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28/10/2006 - 10h29

Em crise, Masp tem telefones cortados

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MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo

A crise do Masp (Museu de Arte de São Paulo) continua. Duas linhas telefônicas do museu foram cortadas pela Telefônica por falta de pagamento na semana passada, segundo a Folha apurou. O público não percebeu o corte porque o número do PABX do museu (0/xx/11/3251-5644) não foi afetado. As duas linhas auxiliares foram religadas dois dias depois.

Foi o segundo corte de serviços sofrido pelo Masp neste ano. Em 23 de maio, a AES Eletropaulo desligou o fornecimento de luz do museu por causa de uma dívida de R$ 3,47 milhões, acumulada nos últimos sete anos.

Cinqüenta e três dias antes, no dia 31 de março, o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) havia publicado a sua lista de devedores, na qual o Masp aparece com um débito de R$ 3.919.899,87. Segundo o INSS, o processo do museu está em fase de penhora --um quadro, cujo autor não é informado, foi oferecido pelo museu como garantia caso a dívida não seja quitada. O Masp contesta o débito judicialmente.

Em 17 de novembro do ano passado, a Heating & Cooling Tecnologia Térmica, empresa que instalou o ar-condicionado do museu, protestou o Masp por causa de uma dívida de R$ 43.506,94. O débito não foi quitado quase um ano depois do protesto, segundo a empresa.

Não há perspectivas de melhoras, segundo comentários do arquiteto Júlio Neves, presidente do museu, feita em reunião mantida anteontem com funcionários da instituição.

No encontro, Neves anunciou que os funcionários devem perder alguns benefícios que são pagos pelo museu. O Masp deve deixar de pagar integralmente o seguro saúde dos dependentes dos funcionários, disse Neves, segundo participantes da reunião que não querem ser identificados porque temem retaliações. O museu deve pagar 50% do seguro-saúde dos dependentes.

Houve protestos, mas o presidente do museu afirmou que não há alternativas a curto prazo. O pagamento parcial do seguro-saúde para dependentes significará na prática uma redução nos salários.

Neves tem apregoado que a construção de uma torre ao lado do museu, com publicidade da Vivo no topo, é a salvação financeira do Masp.

O Conpresp, órgão da prefeitura que cuida do patrimônio histórico, vetou o projeto com o argumento de que a torre afetaria um bem tombado --o próprio prédio do Masp, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi. A torre foi desenhada por Neves. O Masp tenta na Justiça anular a decisão da Conpresp argumentando que o projeto não está sob a jurisdição desse órgão.

Eleição

Mesmo com esse passivo de problemas, Júlio Neves tentará manter-se na direção do museu, cargo que ocupa desde 1997, quando venceu o bibliófilo José Mindlin por um voto de diferença. As eleições para a presidência do museu devem ocorrer no próximo mês. Hoje é o último dia para inscrições. O museu tem um esquema para receber as inscrições até as 17h.

Neves trabalha com três cenários: 1) pode apresentar o seu próprio nome como candidato a presidente; 2) pode indicar o cardiologista e ex-ministro da Saúde Adib Jatene, presidente do conselho do Masp, para concorrer; 3) se sentir que a reação a essas duas opções é muito negativa, deve indicar Manoel Pires da Costa, presidente da Fundação Bienal. Conselheiros do museu têm sugerido a Neves que ele não se candidate.

Pires da Costa teria algumas vantagens: não é identificado automaticamente com Neves, apesar de estar alinhado com ele, e a fundação que preside fez uma Bienal de sucesso --a que está em cartaz até 17 de dezembro, com curadoria da crítica de arte Lisette Lagnado.

Outro lado

A Folha não conseguiu falar ontem com o arquiteto Júlio Neves, presidente do Masp, sobre o corte em duas linhas telefônicas do museu.

A secretária de Neves, Vilma, foi informada sobre o teor da reportagem. Ela disse que conversou com o departamento de contabilidade do museu e a resposta foi que não houve corte nenhum nas 14 linhas telefônicas que o museu usa.

A secretária afirmou que diante dessa informação nem iria procurar Neves para que ele pudesse, eventualmente, comentar o assunto.

A Telefônica informou por meio de sua assessoria de imprensa que não poderia comentar sobre eventuais débitos de seus clientes.

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