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16/02/2007 - 02h33

Idoso erra ao usar remédios, diz pesquisa

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Um estudo da Santa Casa de São Paulo mostra que 41% dos idosos tomam remédios inadequados ou em doses excessivas para a faixa etária. Em razão disso, sofrem efeitos colaterais como perda de memória, sonolência, pressão baixa, quedas, distúrbios psiquiátricos, tremores intensos, entre outros.

O trabalho foi feito pelo setor de geriatria do hospital e envolveu cem idosos, com idade média de 77 anos. O objetivo do estudo era verificar os remédios que eles estavam usando no dia da primeira consulta.

Segundo Milton Gorzoni, chefe da gerontologia da Santa Casa e coordenador da pesquisa, 40% dos idosos pesquisados usavam diariamente cinco ou mais remédios. Entre as drogas não-recomendadas, estavam algumas de uso freqüente, como calmantes, antiinflamatórios, remédios para pressão alta e relaxantes musculares.

Embora muitos dos idosos estivessem tomando os remédios com prescrição médica, Gorzoni afirma que havia alternativas mais seguras para tratar as doenças. Ou seja, faltariam informações aos médicos de outras especialidades sobre como medicar os idosos.

"Às vezes, é uma questão de gastar um pouco mais de tempo na consulta perguntando quais remédios o idoso está usando."

Gorzoni diz que o hábito de se consultar com médicos de diferentes especialidades acaba gerando outro problema comum aos idosos: uma superposição de drogas com princípios ativos e efeitos semelhantes.

Ele cita um exemplo clássico: idosos que consomem, ao mesmo tempo, vitamina B12, aspirina e ginko biloba. "Como eles têm o metabolismo mais lento, o fígado e os rins levam mais tempo para processar e eliminar os remédios, favorecendo o surgimento de efeitos colaterais como sangramento, hematomas e dor nas articulações."

Segundo Gorzoni, o paciente idoso costuma entrar na chamada "cascata medicamentosa". "Ele passa a tomar cada vez mais remédios para combater os efeitos colaterais causados pelos próprios medicamentos."

O caso da aposentada Eunice Girardi Tafner, 75, é um exemplo. Ela procurou o geriatra queixando-se de mal-estar, dores de cabeça, enjôos e confusão mental. Bastou uma conversa para o mistério ser desvendado: excesso de remédios.

"Estava tomando perto de 30 medicamentos, todos receitados por clínicos gerais, cardiologista, reumatologista, gastroenterologista, dermatologista e nem sei mais quem. O geriatra reduziu para cinco os remédios que eu deveria tomar. Agora, estou ótima", diz ela.

De acordo com Gorzoni, mesmo fitoterápicos, como ginko biloba ou ginseng, que os idosos usam e não costumam relatar ao médico, têm que ser consumidos com cautela porque podem interferir na função de outros remédios.

Confira a lista completa de medicamentos não-recomendados para idosos, independentemente do diagnóstico ou da condição clínica, devido ao alto risco de efeitos colaterais e por haver outras opções de remédios mais seguros:

Benzodiazepínicos 
 Lorazepam > 3,0 mg/dia
 Alprazolam > 2,0 mg/dia
 Clordiazepóxido
 Diazepam
 Clorazepato
 Flurazepam
Amitriptilina
Fluoxetina (diariamente)
Barbitúricos (exceto fenobarbital)
Tioridazina
Meperidina
Anoréxicos
Anfetaminas
Anti-histamínicos 
 Clorfeniramina
 Difenidramina
 Hidroxizina
 Ciproeptadina
 Tripelenamina
 Dexclorfeniramina
 Prometazina
Clorpropamida
Estrogênios não-associados (via oral)
Extrato de Tireóide
Metiltestosterona
Nitrofurantoina
Sulfato ferroso
Cimetidina
Amiodarona
Digoxina > 0,125 mg/dia (exceto em arritmias atriais)
Disopiramida
Metildopa
Clonidina
Nifedipina
Doxazosina
Dipiridamol
Ticlopidina
Antiinflamatórios não-hormonais 
 Indometacina
 Naproxeno
 Piroxicam
Miorrelaxantes e antiespasmódicos 
 Carisoprodol
 Clorzoxazona
 Ciclobenzaprina
 Orfenadrina
 Oxibutinina
 Hiosciamina
 Propantelina
 Alcalóides da beladona
Cetorolaco
Ergot e ciclandelata
Laxantes 
 Bisacodil
 Cascará sagrada
 Óleo mineral


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