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11/09/2006 - 17h49

Corpo do coronel Ubiratan é enterrado em São Paulo

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da Folha Online

O corpo do coronel da reserva da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães (PTB), 63, foi enterrado na tarde desta segunda-feira no cemitério do Horto, na zona norte de São Paulo. Ele foi assassinado com um tiro, no fim de semana.

O cortejo chegou ao cemitério por volta das 17h. Estava prevista a parada na capela, mas a família optou por cancelá-la porque o local não comportaria o número de pessoas que acompanhava a cerimônia.

Folha Imagem
Coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro em casa, em São Paulo
Coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro em casa, em São Paulo
O crime ocorreu no apartamento do coronel, nos Jardins --região nobre na zona oeste da cidade. Ubiratan foi assassinado com um único tiro, que o atingiu na região do abdômen. O corpo foi localizado por volta das 22h30 de domingo (10), mas há suspeitas de que o crime tenha ocorrido entre a noite de sábado e a madrugada de domingo, já que os jornais do dia permaneciam do lado de fora da porta.

Não havia sinais de luta no apartamento e a porta dos fundos estava apenas encostada. O corpo do coronel estava coberto apenas por uma toalha.

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), descartou o possível envolvimento do crime organizado no assassinato. Já o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, e o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disseram que nenhuma hipótese pode ser descartada ainda.

Para o delegado do DHPP, é possível que Ubiratan estivesse sentado e tenha sido baleado ao levantar. Conforme a polícia, o disparo foi feito a mais de um metro de distância.

Ele disse que uma arma da vítima --um revólver calibre 38-- desapareceu do apartamento após o crime, mas ainda aguarda laudo para saber se o tiro que atingiu o coronel corresponde ao calibre da arma levada. Outras armas --que também seriam do coronel-- foram encontradas no apartamento.

Investigações

Entre as hipóteses para o assassinato está a de crime passional, segundo a polícia. As últimas relações amorosas do coronel devem ser investigadas.

Outra possibilidade que deve ser analisada é a ligação com o assassinato do diretor do Carandiru na época do massacre, José Ismael Pedrosa, morto em outubro do ano passado em Taubaté (130 km de São Paulo), num crime atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Pela manhã, a advogada Carla Cepollina, namorada do coronel, esteve no DHPP. Ela foi a última pessoa vista com a vítima. De acordo com Costa Filho, Carla foi ouvida informalmente --o depoimento formal deve ocorrer na terça-feira (12).

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, a advogada disse que passou a manhã de sábado com Ubiratan em uma hípica e, depois, participaram de um evento político e seguiram para o apartamento do coronel. Ela teria relatado à polícia que, por volta das 18h, discutiram, após Ubiratan receber um telefonema.

A Polícia Civil estima que o crime tenha ocorrido na noite de sábado. No período, a advogada disse que estava em um local público.

Carandiru

O coronel comandou, em 1992, a operação que ficou conhecida como massacre do Carandiru e resultou na morte de 111 presos.

Em 2001, ele chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância. Ele não foi acusado pelas 111 mortes porque laudo do Instituto Médico Legal mostrou que alguns presos foram mortos por armas brancas, como facas, o que poderia indicar que foram golpeados por rivais durante a rebelião que antecedeu a operação policial no Carandiru.

Réu primário, recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, os desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça) inocentaram Ubiratan, o que gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior. Dias depois, o mesmo Órgão Especial do TJ modificou o resumo do acórdão que absolveu o coronel. A mudança estabeleceu que os desembargadores não "declararam absolvido o réu", mas apenas "reconheceram" que ele tinha sido absolvido pelo Tribunal de Júri.

A operação que resultou no massacre ocorreu após uma rebelião sem reféns no Carandiru, e o caso teve repercussão internacional. A Casa de Detenção foi desativada em setembro de 2002. Em dezembro daquele ano, três pavilhões foram implodidos, inclusive o 9, onde ocorreram as mortes.

Perfil

Ubiratan trabalhou 34 anos na Polícia Militar. Nos anos 70, durante a ditadura militar, combateu as ações guerrilheiras no Vale do Ribeira (SP). Como oficial, comandou a Cavalaria, a Rota e o Policiamento Metropolitano. E foi na condição de comandante do Policiamento Metropolitano que o coronel liderou a operação no Carandiru. O deputado atualmente disputava a reeleição. Ele nunca foi preso pela operação que resultou no massacre, ocorrido em outubro de 1992.

Colaboraram FAUSTO SALVADORI, RENATO SANTIAGO e TATIANA FÁVARO, da Folha Online; LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online; e Agência Folha

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