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30/12/2006 - 10h20

Anac agora minimiza culpa do overbooking

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MAELI PRADO
da Folha de S.Paulo

Após criticar severamente o overbooking, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) disse, em relatório realizado com base em uma auditoria feita nas companhias, que a prática não causou a crise aérea no Natal. O resultado da auditoria, feita para detectar as razões do problema, nem cita os fretamentos, recém-proibidos pelo governo.

Segundo o documento, obtido pela reportagem, o problema se originou com os seis aviões da companhia que ficaram no chão para manutenção não-programada no último dia 20. Isso teria gerado "impactos em cadeia" na malha da empresa. O problema, diz o relatório, é que a TAM não tinha uma previsão de contingência para uma situação como essa.

"Os reflexos desse problema [aviões parados para manutenção] desencadearam o "efeito dominó", uma vez que cancelamentos e fusionamentos de vários vôos resultaram na quebra da malha planejada da concessionária, que hoje detém 50% do mercado. Isso causou sobrecarga no processo de readequação da malha, que resultou em repetidos cancelamentos."

A conclusão é que, como a TAM não tinha plano B, e como a Gol trabalha com alta utilização de seus aviões, os passageiros não puderam ser acomodados, e o impacto foi proporcional à dimensão da companhia.

"Com relação à prática de overbooking, a FTA [força-tarefa instituída para a auditoria] não identificou nos sistemas de vendas e reservas das concessionárias mencionadas níveis capazes de comprometer a fluidez das respectivas operações."

Auditoria

Apesar de a auditoria ter sido realizada também na Varig, Gol, BRA e Ocean Air, o relatório olha mais a situação da TAM (e nenhum problema é apontado nessas outras companhias). Segundo a Folha apurou, os técnicos da Anac passaram somente uma hora em algumas das outras companhias e nem teriam ido a outras. O relatório aponta que, dos 4.842 vôos da TAM na semana de 18 a 25 deste mês (pico do Natal), apenas 2,6% apresentaram overbooking, que variou entre 1% e 7%, média de 4%, percentual considerado baixo.

Para explicar a crise deste mês, o texto lembra problemas como o encolhimento da Varig neste ano, a impossibilidade de distribuir os horários e espaços desta última nos aeroportos por uma briga na Justiça e o acidente com o avião da Gol, que precipitou a operação-padrão dos controladores de vôo. "Essa crise não teve origem em uma causa isolada, mas sim em vários fatores que contribuíram para o resultado caótico, nunca antes ocorrido na história da aviação civil", diz trecho do texto, citando também que a taxa de ocupação dos aviões foi de 70%, para uma média histórica de 62%.

Crescimento

A TAM possuía 30% do mercado em março. Atualmente detém 50% de participação nos vôos domésticos. A avaliação de alguns especialistas é que ninguém cresce tanto em pouco tempo sem ter problema operacional.

O relatório da Anac, órgão regulador da aviação civil, foi recebido com muita reserva no setor. Em primeiro lugar, a avaliação, extra-oficialmente, é que seis aviões parados não causariam um problema na dimensão do ocorrido com a TAM. "Na prática são quatro aviões, já que a manutenção de dois deles estava programada, ou seja, a companhia já trabalhava com essa possibilidade", afirma um executivo do setor. A avaliação é que o relatório acabou sendo até favorável à companhia. TAM e Gol, de acordo com uma fonte, teriam recebido o relatório "com um sorriso de orelha a orelha". Anteontem, a Anac havia anunciado que só divulgaria o resultado da auditoria na semana que vem. Segundo o relatório, entre as medidas preventivas adotadas pela TAM para evitar problemas no Réveillon estariam a prorrogação da manutenção de alguns aviões para depois de 2 de janeiro e a suspensão das vendas de vôos nos dias 29 e 30 de dezembro.

Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília

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