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10/12/2006 - 11h00

Testemunha de chacina na zona sul de SP é morta a tiros

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ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

Foi assassinado a tiros, na noite do domingo passado, o sobrevivente e principal testemunha de uma chacina com três mortos investigada como tendo sido cometida por policiais ou por um grupo de extermínio, em 14 de maio deste ano, durante a primeira onda de violência atribuída à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) contra as forças de segurança do Estado.

Poucos dias antes de ser assassinado na rua Jorge Moraes, no Parque Bristol (zona sul de São Paulo), pelos ocupantes de um Corsa de cor escura, o estudante Fernando Elza, 22, havia sido intimado pela polícia para prestar depoimento sobre o que presenciara em 14 de maio. Naquela noite, seus três amigos Fabrício de Lima Andrade, 18, Edivaldo Soares Andrade, 24, e Israel Alves de Souza, 25, foram mortos por dois homens que estavam num Vectra escuro e usavam jaquetas.

Nos 203 dias decorridos entre a chacina e a data de seu assassinato, Fernando, segundo amigos e representantes de entidades de defesa dos direitos humanos que apuram as circunstâncias do primeiro crime, viveu em pânico e sempre evitou falar sobre a identidade dos atiradores --que, além de matar seus amigos, o atingiram com um tiro no pé.

Uma das únicas informações precisas dadas por Fernando sobre o que realmente ocorreu naquela noite de maio é que, quando era socorrido no hospital Focus, policiais militares foram ao leito onde ele estava e o levaram. O rapaz estava ensangüentado e chorava muito.

Fernando, segundo seu relato a amigos, passou algumas horas no carro da PM, rodando por ruas da zona sul de São Paulo, antes de ser apresentado ao delegado do 83º DP (Parque Bristol), que registrava o boletim de ocorrência sobre a chacina que vitimou seus amigos.

Uma investigação da Ouvidoria das Polícias aponta que as mortes dos amigos de Fernando fazem parte dos 23 casos de ocorrências supostamente atribuídas a grupo de extermínio, todas elas ocorridas entre 14 e 17 de maio, com um total de 52 vítimas. Na maior parte das ações, os criminosos usavam toucas do tipo "ninja".

Ao receber da Folha a notícia do assassinato de Fernando, o ouvidor interino das polícias, Júlio César Neves, afirmou que era "um caso especial". "É um caso notório de uma queima de arquivo, os indícios são fortíssimos", disse. "A morte dessa testemunha é uma afronta às instituições de Direito."

Neves também comunicou o assassinato ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, e ao comandante da Corregedoria da Polícia Militar, coronel José Paulo Menegucci, e pediu providências para a investigação do caso.

A chacina contra os três amigos de Fernando também é investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil.

Outro lado

O Comando Geral da Polícia Militar foi procurado na última quinta-feira e anteontem, mas não havia se pronunciado sobre o assassinato de Fernando.

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