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11/03/2007 - 10h38

Jovens trocam tráfico por roubo no Rio de Janeiro

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SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Encarregada da punição aos jovens infratores, a 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio registra a partir do segundo semestre de 2006 uma queda nos registros de tráfico de drogas e o aumento dos casos de roubos e furtos praticados por meninos e meninas com menos de 18 anos de idade.

A novidade está sendo interpretada no Juizado de Menores como um reflexo da ação das milícias nas favelas da região metropolitana, especialmente nas zonas norte e oeste da capital fluminense.

Como as milícias não admitem a venda de drogas --os traficantes são expulsos ou morrem--, crianças e adolescentes empregados pelas quadrilhas até a chegada dos grupos paramilitares estariam indo para as ruas em busca de dinheiro.

"Com a invasão das milícias nos morros, passou a haver um envolvimento menor do adolescente com o tráfico", disse a promotora Ana Lúcia Sauerbronn Gonçalves, uma das representantes do Ministério Público do Estado na 2ª Vara.

Segundo ela, a principal conseqüência da atuação das milícias em relação aos jovens foi a de que eles optaram por continuar na criminalidade, mas em atividades diversas, especialmente assaltos e furtos.

"Posso dizer que, pelo menos de acordo com o que vemos aqui, houve uma inibição do tráfico cometido por menores de 18 anos. Em conseqüência, os adolescentes passaram a roubar", afirmou ela.

A estatística dos flagrantes a menores de 18 anos infratores computados pelo Ministério Público na Vara da Infância a partir do segundo semestre de 2006 ainda está sob análise. O furto e o roubo predominam.

Para o juiz de menores Guaracy Vianna, titular da 2ª Vara da Infância, há uma migração dos jovens infratores do tráfico de drogas para outros tipo de manifestações criminosas.

"Normalmente, eles atuavam no tráfico. Os mais jovens, como fogueteiros, olheiros, sinalizadores. Isso mudou. Notei essa tendência já no final do ano passado. Muitos saíram do tráfico para atuar em crimes contra o patrimônio", afirmou o juiz, que preside a Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude.

Alguns dos mais bárbaros crimes registrados no Rio nos últimos tempos tiveram a participação de adolescentes. Entre eles, a morte de João Hélio Vieites. O menino, que tinha 6 anos, foi arrastado do lado de fora de um carro por 7 km, na zona norte. Dentro do carro, havia um adolescente de 16 anos --ele agora nega.

A 2ª Vara da Infância contabiliza, por mês, cerca de 500 novos registros de menores de idade detidos por envolvimento em ações criminosas.

O juiz revela que a faixa etária entre 12 e 14 anos costuma representar, em média, de 20% a 25% desse total.

Um caso recente envolveu um menino de 12 anos, de 1,45 m de altura. Há duas semanas, em São Cristóvão (zona norte), um comerciante chinês foi baleado durante um assalto, mas sobreviveu. Dois dos três envolvidos no crime foram presos logo depois pela Polícia Militar. O mais velho tinha 14 anos. O mais novo, 12.

Ambos foram reconhecidos pela vítima. Estão internados no Instituto Padre Severino (Ilha do Governador, zona norte), para jovens infratores que tenham cometido crimes considerados mais graves. Aos envolvidos em ações de menor gravidade o juizado pode aplicar medidas de semiliberdade, liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade ou simples advertência.

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