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16/07/2006 - 09h46

Grampos telefônicos indicam novas rebeliões no Dia dos Pais

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MARIA FERNANDA RIBEIRO
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto

O PCC prepara uma lista dos integrantes do partido que estão fora dos presídios para ampliar o dinheiro arrecadado pela facção e fazer uma nova megarrebelião no Dia dos Pais.

Segundo três agentes penitenciários que atuam no interior, interceptações telefônicas feitas por um sistema de inteligência --montado pelas polícias Civil e Militar e por agentes penitenciários após os motins iniciados no último Dia das Mães-- mostram que a lista está sendo preparada pelos presos da Grande São Paulo.

Além de novos contribuintes, os líderes do partido querem aumentar a mensalidade de quem já paga R$ 600 para R$ 1.000. De acordo com os funcionários, as interceptações captaram uma conversa da mulher de Emivaldo Silva Santos, o BH, um dos líderes da facção no ABC, que foi preso na terça-feira. Nas interceptações, ela citava que uma lista estava sendo organizada.

Pelas informações, quem está fora das unidades prisionais e pertence ao "partido" terá que contribuir com a facção e também descobrir outros integrantes que não estejam pagando as mensalidades.

"O segundo escalão do PCC terá que fazer inclusive um levantamento das bocas-de-fumo e dos assaltantes de bancos e carros-fortes. Se for detectado que os ladrões e os traficantes são do partido, vão ter que contribuir", disse um agente.

"A ação no Dia dos Pais é o que eles chamam de missão. Vai ser igual aos ataques e às rebeliões do Dia das Mães", disse o vice-presidente do Sindcop (Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Complexo Penitenciário do Centro Oeste Paulista), Reinaldo Duarte Soriano.

Para ele, com a onda de ataques, o dinheiro que abastece o PCC -tráfico de drogas, assalto a banco e seqüestros- é reduzido porque essas ações diminuem. Daí, a necessidade de ampliar o caixa.

"Ligaram para o sindicato dizendo que havia essas gravações, que teriam vindo de várias unidades da Grande São Paulo", disse o presidente do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), João Rinaldo. Segundo ele, um dos meios para acabar com o PCC é "pegar pelo lado financeiro."

O ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho afirmou que o sistema de inteligência criado estreou após os ataques e rebeliões do mês de maio. "É um sistema nutrido por qualquer tipo de informação. Os agentes observam o problema e, mesmo que a informação não seja confiável, ela é importante. É como ir juntando as pedrinhas."

Silva Filho e os sindicalistas dizem que, além dos policiais e agentes, o sistema também é mantido pelos presos do PCC que repassam informações de dentro ou de fora dos presídios.

O repasse ocorre porque esses presos sofreram represálias do partido ou porque estão descontentes por qualquer motivo. "Não há facção completamente dominada. Informação de presos é um insumo importante", disse Silva Filho. Os agentes confirmaram que recebem as informações dos detentos.

A reportagem tentou ouvir as secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária sobre o assunto. A primeira disse que não iria se manifestar. A SAP não respondeu aos questionamentos feitos via e-mail, como foi pedido pela assessoria de imprensa.

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