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18/03/2007
-
12h22
DIEGO ZANCHETTA
Enviado especial do Agora a Rio das Pedras
Um grupo de guardas municipais e vigias noturnos de Rio das Pedras (181 km de SP) é acusado por uma série de assassinatos de jovens da cidade, todos com antecedentes criminais. Quatro suspeitos --dois guardas, um policial e um vigia-- foram reconhecidos por testemunhas e já estão presos.
As sete vítimas, diz a polícia, tinham o mesmo perfil: eram viciadas em drogas e conhecidas entre parte da população, inferior a 26 mil habitantes, como os "bandidinhos" --aqueles que faziam pequenos furtos e estavam "sempre envolvidos em confusão".
Exceto o primeiro morto, um pedreiro de 39 anos em liberdade condicional, os outros seis assassinados pertenciam a um mesmo grupo de amigos e tinham idades entre 16 e 24 anos. Diferentemente das recentes chacinas ocorridas na capital e que também levantaram suspeitas da ação de grupos de extermínio, as execuções em Rio das Pedras deixavam apenas uma vítima fatal e ocorreram com espaços de até cinco meses.
Entre agosto de 2005 e janeiro de 2007 foram sete mortes com características de execução --tiros no rosto e degolamento-- e duas emboscadas em que a mesma vítima, hoje sob proteção da Justiça na condição de principal testemunha dos crimes, acabou ferida com gravidade.
Preso há três semanas, o guarda-civil Claudemir Bonato, 29 anos, na corporação desde abril de 2002, é suspeito de ser o mentor dos crimes. Na Delegacia de Investigações Gerais de Piracicaba (162 km de SP), ele foi reconhecido por duas testemunhas como o autor dos disparos que mataram, em 11 de janeiro deste ano, o jardineiro Luís Henrique de Aguiar Mariano, 19, vizinho do guarda. Também estão presos acusados de participação na série de mortes o policial militar Joaci Souza de Cerqueira, 28, que era guarda municipal até o mês passado, o guarda Dirceu Ribeiro, 40, e o vigia noturno Ozeas Rezende de França, 21.
A polícia considera que o guarda Bonato seja o líder do grupo de extermínio. Bonato foi detido em sua residência, no dia 27 de fevereiro, com 502 gramas de maconha, seis telefones celulares e um veículo Golf ano 2000.
"Ele também tinha no bolso da calça uma carta em que uma mulher o chamava de assassino", afirmou ao Agora o delegado-titular da DIG, Edelcio Vieira, que assumiu o caso no dia 12 de janeiro. Por determinação do diretor do Departamento de Polícia Judiciária (Deinter) 9, Kléber Torquato, o delegado-titular de Rio das Pedras, Gabriel Fagundes de Toledo, deixou as investigações. Nenhum suspeito havia sido preso desde 2005.
O promotor Marcos de Matos, do Ministério Público Estadual, também passou a acompanhar as investigações.
"Todos os crimes têm características de execução e há indícios de que os autores são guardas que formaram um grupo de extermínio em Rio das Pedras", declarou o delegado. "Pelos relatos, o Bonato [guarda detido] era um terror na cidade. Os jovens tinham de baixar a cabeça para ele passar", acrescentou.
Truculência
Para a polícia, foi Bonato quem planejou as mortes --ele era conhecido pela truculência no trato com as pessoas e impedia os adolescentes até de andar de skate.
O guarda foi mantido na função mesmo com uma acusação anterior: no dia 15 de fevereiro de 2006 foi detido pela PM com duas armas clandestinas, uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12.
Em depoimento, Bonato negou ser o autor dos crimes, assim como o vigia noturno preso. O guarda afirmou ser um usuário de drogas e está detido no CDP de Piracicaba. O comandante da Guarda Municipal de Rio das Pedras, José Rubens Santana Marques, não acredita que outros guardas estejam envolvidos.
