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01/06/2006 - 18h07

Confira a íntegra do bate-papo com Mônica Bergamo

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da Folha Online

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com a colunista Mônica Bergamo. O texto abaixo reproduz a forma como os participantes digitaram. Participaram da conversa 521 pessoas.

Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com a jornalista Mônica Bergamo sobre a crise na segurança pública de São Paulo e a entrevista que o governador de SP Claudio Lembo deu à colunista da Folha. Para enviar sua pergunta, selecione o nome da convidada no menu de participantes. É o primeiro da lista.
Folha Imagem
A colunista Mônica Bergamo
A colunista Mônica Bergamo


(04:54:58) Mônica Bergamo: Boa tarde a todos. Estou pronta para as perguntas.

(05:02:48) vivi fala para Mônica Bergamo: mônica, o que vc acha das acusações que estão fazendo sobre a policia ter exeutado as vítimas em SP

(05:05:39) Mônica Bergamo: Vivi eu acho que as acusações, como quaisquer acusações, devem ser investigadas com bastante rigor. A imprensa está cumprindo seu papel, revelando dados dos laudos que mostram a possibilidade de muitas pessoas terem sido mortas quando já estavam rendidas, o que seria condenável ainda que essas pessoas tenham ligações com o PCC e com os ataques.

(05:05:54) PedroHS fala para Mônica Bergamo: A Senhora não acha que tudo o que tem acontecido na Cidade de São Paulo,não passa de um disvio de atenção,com fins politicos????Obigado Pedro HS Pinheiro-RJ

(05:07:40) Mônica Bergamo: Pedro, eu acho que não. Concordo com aqueles que acham que o que ocorreu na cidade é resultado do acúmulo de uma série de erros, mas não acredito que exista qualquer fundo político de caráter eleitoral.

(05:08:00) Pedro Henrique fala para Mônica Bergamo: Mônica, tenho uma pergunta muito simples: você obviamente não podee falar em nome do governador , mas arriscaria dar nomes aos bois quando Lembo fala de "elite branca"? Alguns poucos representantes satisfaz.

(05:10:10) Mônica Bergamo: Pedro Henrique, ele mesmo, na entrevista à Folha, disse que ficou espantado com a declaração de dondocas, empresários e artistas que tinham dado declarações à própria Folha um dia antes. Algumas delas, como a psicanalista Eleonora Mendes Caldeira, até responderam ao governador. Mas não acredito que ele estivesse falando de uma pessoa ou de um grupo especificamente.

(05:10:19) lemba fala para Mônica Bergamo: Fiquei curiosa com sua entrevista com o governador Cláudio Lembo. Ao ler, fiquei com a impressão de que ele foi se irritando muito. Vc pode nos contar os bastidores dessa entrevista?

(05:14:36) Mônica Bergamo: Lemba, quando eu cheguei ao Palácio dos Bandeirantes, estava decidida a fazer uma entrevista abordando outros aspectos da questão que não só os relativos à política de segurança. Isso porque o governador tinha acabado de sair de uma entrevista na TV Globo, ele ficou mais de uma hora ao vivo dando explicações sobre penitenciárias, PMs, suposto acordo com o PCC, etc. Eu achava que um homem público, ocupando cargos públicos por 30 anos, num partido sempre próximo do poder, teria que ser cobrado também por outras questões que, a meu ver, contribuíram para que chegássemos a essa situação. Comecei então a fazer perguntas sobre a realidade da periferia paulistana, a responsabilidade dos governos do PSDB nos episódios, etc, E fiquei muito surpresa com a reação dele. Achei que ele ficaria na "defensiva" e ele partiu para o ataque à "elite branca", aos tucanos. Achei que ele estava tenso, mas muito lúcido e sabendo muito bem o que dizia, e como tudo repercutiria.

(05:15:06) Tuca fala para Mônica Bergamo: Mônica, vc tem consciência que sua entrevista "salvou" a carreira do Claudio Lembo? Na entrevista dada dois dias antes ao Willian Bonner ele parecia aniquilado...

