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15/01/2007 - 17h49

Bombeiros confirmam segunda morte em desabamento na obra do metrô

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da Folha Online

As equipes de resgate localizaram na tarde desta segunda-feira o corpo da segunda vítima do desabamento ocorrido na última sexta (12) nas obras da estação Pinheiros do metrô de São Paulo. Segundo o Corpo de Bombeiros, ela é ocupante do microônibus soterrado. As equipes mantêm os trabalhos para resgatar o veículo.

O microônibus foi localizado visualmente no domingo (14), mas um deslizamento de terra impediu que as equipes chegassem até ele. Nesta segunda, os bombeiros novamente conseguiram chegar perto do veículo e puderam observar o corpo dentro dele.

No microônibus estavam o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, e o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22. Seriam passageiros o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, e o office-boy Cícero Augustino da Silva, 60. Não há confirmação sobre a identidade da pessoa localizada morta.
Victor R. Caivano/AP
Equipes trabalham em área de desabamento em busca de vítimas soterradas
Equipes trabalham em área de desabamento em busca de vítimas soterradas


A vítima está na parte traseira do veículo. O coronel João dos Santos, do Corpo de Bombeiros, afirmou que o corpo está em avançado estado de decomposição.

Outros desaparecidos são a bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37, que pretendia pegar o trem na volta para casa, e o motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, 48, que trabalhava na obra há um ano e meio.

Na madrugada desta segunda, foi resgatado o corpo da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, que passava pelo local das obras no momento do desabamento.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que "não há indícios de sobreviventes" sob os escombros.

Resgate

O coronel Santos afirmou que as equipes de resgate mudaram a estratégia para resgatar o microônibus, por determinação de técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O instituto foi acionado pelo governo estadual para elaborar um laudo com as causas do acidente.

De acordo com o coronel, os geólogos perceberam fissuras na parte superior da cratera deixada pelo desabamento e determinaram a interrupção dos trabalhos. As equipes removiam o entulho para chegar até o veículo.

Agora, as equipes deverão retirar a lama e tentar retirar o microônibus pela parte inferior, por meio de um túnel da obra. Ainda não há previsão para a conclusão dos trabalhos.

Investigação

A cratera deixada pelo desabamento atingiu cerca de 80 metros de diâmetro, engoliu veículos, causou a interdição de ruas próximas e isolou imóveis na região.
Danilo Verpa/Folha Imagem
Bombeiros resgatam corpo de vítima de desabamento na obra da linha 4 do metrô
Bombeiros resgatam corpo de vítima de desabamento na obra da linha 4 do metrô


O deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) deve começar a buscar a partir do próximo dia 22 assinaturas para pedir a abertura de uma CPI focada nas obras do metrô paulista. De acordo com a assessoria do deputado, a comissão deve questionar o nível de segurança e os métodos de construção da linha do metrô, que já havia sido objeto de denúncia do Sindicato dos Metroviários. Na sexta-feira, horas depois do acidente, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar as responsabilidades sobre o acidente.

A Polícia Civil também investiga o caso. O secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, disse que o inquérito apura, além das causas do acidente, as responsabilidades pelas mortes.

Trânsito

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) liberou por volta das 17h a pista expressa da marginal Pinheiros. A via estava fechada devido ao acidente nas obras. Ainda não há previsão para a liberação da pista local da marginal.

Na sexta-feira, a via foi fechada e liberada várias vezes até ser interditada em definitivo no início da noite. No sábado, o prefeito chegou a avaliar a possibilidade de retomar o rodízio na cidade, caso a marginal permanecesse interditada por mais tempo. No domingo, porém, ele afirmou que a operação --suspensa devido às férias escolares-- será retomada no dia 29 de janeiro, conforme previsto antes do acidente.

Imóveis

Equipes da Defesa Civil começam nesta segunda-feira a avaliar os imóveis interditados na última sexta-feira devido ao desabamento nas obras da linha 4-Amarela do metrô. No total, 55 foram interditados --três residências já foram condenadas, na rua Capri.

Cinco casas já foram liberadas para ocupação. Alguns imóveis comerciais também foram liberados.

Moradores das três casas que já tiveram a demolição anunciada puderam retirar objetos pessoais, no fim de semana. A costureira Maria do Carmo Moreira, 72, teve pouco tempo para escolher o que guardar de mais importante dos 28 anos em que morou na casa número 187.

"Disseram que eu só podia pegar o essencial porque não havia tempo. Peguei só alguns documentos, roupas e alguns cristais. Sentirei falta das revistas antigas e das receitas que eu deixei para trás", disse.

O Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras, afirma que os moradores serão ressarcidos.

Desabamento

O canteiro de obras que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desabou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado.

No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Nesta segunda-feira, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), culpou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente.

"Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.

Ele, no entanto, evitou apontar culpados. "Do ponto de vista da engenharia o que eu posso dizer, sem culpar o consórcio, sem culpar ninguém, é que houve alguma falha. Quem falhou e como falhou só a investigação irá dizer", afirmou o vice-governador.

Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO e EPAMINONDAS NETO, da Folha Online

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