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15/05/2006 - 09h34

"Centralizar polícia foi crucial na Colômbia", diz general

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RAUL JUSTE LORES
da Folha de S.Paulo

O general Óscar Naranjo, diretor da Polícia Judicial da Colômbia, está há 30 anos na Polícia Nacional de seu país. Nos últimos 20, ele esteve em todas as operações que desbarataram alguns dos maiores cartéis de droga no mundo, como o de Medellín.

Apesar de as guerrilhas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e dos paramilitares ainda fazerem daquele país um dos mais violentos do mundo, Bogotá conseguiu derrotar os grandes cartéis, que produziam atentados e desafiavam a polícia colombiana --ao estilo do que promove agora a facção criminosa PCC.

Naranjo explicou à Folha como Justiça, forças especiais e uma presença mais forte nas favelas foram decisivas.

Folha - O combate às drogas é totalmente centralizado?

Óscar Naranjo - Não temos polícias locais. Para combater o narcotráfico, é uma vantagem. Polícias locais são muito frágeis diante do crime organizado porque os policiais e suas famílias têm muito a perder se vivem no mesmo lugar onde moram os traficantes.

A seleção também é importante. Precisa ser força de elite. Usamos forças de inteligência, respaldadas por pequenos comandos para a captura. Usamos até detector de mentiras e acompanhamos o rendimento de cada policial.

A queda da criminalidade é reflexo dessas mudanças. Cada comunidade precisa ter polícia ali. Hoje temos 130 mil efetivos, 32 mil a mais do que há três anos. Em 2002, houve 28 mil homicídios na Colômbia. No ano passado, foram 18 mil. É muito ainda, mas foi uma recuperação formidável.

Folha - Quais foram as medidas mais bem-sucedidas?

Naranjo - Foi criada uma jurisdição especial só para julgar os traficantes, com "juízes sem rosto", como ocorreu no direito penal italiano para julgar a Máfia. Não consta do processo a identidade do juiz para que não seja objeto de ameaças, intimidação ou morte. As equipes de inteligência foram fortalecidas. Também criamos os Corpos Especiais Armados, uma força de elite policial. Fazíamos "blocos de busca" para perseguir os cabeças dos cartéis.

Por último, o governo nomeou uma "secretária presidencial" para cuidar exclusivamente das favelas de Medellín. María Emma Mejía era responsável por criar políticas sociais para as favelas, com novas escolas, centros de saúde e convivência. Mejía virou chanceler do país depois. Ela tinha a responsabilidade política de recuperar a confiança no Estado.

Folha - Como são essas forças?

Naranjo - Um corpo de policiais muito qualificado, especializados em inteligência e operações urbanas. Eles só operam em grupo, no mínimo 30 homens. Nunca patrulhas pequenas. Com alta capacidade de mobilização, só em carros blindados, coletes antibalas para fazer operações em profundidade nessas favelas. Temos instrutores americanos e britânicos.

Folha - Mas eles não eram recebidos à bala na entrada das favelas?

Naranjo - Sim, mas não pode haver terrenos vedados ao Estado. Os ataques à polícia visam criar uma nova frente de atenção pública e institucional. Há interesse para deslegitimizar toda a ação do Estado. Temos que resistir a isso.

Sempre que se extraditava um chefão para os EUA, eles atacavam a polícia. Pablo Escobar decretou guerra para conter os processos de extradição. Houve atentados contra juízes, policiais, prédios públicos. Mais de 500 policiais foram mortos em Medellín em 14 meses, entre 1990 e 1991.

Folha - Aqui os chefões continuam a dar ordens da prisão. Como foi feito esse isolamento?

Naranjo - A extradição para os EUA funcionou. Há sete anos, foram criadas duas cadeias de altíssima segurança, para 1.500 prisioneiros cada uma, só para terroristas e narcotraficantes.

Essas prisões não estão em centros urbanos. Foram construídas em zonas isoladas e têm disciplina especial. Todos usam uniformes, é proibida a circulação de dinheiro. Visitas, só de parentes e advogados.

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