(05:17:37) Mônica Bergamo: Tuca, não acho que a entrevista salvou a carreira do Lembo, pois ela já estava salva. Afinal, aos 70 anos (mais ou menos), ele é governador de São Paulo, o segundo cargo público mais importante do país. Ou seja, do ponto de vista da carreira política, ele já estava mais do que salvo. Não acredito que ele tenha pretensões maiores do que a de ser governador do maior estado brasileiro.

(05:17:49) anne fala para Mônica Bergamo: essa elite branca de quem o gov de SP fala é algo aí de SP ou tb pode ser extendido p/ o país todo? (sou de Curitiba-PR). Obrigada.

(05:19:47) Mônica Bergamo: Anne, é curioso porque ninguém se acha parte da "elite branca". É aquilo, o problema sempre está nos outros, nunca em nós mesmos. Mas acredito que a "elite branca" de São Paulo tem especificidades, porque a cidade tem muito dinheiro. Existem apartamentos de R$ 18 milhões à venda na cidade, a frota de helicópteros é uma das maiores do mundo.

(05:19:53) Haek fala para Mônica Bergamo: mônica, a imprensa vai passar a ignorar fatos da política para falar de copa do mundo, coisa que os políticos estão torcendo para que aconteça?

(05:21:32) Mônica Bergamo: Haeck, pela experiência de Copas passadas, acho que os próprios leitores vão passar a se interessar mais por assuntos de futebol. Mas não acredito que os jornais, revistas e televisões vão ignorar fatos da política. De qualquer forma, depois da Copa começa o horário eleitoral, todas as atenções vão se voltar novamente para a política.

(05:21:38) CORROSIVO fala para Mônica Bergamo: você é uma personalidade no jornalismo paulistano, e hoje foi a primeira vez que vi o seu rosto. Como que é se manter anonima, tendo as festas, shows, eventos como cenário do seu trabalho diariamente?

(05:22:46) Mônica Bergamo: Corrosivo, eu trato isso de forma natural. Não faço questão de me manter anônima nem de ser reconhecida. Acho que posso cumprir bem meu trabalho nas duas condições.

(05:22:51) vivi fala para Mônica Bergamo: O fato da polícia ja ter sido avisada anteriormente dos atentados e não ter tomado as devidas providencias a tempo, não os torna culpados tb?

(05:24:32) Mônica Bergamo: Vivi, o comando da polícia e o próprio governador Lembo dizem que as providências foram tomadas. Há depoimentos de policiais que dizem que isso não aconteceu. De qualquer forma, eles foram as vítimas, num primeiro momento _quarenta agentes de segurança morreram de forma trágica.

(05:24:36) bizu fala para Mônica Bergamo: Será que a Polícia de São Paulo deve explicar para opoinião pública se as mortes, segundo a imprensa , na qual as vítimas tiveram tiro nas costas foi em caráter preventivo?

(05:28:46) Mônica Bergamo: Bizu, é o que se espera. Acredito que a imprensa e a população devem acompanhar com atenção o andamento dos inquéritos. Eu já acompanhei bem de perto um inquérito, que investigou a morte de um familiar. O inquérito foi arquivado depois de apenas uma pessoa da família ter sido ouvida, nenhum amigo, nenhum conhecido foi chamado. No caso, a família acredita que tenha sido um acidente, mas o fato é que a investigação não chegou a conclusão sólida. Não posso afirmar com segurança se essa é a regra, mas posso dizer que acontece. Então a imprensa tem que ficar muito alerta.

(05:28:54) Fossa fala para Mônica Bergamo: Você não acha que a polícia de Sao Paulo não está preparada para um ataque, rebelião, ou qualquer outro tipo de situação?

(05:30:20) Mônica Bergamo: Fossa, não sou especialista em cobertura de assuntos policiais. Não poderia afirmar com segurança. Mas, pelo que se viu, a sociedade toda não está preparada. Quando o problema explodiu, cada um correu para suas casas, sem saber direito o que fazer.

(05:30:26) NaoLembo fala para Mônica Bergamo: A imprensa ñ é parte dessa mesma elite?

