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07/10/2006 - 09h11

EUA farão recall de aparelho usado no jato

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IGOR GIELOW
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília da Folha de S.Paulo

A FAA (Administração Federal de Aviação, dos Estados Unidos) apontou, em 12 de setembro, um defeito no modelo de transponder utilizado pelo jato Legacy. E determinou um recall com várias etapas, a ser iniciado no próximo dia 17.

O defeito provoca um efeito similar ao apontado por toda a investigação sobre o acidente: a perda de contato com o controle de tráfego aéreo e o funcionamento incorreto do sistema anticolisão da aeronave. O transponder é um sistema que transmite os dados do avião para o controle de terra e para outras aeronaves. Tanto a versão da FAB (Força Aérea Brasileira) quanto a dos pilotos até agora indicavam o mesmo problema: o transponder do Legacy não funcionou após ele mudar sua rota, vindo de São José dos Campos (SP), sobre Brasília em direção a Manaus.

A Folha tentou falar ontem à noite com a Embraer, sem sucesso. Não é possível, portanto, afirmar que a empresa não tenha adotado preventivamente algum dos passos de segurança determinados pela FAA --que serve de referência para aeronaves no mundo todo. De todo modo, ela só deveria fazê-lo a partir do dia 17.

A Diretriz de Aeronavegabilidade 2006-19-04 diz: "Essa diretriz resulta do fato de o transponder incorretamente entrar no modo stand-by se a tripulação levar mais de cinco segundos usando o botão giratório da unidade de rádio para mudar seu código de controle aéreo. Estamos emitindo essa diretriz para evitar que o transporte dessa unidade de comunicação entre em modo stand-by, o que pode aumentar o trabalho da tripulação e resultar no funcionamento impróprio do Sistema de Alerta de Tráfego Anticolisão".

Isso significa que se o piloto mexeu no botão em que ele indica o código de 4 números que identifica a aeronave nos radares, um defeito pode ter colocado o transponder num modo inativo (o stand-by citado). A mudança ficaria registrada no painel do transponder, mas não há nenhum tipo de alerta sonoro ou visual disso.

Mas aí entra uma dúvida: o código numérico só pode ser alterado, após uma decolagem, se for solicitado por parte do controle de terra. E tanto Brasília quanto os pilotos alegam que tentaram falar sem sucesso um com o outro, durante a quase uma hora entre a passagem do avião pela capital e a colisão.

A diretiva da FAA determinava os seguintes passos: a partir de 17 de outubro, a fabricante deveria mudar o manual de vôo que é consultado pelos pilotos, alertando para ele checar o sistema por meio de teste. Essa medida deveria ser feita em 14 dias; em alguns casos, substituir o transponder em até 18 meses; em outros casos, substituir partes do sistema de comunicação ou no transponder.

A diretriz foi tomada a partir de cinco boletins de alerta da fabricante do transponder, a empresa norte-americana Honeywell, entre julho de 2005 e janeiro deste ano. A partir daí, a FAA ouviu fabricantes e associações de pilotos. A Embraer é citada no relatório da diretriz como tendo feito um pedido de adiamento do prazo para a mudança no manual de vôo --que inicialmente era de 5 dias.

"A Embraer sustenta que a perda do transponder não provoca um risco tão grande que justifique um prazo tão urgente", diz o texto, afirmando que a fabricante brasileira alegou que muitos aviões teriam de ser trazidos de linhas internacionais. A Embraer pedia um mês para a mudança, a FAA aceitou o prazo de 14 dias.

A medida atingiu 1.365 aviões, de vários fabricantes, incluindo o Legacy.

Essa nova informação, que sugere uma solução para o mistério do transponder inoperante e a conseqüente inutilidade do sistema anticolisão do avião, mas não explica, por exemplo, por que os pilotos do Legacy não seguiram na altitude de seu plano de vôo.

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