Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/05/2006 - 12h34

Le Cocq vive "fim melancólico" no Rio

Publicidade

da Folha de S.Paulo

Famoso grupo formado por policiais e que ganhou estigma de esquadrão da morte nos anos de 1960 e 70, a Scuderie Le Cocq luta para não ser extinta no Rio de Janeiro.

Atualmente, mantém um prédio nas proximidades da favela Paula Ramos, no Rio Comprido (zona norte), conta com menos de 50 associados --na década de 70 eram mais de 7.000--, que dão uma pequena taxa apenas para manter o grupo, pagar impostos e realizar obras sociais na favela.

Dos policiais com fama de durões que atuavam paralelamente às forças do estado e prendiam criminosos --os chamados "12 homens de ouro"-- restou pouco. Hoje, não há mais repressão ao crime.

Seu presidente de honra é o ex-delegado de polícia e atual deputado estadual Sivuca (PSC), 76, autor da célebre frase "Bandido bom é bandido morto". Integrante do grupo dos 12, Sivuca se disse desanimado com a situação da Le Cocq. "Vivemos um fim melancólico", afirmou.

O deputado disse que não freqüenta a Le Cocq há pelo menos oito anos. Quem responde pela presidência do grupo é Antônio Augusto de Abreu, que comanda também a Portuguesa, clube da Ilha do Governador (zona norte).

À frente da Scuderie há seis anos, desde a morte do delegado Luís Mariano, Abreu declarou que o grupo vive um período de dificuldades financeiras e sua principal atuação é realizar projetos sociais na Paula Ramos e dar pequenas contribuições a asilos e orfanatos.

"Distribuímos brinquedos e presentes no Natal, em dia de são Cosme e são Damião. A comunidade nos respeita", disse.

A Le Cocq também cede seu espaço --um terreno de quase 5.000 metros quadrados-- para os moradores realizarem atividades esportivas, festas e até campanhas de vacinação.

Segundo Abreu, além de policiais, integram a atual Scuderie comerciantes, jornalistas, cantores e professores.

Combate ao crime

Apesar de os integrantes terem respaldo dos moradores da Paula Ramos, Sivuca disse que uma das razões que levaram a Le Cocq a parar de combater o crime é a proximidade de sua sede com uma área dominada por traficantes de drogas.

Sivuca disse que as camisas com o símbolo da Le Cocq e a inscrição Esquadrão da Morte apreendidas em São Paulo não pertencem ao grupo. Segundo ele, a Le Cocq tem em seu logotipo as iniciais E.M., mas a sigla significaria Esquadrão dos Motociclistas e não Esquadrão da Morte, como vinha escrito nas camisas apreendidas.

O grupo de motociclistas participava da segurança do presidente Getúlio Vargas, explica Sivuca, e tinha, entre seus integrantes, o detetive Mílton Le Cocq, que inspirou a criação da Scuderie, na década de 60. "Não existe Le Cocq em São Paulo desde os anos 70", disse.

Camisas, bonés, adesivos e buttons com símbolos da Le Cocq são comercializados livremente no site de relacionamentos Orkut.

Sivuca contou que a Scuderie Le Cocq nunca foi um esquadrão da morte como falavam. Segundo ele, seus integrantes prendiam criminosos, mas a orientação era agir dentro da lei. "Mas tínhamos uma regra. Se o criminoso reagisse à prisão, era morto, sem dúvida."

O ex-delegado revelou que a fama de matadores surgiu porque muitos associados cometiam excessos. Um deles foi o policial Mariel Mariscot, que, por descumprir regras, acabou expulso do grupo na década de 1970 e foi assassinado em 1981. "Tinha muito le cocquiano que matava e, depois, ligava para a imprensa", disse.

Segundo Sivuca, o grupo que praticou crimes no Espírito Santo nas décadas de 80 e 90 não era vinculado à verdadeira Le Cocq. O grupo foi extinto por determinação da Justiça há cerca de cinco anos. Os policiais que investigaram os envolvidos hoje recebem proteção.

Especial
  • Veja o que já foi publicado sobre a Scuderie Le Cocq
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página