(05:32:34) Mônica Bergamo: NaoLembo, grande parte da imprensa é parte da elite, mas acredito, porque vivo isso, que os jornalistas e meios de comunicação cumprem um papel importante, de fiscalizar, principalmente de bem informar, e a grande maioria deles com bastante dignidade.

(05:32:36) bizu fala para Mônica Bergamo: Qaunto as vítima que foram executadas com tiro nas costas a polícia de São Paulo confirma?

(05:33:59) Mônica Bergamo: Bizu, tudo ainda está muito confuso, nem todos os laudos foram colocados à disposição do Ministério Público, que está investigando em que condições as pessoas morreram.

(05:34:05) advogado fala para Mônica Bergamo: boa tarde mônica!!!!como vc vê o regime disciplinar diferebciado como uma forma para combater a criminalidade?

(05:36:02) Mônica Bergamo: Advogado, sem dúvida ele é necessário. Mas eu concordo com aqueles especialistas que dizem que, se o problema fosse apenas mais presídios, mais regimes diferenciados, mais equipamentos para a polícia, a situação teria melhorado, e não piorado, como vimos que aconteceu. O estado de SP tinha cerca de 50 mil presos, hoje tem 150 mil. E vivemos o que vivemos há três semanas.

(05:36:06) juma fala para Mônica Bergamo: Mônica, em virtude de infortúnios pessoais, tive a oportunida de conhecer e entender bem o que se passa dentro da cabeça dos membros do Partido (PCC). Você acha que, para resolver o problema, talvez falte às autoridades entender realmente a realidade política, social e ideológica dessa organização? Ás vezes acho que se as autoridades continuarem vendo o PCC como uma associação de crimonosos apenas, a coisa tende a não se resolver.

(05:39:06) Mônica Bergamo: Juma, como já disse, não sou especialista. Mas o próprio governador Lembo me disse, na ocasião da entrevista, que gostaria de criar um núcleo de estudos que se dedicasse a estudar o PCC. Ele disse que a maioria dos mestres e doutores brasileiros entende tudo de revolução francesa e nada de PCC, quer dizer, nada da realidade que estamos vivendo. Recomendo a leitura de um artigo do Luiz Nassif na Folha de ontem, em que ele fala sobre segurança e diz que os "bagrinhos" acabaram amontoados em presídios e ficaram nas mãos do PCC.

(05:39:06) uiran fala para Mônica Bergamo: Mônica, em primeiro lugar parabéns pela entrevista com o Lembo,há muitos anos não via um repórter conseguir uma demonstração tal cabal da inépcia de um político.Mônica o GERALDO é um fantoche do PSDB,colocado para perder as eleições pela cúpula tucuna,o ganhou no grito sua indicação

(05:42:36) Mônica Bergamo: Uiran, ainda acho cedo para saber. Acho que amplos setores da sociedade estão descontentes com o governo do presidente Lula, não sei se esse descontentamento acabará virando voto em Alckmin. É cedo para saber. Por outro lado, o presidente mantém apoio sólido de 40% dos brasileiros. Vamos esperar, outubro chega logo.

(05:42:48) apartado fala para Mônica Bergamo: primeiro de tudo gostaria de parabenizar pelo seu trabalho, que revela diariamente uma importante (e determinante) faceta da nossa sociedade. Eu concordo em parte com o governador. Apesar de destemperado e visando um conflito interno que se anuncia entre tucanos e pfl, ele tem razão ao jogar luz sobre as incompetencias da elite. Gostaria de saber sua opinião, vc acha que o comportamento da elite é sim perigoso e determinante para essa desorganização cultural. E por último, vc assistiu aquele filme "Quanto Vale ou é Por Quilo?" O que achou? Vc acha que a elite se apóia nessa imagem de caridade/responsabilidade social para se eximir da real responsabilidade de ter uma postura mais condizente com os nossos problemas?

