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18/07/2006
-
00h09
GABRIELA MANZINI
TATHIANA BARBAR
da Folha Online
Terminou às 23h30 desta segunda-feira o primeiro dia do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado os pais dela, Manfred e Marísia, na casa em que família vivia, na zona sul de São Paulo, em 2002.
Os depoimentos de Daniel e Cristian surpreenderam ao mudar a versão do crime apresentada durante o inquérito policial. Inicialmente, os dois afirmavam que cada um havia desferido golpes contra uma das vítimas. Nesta segunda, diante dos jurados, os irmãos sustentaram que apenas Daniel golpeou o casal.
Os relatos dos irmãos apresentaram também uma contradição. Enquanto Daniel disse que Suzane foi à porta do quarto onde os pais acabavam de ser mortos e entregou a ele toalhas, uma jarra de água e sacolas plásticas para cobrir o rosto de Manfred e de Marísia. Cristian, por sua vez, afirma ter descido ao primeiro andar da casa para pegar os objetos com Suzane.
Os desencontros na descrição deste momento do crime apareceram ainda no inquérito policial. O esclarecimento é importante porque, na argumentação do Ministério Público, o fato de Suzane ter se preocupado em ver os corpos dos pais sobre a cama fala bastante sobre a personalidade dela.
Já o interrogatório de Suzane foi marcado por sua tentativa de convencer os jurados sobre seu total desconhecimento do plano --que ela atribui a Daniel e a Cristian-- de matar o casal. Outra característica marcante foram os bate-bocas entre o juiz, Alberto Anderson Filho, o advogado dos Cravinhos Geraldo Jabur, e o advogado de Suzane Mauro Octávio Nacif.
Suzane disse ao júri que Daniel usou o consumo excessivo de maconha --um costume que ela diz ter adquirido com ele-- para conduzi-la nas etapas do crime. Disse ter levado os Cravinhos para a casa sem saber do plano de matar o casal e diz ter apenas obedecido às ordens do então namorado ao entrar para checar se os pais estavam dormindo e ao acender uma luz do corredor, em frente ao quarto.
"Eu desci assustada, sem saber o que estava acontecendo direito. Era uma sensação estranha, um aperto no peito", relatou Suzane.
'Mentirosa'
Os ânimos se exaltaram no final da sessão. Jabur chamou Suzane de 'mentirosa' durante o interrogatório e pediu uma acareação entre os três réus.
Jabur também reclamou das supostas regalias concedidas a Suzane durante sua fala, como posicioná-la de frente para os jurados, para que eles mantivessem contato visual; e ouvi-la depois dos dois irmãos. Os advogados de Suzane ainda puderam rejeitar as três primeiras pessoas sorteadas para integrar o júri.
O jeito autoritário e debochado de Nacif irritou a defesa dos Cravinhos e arrancou risos do juiz e da platéia.
Virgindade
De acordo com Suzane, ela perdeu a virgindade com Daniel, no dia do aniversário dele, na casa dos Cravinhos. 'Ele saiu do banho de toalha e sem nada daquilo que eu imaginava, sem nada do que eu sempre sonhei. Naquele dia, eu perdi minha virgindade com ele.'
Quando foi interrogado, Daniel afirmou que Suzane havia perdido a virgindade com o namorado anterior. De acordo com o depoimento de Daniel, no primeiro ano de namoro, Suzane chegou a chorar antes de os dois transarem pela primeira vez. Na ocasião, ela teria admitido a ele que chorava por causa das lembranças do ex. "Ficou uma situação muito constrangedora pra mim", disse Daniel.
O debate sobre a perda da virgindade de Suzane é importante porque sustenta a principal tese da defesa dela: a de que Daniel a convenceu a matar os pais pelo poder irresistível que exercia sobre ela, desde a perda da virgindade. Essa influência seria potencializada pelo uso de drogas.
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TATHIANA BARBAR
da Folha Online
Terminou às 23h30 desta segunda-feira o primeiro dia do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, réus confessos no processo que os acusa de ter planejado e matado os pais dela, Manfred e Marísia, na casa em que família vivia, na zona sul de São Paulo, em 2002.
Os depoimentos de Daniel e Cristian surpreenderam ao mudar a versão do crime apresentada durante o inquérito policial. Inicialmente, os dois afirmavam que cada um havia desferido golpes contra uma das vítimas. Nesta segunda, diante dos jurados, os irmãos sustentaram que apenas Daniel golpeou o casal.
Os relatos dos irmãos apresentaram também uma contradição. Enquanto Daniel disse que Suzane foi à porta do quarto onde os pais acabavam de ser mortos e entregou a ele toalhas, uma jarra de água e sacolas plásticas para cobrir o rosto de Manfred e de Marísia. Cristian, por sua vez, afirma ter descido ao primeiro andar da casa para pegar os objetos com Suzane.
Os desencontros na descrição deste momento do crime apareceram ainda no inquérito policial. O esclarecimento é importante porque, na argumentação do Ministério Público, o fato de Suzane ter se preocupado em ver os corpos dos pais sobre a cama fala bastante sobre a personalidade dela.
Já o interrogatório de Suzane foi marcado por sua tentativa de convencer os jurados sobre seu total desconhecimento do plano --que ela atribui a Daniel e a Cristian-- de matar o casal. Outra característica marcante foram os bate-bocas entre o juiz, Alberto Anderson Filho, o advogado dos Cravinhos Geraldo Jabur, e o advogado de Suzane Mauro Octávio Nacif.
Suzane disse ao júri que Daniel usou o consumo excessivo de maconha --um costume que ela diz ter adquirido com ele-- para conduzi-la nas etapas do crime. Disse ter levado os Cravinhos para a casa sem saber do plano de matar o casal e diz ter apenas obedecido às ordens do então namorado ao entrar para checar se os pais estavam dormindo e ao acender uma luz do corredor, em frente ao quarto.
"Eu desci assustada, sem saber o que estava acontecendo direito. Era uma sensação estranha, um aperto no peito", relatou Suzane.
'Mentirosa'
Os ânimos se exaltaram no final da sessão. Jabur chamou Suzane de 'mentirosa' durante o interrogatório e pediu uma acareação entre os três réus.
Jabur também reclamou das supostas regalias concedidas a Suzane durante sua fala, como posicioná-la de frente para os jurados, para que eles mantivessem contato visual; e ouvi-la depois dos dois irmãos. Os advogados de Suzane ainda puderam rejeitar as três primeiras pessoas sorteadas para integrar o júri.
O jeito autoritário e debochado de Nacif irritou a defesa dos Cravinhos e arrancou risos do juiz e da platéia.
Virgindade
De acordo com Suzane, ela perdeu a virgindade com Daniel, no dia do aniversário dele, na casa dos Cravinhos. 'Ele saiu do banho de toalha e sem nada daquilo que eu imaginava, sem nada do que eu sempre sonhei. Naquele dia, eu perdi minha virgindade com ele.'
Quando foi interrogado, Daniel afirmou que Suzane havia perdido a virgindade com o namorado anterior. De acordo com o depoimento de Daniel, no primeiro ano de namoro, Suzane chegou a chorar antes de os dois transarem pela primeira vez. Na ocasião, ela teria admitido a ele que chorava por causa das lembranças do ex. "Ficou uma situação muito constrangedora pra mim", disse Daniel.
O debate sobre a perda da virgindade de Suzane é importante porque sustenta a principal tese da defesa dela: a de que Daniel a convenceu a matar os pais pelo poder irresistível que exercia sobre ela, desde a perda da virgindade. Essa influência seria potencializada pelo uso de drogas.
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