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17/05/2006
-
12h14
da Folha de S.Paulo
da Folha Online
Desde a noite da última sexta-feira (12), ataques atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) causaram pânico em São Paulo. A ação --a maior contra a força de segurança do Estado-- foi uma resposta da facção à decisão do governo de isolar lideranças.
Segundo balanço divulgado terça-feira (16) pelo governo do Estado, foram 251 ataques em diferentes pontos do Estado. No total, 115 suspeitos foram presos e outros 71 foram mortos em supostos confrontos.
Ainda segundo o balanço parcial, as ações contra as forças de segurança causaram 44 mortes --23 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária, e quatro civis --entre eles a namorada de um policial. Ficaram feridos 22 PMs, seis policiais civis, oito guardas municipais, um agente penitenciário e 16 cidadãos.
Depoimentos
Leia alguns depoimentos:
ADRIANE GALISTEU, apresentadora - "O sentimento é de indignação. Fiquei muito mais chateada que com medo. Eu estava e estou triste. O Brasil é tão maravilhoso e ao mesmo tempo dá tanta vergonha de ser brasileira ao olhar para os políticos. Neste ano de eleição, algum político irá se aproveitar dessa situação. É preciso ver bem em quem irá votar."
ANA MARIA BRAGA, apresentadora - "Claro que eu tive medo. Toda a população teve medo. O medo é inerente a essa situação que nós vivemos de morar na cidade grande. A situação deixa a população desmoralizada, fragilizada. É preciso que o Estado seja organizado e integrado em ações que reprimam o crime."
ALEX ATALA, chefe de cozinha - "Foi como uma tromba d'água que caiu à tarde. A partir das 13h até as 15h, os clientes começaram a ligar cancelando as reservas. Acabei fechando, porque pensei no transporte público que os funcionários teriam que pegar. Enfim, eu também não teria cliente naquela noite."
ALEXANDRE HERCHCOVITCH, estilista - "Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua era um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo pra casa. Parecia o dia em que o Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo."
PAULO SKAF, presidente da Fiesp - "Não tive medo, mas tive preocupação com a sociedade paulistana e brasileira. Acho que todas as nossas instituições têm de ser respeitadas e a lei tem de ser cumprida. E que esta experiência que nós tivemos sirva como lição no sentido de parar de discutir questões e ir buscar soluções."
JOSÉ ROBERTO AGUILAR, artista plástico - "Estou preocupadíssimo com a situação, porque me parece que é uma coisa que está fugindo do consenso de democracia. Toda a questão me parece um arbítrio de forças. E é claro que eu tive medo. A situação foge bastante do princípio da democracia. É muito terrível."
CHIQUINHO SCARPA, empresário - "Fiquei em casa o dia inteiro, razoavelmente tranqüilo porque um desses grandes grupos de segurança fica a um quarteirão da minha casa. Por sinal, eles foram atacados também. O pior foi o desfecho do episódio: não fiquei assustado com os bandidos, mas com o governo."
MAURO FREIRE, cabeleireiro - "O mais terrível para mim foi perceber a fragilidade em que vivemos. Quando a gente acha que mora em um país civilizado, sem guerras, de repente se vê impedido de sair de casa no maior Estado do país. Todos reféns da violência, sem ter a quem apelar no momento crítico."
CELSO FRATESCHI, ator - "Foi uma sensação amarga. Os boatos eram cada vez mais escabrosos, como se já não bastasse a gravidade da coisa em si. Não existe uma estratégia de se enfrentar o problema de uma forma definitiva. Do modo que se cultiva a violência, fica cada vez mais distante uma solução."
LILIA CABRAL, atriz - "No domingo, a minha vontade era ir embora. Não se pode conviver com essa guerra e nós desprotegidos. Vendo tudo o que a imprensa publicou ultimamente, eu me sinto dentro de um poço que não tem fundo. Parece que a gente está sempre caindo e eu não consigo ver uma luz."
Segurança
Logo após o início dos ataques, a cúpula da segurança de São Paulo e entidades de direitos humanos também comentaram os ataques. Leia algumas frases:
SAULO DE CASTRO ABREU FILHO, secretário da Segurança de São Paulo - "Os ataques são uma fórmula de tentar mostrar a força e, principalmente, mexer com a sensação de segurança da população."
CLÁUDIO LEMBO, governador de São Paulo - "Pensamos em todas as possibilidades e também nos riscos que nós poderíamos correr. Mas era preciso combater o que estava ocorrendo e acontecendo."
NAGASHI FURUKAWA, secretário da Administração Penitenciária de São Paulo - "Acho que a medida que o governo tomou era necessária, ainda que tenha ocorrido esta resposta, porque o governo tem que agir, tem que cumprir a lei e ser firme em suas ações."
CLÁUDIO LEMBO, governador de São Paulo - "A população de São Paulo pode ficar absolutamente tranqüila, confiante na sua Polícia Civil, na sua Polícia Militar."
NILO FARIA HELLMEISTER, delegado plantonista do 15 º DP - "O que a gente quer é uma reação muito dura, incisiva. Isso não vai ficar assim."
ARIEL DE CASTRO ALVES, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos - "As causas são complexas e não serão resolvidas num passe de mágica, e sim com trabalhos sérios, contínuos e consistentes. Esperamos que os poderes públicos assumam as responsabilidades em vez de tentarem transferir as culpas mutuamente."
LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO, presidente da OAB-SP - "A sensação de impunidade está entre os principais fatores da ousadia do crime organizado, cujo crescimento só acontece quando há lucro. É fundamental coibir a comunicação entre criminosos dentro e fora das prisões."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o PCC
Leia a cobertura completa sobre os ataques do PCC em SP
Leia repercussão sobre a onda de violência que atinge SP
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da Folha Online
Desde a noite da última sexta-feira (12), ataques atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) causaram pânico em São Paulo. A ação --a maior contra a força de segurança do Estado-- foi uma resposta da facção à decisão do governo de isolar lideranças.
Segundo balanço divulgado terça-feira (16) pelo governo do Estado, foram 251 ataques em diferentes pontos do Estado. No total, 115 suspeitos foram presos e outros 71 foram mortos em supostos confrontos.
Ainda segundo o balanço parcial, as ações contra as forças de segurança causaram 44 mortes --23 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária, e quatro civis --entre eles a namorada de um policial. Ficaram feridos 22 PMs, seis policiais civis, oito guardas municipais, um agente penitenciário e 16 cidadãos.
Depoimentos
Leia alguns depoimentos:
ADRIANE GALISTEU, apresentadora - "O sentimento é de indignação. Fiquei muito mais chateada que com medo. Eu estava e estou triste. O Brasil é tão maravilhoso e ao mesmo tempo dá tanta vergonha de ser brasileira ao olhar para os políticos. Neste ano de eleição, algum político irá se aproveitar dessa situação. É preciso ver bem em quem irá votar."
ANA MARIA BRAGA, apresentadora - "Claro que eu tive medo. Toda a população teve medo. O medo é inerente a essa situação que nós vivemos de morar na cidade grande. A situação deixa a população desmoralizada, fragilizada. É preciso que o Estado seja organizado e integrado em ações que reprimam o crime."
ALEX ATALA, chefe de cozinha - "Foi como uma tromba d'água que caiu à tarde. A partir das 13h até as 15h, os clientes começaram a ligar cancelando as reservas. Acabei fechando, porque pensei no transporte público que os funcionários teriam que pegar. Enfim, eu também não teria cliente naquela noite."
ALEXANDRE HERCHCOVITCH, estilista - "Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua era um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo pra casa. Parecia o dia em que o Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo."
PAULO SKAF, presidente da Fiesp - "Não tive medo, mas tive preocupação com a sociedade paulistana e brasileira. Acho que todas as nossas instituições têm de ser respeitadas e a lei tem de ser cumprida. E que esta experiência que nós tivemos sirva como lição no sentido de parar de discutir questões e ir buscar soluções."
JOSÉ ROBERTO AGUILAR, artista plástico - "Estou preocupadíssimo com a situação, porque me parece que é uma coisa que está fugindo do consenso de democracia. Toda a questão me parece um arbítrio de forças. E é claro que eu tive medo. A situação foge bastante do princípio da democracia. É muito terrível."
CHIQUINHO SCARPA, empresário - "Fiquei em casa o dia inteiro, razoavelmente tranqüilo porque um desses grandes grupos de segurança fica a um quarteirão da minha casa. Por sinal, eles foram atacados também. O pior foi o desfecho do episódio: não fiquei assustado com os bandidos, mas com o governo."
MAURO FREIRE, cabeleireiro - "O mais terrível para mim foi perceber a fragilidade em que vivemos. Quando a gente acha que mora em um país civilizado, sem guerras, de repente se vê impedido de sair de casa no maior Estado do país. Todos reféns da violência, sem ter a quem apelar no momento crítico."
CELSO FRATESCHI, ator - "Foi uma sensação amarga. Os boatos eram cada vez mais escabrosos, como se já não bastasse a gravidade da coisa em si. Não existe uma estratégia de se enfrentar o problema de uma forma definitiva. Do modo que se cultiva a violência, fica cada vez mais distante uma solução."
LILIA CABRAL, atriz - "No domingo, a minha vontade era ir embora. Não se pode conviver com essa guerra e nós desprotegidos. Vendo tudo o que a imprensa publicou ultimamente, eu me sinto dentro de um poço que não tem fundo. Parece que a gente está sempre caindo e eu não consigo ver uma luz."
Segurança
Logo após o início dos ataques, a cúpula da segurança de São Paulo e entidades de direitos humanos também comentaram os ataques. Leia algumas frases:
SAULO DE CASTRO ABREU FILHO, secretário da Segurança de São Paulo - "Os ataques são uma fórmula de tentar mostrar a força e, principalmente, mexer com a sensação de segurança da população."
CLÁUDIO LEMBO, governador de São Paulo - "Pensamos em todas as possibilidades e também nos riscos que nós poderíamos correr. Mas era preciso combater o que estava ocorrendo e acontecendo."
NAGASHI FURUKAWA, secretário da Administração Penitenciária de São Paulo - "Acho que a medida que o governo tomou era necessária, ainda que tenha ocorrido esta resposta, porque o governo tem que agir, tem que cumprir a lei e ser firme em suas ações."
CLÁUDIO LEMBO, governador de São Paulo - "A população de São Paulo pode ficar absolutamente tranqüila, confiante na sua Polícia Civil, na sua Polícia Militar."
NILO FARIA HELLMEISTER, delegado plantonista do 15 º DP - "O que a gente quer é uma reação muito dura, incisiva. Isso não vai ficar assim."
ARIEL DE CASTRO ALVES, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos - "As causas são complexas e não serão resolvidas num passe de mágica, e sim com trabalhos sérios, contínuos e consistentes. Esperamos que os poderes públicos assumam as responsabilidades em vez de tentarem transferir as culpas mutuamente."
LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO, presidente da OAB-SP - "A sensação de impunidade está entre os principais fatores da ousadia do crime organizado, cujo crescimento só acontece quando há lucro. É fundamental coibir a comunicação entre criminosos dentro e fora das prisões."
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