(05:48:52) Mônica Bergamo: Apartado, vi o filme e gostei muito. Não sou uma analista do comportamento da elite. Eu procuro sempre retratar, na coluna que mantenho na Folha, o que se chama de elite (cultural, empresarial, política), sempre por meio de relatos objetivos e imparciais de tudo o que posso observar, como colunista social do jornal. Acho que a análise, elogio ou crítica devem ser feitos por estudiosos. Meu papel é, como repórter, relatar e contextualizar fatos.

(05:48:52) GaGá fala para Mônica Bergamo: Você acha que o governador Cláudio Lembo vai aguentar as pressões do cargo até o final do ano?

(05:51:03) Mônica Bergamo: GaGá, com certeza, ele é uma pessoa muito experiente e já viveu crises piores. Ele foi expulso da Arena, por exemplo, por ter se encontrado com Leonel Brizola no exterior no tempo em que o ex-governador não podia pisar no Brasil. (Recorreu da expulsão e ficou no partido). Ele era presidente da Arena em SP quando o jornalista Vlado foi assassinado, na maior crise do governo Geisel. Enfim, me parece que o governador Lembo já enfrentou crises tão ou mais granves do que esta.

(05:51:03) Giani fala para Mônica Bergamo: Mônica, na fala do Gov. Lembo há uma grande discriminação. Em primeiro lugar, contra a burguesia: ele não discrimina os crimes desta burguesia. Despoi, ele é racista, porque tem burguês amarelo, mulato, negro, branco, índio, enfim, de todo tipo. Ele já foi ou é reitor de universidade..., ele não pode ignorar isso. Porque vc acha que ele só cai em cima dos brancos ? Eu acho a declaração dele racista.

(05:52:20) Mônica Bergamo: Giani, acho que quando ele fala em "minoria branca" ele faz uma constatação apenas. Não creio que seja racista.

(05:52:26) Gabriel....=] fala para Mônica Bergamo: Mônica, até em que ponto os investimentos na educação podem trazer retorno para a segurança publica ? e como esse retorno sera visto ?

(05:54:15) Mônica Bergamo: Gabriel, acho que o problema não é apenas educação, quer dizer, a pessoa ir para a escola, o que já acontece com a quase totalidade da população. Mas sim com condições mais igualitárias. A qualidade do ensino, por exemplo, é muito desigual. Assim, as chances são desiguais, embora os direitos, teoricamente, sejam iguais.

(05:54:15) Investigador/SP fala para Mônica Bergamo: Sou Investigador de Polícia em São Paulo, gostaria de uma oportunidade para pedir que a imprensa que cobre a mudança dos diretores da polícia civil! Oque esta acontecendo é um absurdo a população não tem idéia da carga horária imposta pelo Diretor do DECAP(departamento responsável pelas delegacias da capital) há delegados com carga horária de quase 60hs. semanais! Depois de tudo que ocorreu nada mudou! É revoltante ver o Senhor secret´rio de segurança afirmar que "liberou" armamento pesado na véspera dos ataques... É pura mentira! Até pq NÂO existe tal expediente! ele demostra para a população a seguinte impressão: armas especiais existem para momentos de maior nescesidade! Desafiem ele a mostrar e demonstrar isso!

(05:56:31) Mônica Bergamo: Investigador/SP, obrigada pela participação. Acho importante que sua colocação seja registrada nesse debate.

(05:56:43) Aninha fala para Mônica Bergamo: Mônica, vc diz que o governador Lembo pretende criar um nucleo de estudos sobre o PCC. Porém, ja existe ha mto tempo na USP un nucleo de estudos sobre a violência que publica varios estudos sobre violência urbana. Sera que criar novas instituições vai mesmo resolver o problema?

(05:58:33) Mônica Bergamo: Aninha, obrigada pela participação. Ele falou de forma genérica, embora crítica. Não sei se vai criar esse grupo de estudos, nem em que âmbito.

(05:59:17) Mônica Bergamo: Gente, muito obrigada pela participação e atenção. Boa tarde a todos.

(05:59:45) Moderador UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Mônica Bergamo e a participação de todos os internautas. Até o próximo!

Leia mais
  • Colunista se surpreendeu com reação de Lembo contra a "elite branca"
  • Leia a entrevista com o governador Claudio Lembo

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