Familiares de duas vítimas, no entanto, relataram à reportagem terem recebido ameaças de outros guardas após a prisão de Bonato.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre grupos de extermínio
Guardas são presos acusados de integrar grupo de extermínio
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Enviado especial do Agora a Rio das Pedras
Um grupo de guardas municipais e vigias noturnos de Rio das Pedras (181 km de SP) é acusado por uma série de assassinatos de jovens da cidade, todos com antecedentes criminais. Quatro suspeitos --dois guardas, um policial e um vigia-- foram reconhecidos por testemunhas e já estão presos.
As sete vítimas, diz a polícia, tinham o mesmo perfil: eram viciadas em drogas e conhecidas entre parte da população, inferior a 26 mil habitantes, como os "bandidinhos" --aqueles que faziam pequenos furtos e estavam "sempre envolvidos em confusão".
Exceto o primeiro morto, um pedreiro de 39 anos em liberdade condicional, os outros seis assassinados pertenciam a um mesmo grupo de amigos e tinham idades entre 16 e 24 anos. Diferentemente das recentes chacinas ocorridas na capital e que também levantaram suspeitas da ação de grupos de extermínio, as execuções em Rio das Pedras deixavam apenas uma vítima fatal e ocorreram com espaços de até cinco meses.
Entre agosto de 2005 e janeiro de 2007 foram sete mortes com características de execução --tiros no rosto e degolamento-- e duas emboscadas em que a mesma vítima, hoje sob proteção da Justiça na condição de principal testemunha dos crimes, acabou ferida com gravidade.
Preso há três semanas, o guarda-civil Claudemir Bonato, 29 anos, na corporação desde abril de 2002, é suspeito de ser o mentor dos crimes. Na Delegacia de Investigações Gerais de Piracicaba (162 km de SP), ele foi reconhecido por duas testemunhas como o autor dos disparos que mataram, em 11 de janeiro deste ano, o jardineiro Luís Henrique de Aguiar Mariano, 19, vizinho do guarda. Também estão presos acusados de participação na série de mortes o policial militar Joaci Souza de Cerqueira, 28, que era guarda municipal até o mês passado, o guarda Dirceu Ribeiro, 40, e o vigia noturno Ozeas Rezende de França, 21.
A polícia considera que o guarda Bonato seja o líder do grupo de extermínio. Bonato foi detido em sua residência, no dia 27 de fevereiro, com 502 gramas de maconha, seis telefones celulares e um veículo Golf ano 2000.
"Ele também tinha no bolso da calça uma carta em que uma mulher o chamava de assassino", afirmou ao Agora o delegado-titular da DIG, Edelcio Vieira, que assumiu o caso no dia 12 de janeiro. Por determinação do diretor do Departamento de Polícia Judiciária (Deinter) 9, Kléber Torquato, o delegado-titular de Rio das Pedras, Gabriel Fagundes de Toledo, deixou as investigações. Nenhum suspeito havia sido preso desde 2005.
O promotor Marcos de Matos, do Ministério Público Estadual, também passou a acompanhar as investigações.
"Todos os crimes têm características de execução e há indícios de que os autores são guardas que formaram um grupo de extermínio em Rio das Pedras", declarou o delegado. "Pelos relatos, o Bonato [guarda detido] era um terror na cidade. Os jovens tinham de baixar a cabeça para ele passar", acrescentou.
Truculência
Para a polícia, foi Bonato quem planejou as mortes --ele era conhecido pela truculência no trato com as pessoas e impedia os adolescentes até de andar de skate.
O guarda foi mantido na função mesmo com uma acusação anterior: no dia 15 de fevereiro de 2006 foi detido pela PM com duas armas clandestinas, uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12.
Em depoimento, Bonato negou ser o autor dos crimes, assim como o vigia noturno preso. O guarda afirmou ser um usuário de drogas e está detido no CDP de Piracicaba. O comandante da Guarda Municipal de Rio das Pedras, José Rubens Santana Marques, não acredita que outros guardas estejam envolvidos.
Familiares de duas vítimas, no entanto, relataram à reportagem terem recebido ameaças de outros guardas após a prisão de Bonato.
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