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30/03/2007 - 23h15

Controladores de vôo suspendem atividades e levam caos a aeroportos

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A paralisação dos controladores de tráfego aéreo, iniciada na noite desta sexta-feira, causou novo caos nos aeroportos do país, especialmente nas áreas controladas pelo Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) --responsável pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país. Muitos profissionais decidiram pelo auto-aquartelamento e ameaçam greve de fome. Com decolagens interrompidas, passageiros encontram aeroportos lotados.

O protesto foi divulgado em um manifesto da categoria --sem assinaturas. Pelo documento, a principal reivindicação é o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem".
Marcelo Ximenez/Folha Imagem
Em meio ao novo apagão aéreo, passageiros aguardam no aeroporto de Congonhas
Em meio ao novo apagão aéreo, passageiros aguardam no aeroporto de Congonhas


A assessoria de imprensa da Infraero (estatal que administra os aeroportos) afirma que o novo apagão aéreo afetou os 67 terminais sob responsabilidade da empresa. O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, afirmou à Folha Online que as operações estão interrompidas nas áreas controladas pelo Cindacta-1 e nas possíveis ligações. Segundo ele, as áreas controladas por outros Cindactas não estão totalmente paralisadas, mas têm reflexos do motim.

As restrições afetam as decolagens e, conseqüentemente, conexões. Os pousos ocorrem normalmente.

Os controladores ouvidos pela reportagem afirmaram que só retornarão ao trabalho após conversarem com alguém do alto escalão do governo federal e que fale pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, eles querem agendar uma reunião com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Embora temam retaliações por parte do Comando da Aeronáutica, eles afirmaram que estão decididos a encontrar uma solução para a atual situação.

Leopoldo Silva/Folha Imagem
Cansados, passageiros aguardam retorno das operações no aeroporto de Brasília
Cansados, passageiros aguardam retorno das operações no aeroporto de Brasília
Controladores chegaram a dizer que 18 colegas haviam sido presos devido ao movimento, informação que foi negada pelo Comando da Aeronáutica. Antes, os amotinados afirmaram que manteriam o protesto, mesmo se ocorrerem detenções.

Para tentar encontrar uma solução, o presidente interino, José Alencar, marcou uma reunião no Palácio do Planalto. A FAB precisou montar um plano de emergência para que ele pudesse voar com segurança de Belo Horizonte, onde estava, para Brasília.

Transtornos

No aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), por exemplo, os passageiros reclamam da falta de informação sobre a situação dos vôos. As companhias aéreas apenas informaram que vários dos vôos foram cancelados e que outros estavam atrasados. O saguão está lotado. O mesmo ocorre em outros terminais, como Brasília.

O advogado Airon Cabral dos Santos, 40, tinha vôo marcado para as 22h15 de São Paulo para Recife pela TAM. A companhia aérea disse não ter informações sobre o vôo. "A TAM diz que não sabe de nada e pede para falarmos com a Infraero, que também não nos informa nada. Só ficamos sabendo pela imprensa", disse.

Já o representante comercial Waldir Pereira de Oliveira, 34, tinha vôo de São Paulo para Cuiabá (MT) marcado para as 23h50 desta sexta pela Gol. Por causa da greve dos controladores de vôo, decidiu adiar a viagem até o término da paralisação. "Como é que esses controladores de vôo vão trabalhar? Acredito que o nível de estresse pode comprometer as suas funções. Talvez aguarde mais alguns dias após a greve terminar", disse.

Manifesto

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou nesta sexta um manifesto em nome dos controladores de tráfego aéreo brasileiros. O documento não está assinado mas, nele, há ameaças de que a categoria promova um auto-aquartelamento e greves de fome para pressionar o governo a fazer melhorias no setor.

Eles também reivindicam a criação emergencial de uma gratificação para os controladores de tráfego aéreo; o início da desmilitarização; e a nomeação de uma comissão com representantes do Poder Executivo e dos controladores para "acompanhar as mudanças no tráfego aéreo nacional".

Em resposta ao manifesto, o ministro Waldir Pires (Defesa) sinalizou, antes do início da paralisação, que o governo prepara medidas para desmilitarizar o controle do tráfego aéreo brasileiro. Ao mesmo tempo, o ministro exigiu disciplina militar dos controladores.

"Espero que todos os controladores militares, enquanto sejam controladores militares, estejam atentos às suas responsabilidades", disse Pires, que considera as "aspirações" de que o controle aéreo seja civil "legítimas".

Crise

Desde o final do ano passado, passageiros enfrentam constantes atrasos e cancelamentos de vôos.

Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1, de Brasília, sofria com a falta de controladores, pois alguns tinham sido afastados pelas investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrida em setembro.

Depois, falhas em equipamentos passaram a contribuir para aumentar a espera nos aeroportos.

Desde o começo deste mês, o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), um dos maiores do país, pára sempre que chove forte, pois sua pista auxiliar está fechada para reformas e a principal tem graves problemas de escoamento. Em uma ocasião, um cão atrapalhou as operações ao invadir a pista do aeroporto. No dia seguinte, um novo apagão aéreo afetou outros aeroportos no país.

O último dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros, desde o começo deste mês. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.

Entre os últimos dias 25 e 28, foi a vez do aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), ter o funcionamento suspenso. Desta vez, a interrupção ocorreu devido ao não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações quando há baixa visibilidade (ILS). O problema revelou que o equipamento estava fora de operação desde 25 de fevereiro, quando foi atingido por um raio.

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