terem realizado um cerco na região.

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